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Você também pode visitar a Pedra do Dragão, de Game of Thrones

Acha que só Jon Snow pode fazer um passeio pelas terras dos Targaryen? Ela já foi refúgio de bruxas – e tem acesso liberado no País Basco

Por Julia Latorre, de San Juan de Gaztelugatxe
Atualizado em 23 out 2020, 17h55 - Publicado em 30 jul 2017, 22h57

No final de outubro de 2016, fotos feitas a longa distância anteciparam que o esperado encontro de Daenerys Targaryen e Jon Snow aconteceria no sétimo ano de Game of Thrones, e que seria em um lugar rodeado por pedras, mar e uma escadaria. A locação de algumas das principais cenas da atual temporada foi revelada já no título do primeiro episódio: Dragonstone, ou Pedra do Dragão.

O castelo, erguido na ilha homônima, foi lar da Casa Targaryen por vários anos. Após a queda do Rei Louco, pai de Daenerys, o novo rei Robert Baratheon presentou a fortaleza ao seu irmão do meio, Stannis. Foi fundada, então, a Casa Baratheon de Pedra do Dragão, uma de três ramificações – as outras são a de Porto Real, capital dos Sete Reinos, e a de Ponta Tempestade, espaço original da família comandado pelo caçula, Renly. Quando Brienne de Tarth matou Stannis na quinta temporada, Pedra do Dragão ficou sem soberano.

Você também pode visitar a Pedra do Dragão, de Game of Thrones
Apesar de já conhecidas no enredo da série, essas até agora tinham sido terras pouco exploradas. No mapa de Westeros, a ilha fica a noroeste de Porto Real e só é acessível de barco. Acima, uma cena da segunda temporada, quando Pedra do Dragão era ocupada por Stannis Baratheon (Game of Thrones/Reprodução)

As cenas envolvendo a comitiva de Daenerys e, agora, Jon Snow foram gravadas na ilhota de San Juan de Gaztelugatxe, na província de Biscaia, no País Basco, famosa por sua escadaria com 241 degraus. Se na série o percurso com ares de Grande Muralha da China leva ao palácio, construído com técnicas valirianas e majestosos dragões lapidados, na vida real aqueles que resolvem encarar o trajeto sobre o Mar Cantábrico que conecta o continente a uma simples igrejinha encontram muitos turistas, cuja diversão é registrar a arquitetura da construção – agora mundialmente famosa – vizinha ao Atlântico, e tocar três vezes um sino ligado a uma corda bem simples para fazer um pedido (que se realizará e espantará os maus espíritos, reza a lenda).

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(Creative Commons/Reprodução)

Não há registros históricos que comprovem um passado com dragões em San Juan de Gaztelugaxtze – mas sim com magia. A história do local estima que as primeiras obras ao final da escadaria sejam do século 9. Desde então, a capelinha já foi reconstruída pelo menos duas vezes, de acordo com o Guia de Viagem do País Basco. Ela foi convento, forte, igreja e ponto de encontro às escondidas de bruxas para fugir da Inquisição espanhola. Existe até um boato de que as feiticeiras mortas pelas perseguições católicas foram enterradas em cavernas ali, entre as pedras.

A caça às bruxas tem um significado importante na história da Europa Medieval. Estima-se que entre os séculos 15 e 17 mais de 60 mil mulheres e crianças tenham sido condenadas à morte, muitas vezes na fogueira, sob suspeita de envolvimento com rituais satânicos proibidos pela Igreja. A Espanha é responsável por 8% deste total, segundo o periódico ABC Espanha. Nada mais adequado para gravar as cenas de Melisandre…

No século 21, quem ocupa as dependências são majoritariamente turistas e, mais recentemente, fãs de Game of Thrones.

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(Creative Commons/Reprodução)

Como chegar a Pedra do Dragão

A maior cidade perto da ilhota é Bilbau, que fica a 400 km de Madri e a 615 km de Barcelona. Foi lá que toda a equipe se hospedou durante as gravações. Da capital espanhola até Bilbau são R$ 115 de ônibus, 4h30 de viagem. Do centro de Bilbau, você pode pegar um ônibus da linha A3517 até o povoado de Bermeo – a cada meia hora há um novo, das 6h10 às 22h40, por R$ 9,25. Depois de uma curta caminhada, você chega ao topo da colina que fica em frente a San Juan. Só essa vista já alimenta o estoque de fotos para o Instagram. Mas é conforme você vai percorrendo os degraus, um a um, que os enquadramentos vão ficando ainda mais impactantes, com a combinação das escadas feitas de pedra, o mar, e um verde típico da norte da Espanha.

Na série, a vibração do local é um pouco mais sombria do que na vida real. Para chegar do outro lado, na capelinha, é preciso encarar 1 km de uma descida relativamente tranquila para qualquer pessoa que esteja com um tênis confortável. A partir daí, começa a contagem dos degraus que poderiam levar ao castelo dos dragões, fruto de um belo trabalho de computação gráfica.

Enfrentar as escadas de San Juan de Gaztelugatxe não assegura que o desejo se realizará ao tocar o sino (tampouco é a garantia de um acordo que pode salvar o mundo de uma invasão dos caminhantes brancos). Mas, se você tiver a chance de pisar em uma locação de Game of Thrones como essa, vai perceber que os efeitos especiais criam dragões e gigantes, mas os cenários mais impactantes da série existem de verdade – e não é preciso cavalarias, embarcações ou mágica para alcançá-los.

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(Creative Commons/Reprodução)

Não há taxas para conhecer San Juan de Gaztelugatxe. O lugar tem acesso sempre aberto, todos os dias da semana. Já a igrejinha fica aberta de terça a sábado, das 11h às 18h, e aos domingos entre 11h e 15h. Para se hospedar, Bilbau é a cidade com mais opções e infraestrutura. Os fãs endinheirados podem se acomodar no Hotel Carlton, o mesmo que hospedou o elenco e a equipe durante as gravações e reuniu multidões de fãs na fachada – e também essa jornalista que vos escreve.

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