Cíntia Cristina da Silva
O escritor, dramaturgo e filósofo francês Voltaire (1694-1778) foi um dos maiores pensadores de seu tempo e um dos mais prolíficos também. Ele acreditava no trabalho, ainda que seu ofício – vez ou outra – o mandasse para a Bastilha. Essa edição do Dicionário Filosófico é uma pequena, porém valiosa, mostra do conhecimento do autor mais inspirado e temido do Ancien Régime. Voltaire escreve fácil, usa a ironia e o bom-humor com uma classe invejável. Resultado: os verbetes produzidos há três séculos continuam saborosos.
Nesse pequeno compêndio dos vícios e virtudes do homem e do mundo, o autor não raro se vale de descrições certeiras e anedotas espirituosas para ilustrar alguns dos temas abordados. Um bom exemplo pode ser encontrado no verbete “Amor-próprio”.
“Um mendigo esmolava nas ruas de Madri quando um transeunte lhe perguntou: ‘O senhor não tem vergonha de se dedicar a mister tão infame, quando podia estar trabalhando?’ ‘Senhor, respondeu o mendigo, estou lhe pedindo dinheiro e não conselhos’.”
Essa é uma das obras mais acessíveis do filósofo Voltaire. O gênio iluminista, autor de mais de uma centena de volumes, bem merece o elogio de Will Durant em A História da Filosofia: “A Itália teve uma Renascença, a Alemanha uma Reforma, mas a França teve Voltaire”.