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As armadilhas ocultas no supermercado

Não faltam produtos querendo enganar você – na maior parte das vezes com permissão da lei. Conheça alguns deles e tente não ser passado para trás quando for às compras

Texto: Leonardo Pujol e Emanuel Neves, com reportagem de Fernanda La Cruz e edição de Tiago Jokura. Design: Juliana Caro

Armadilhas

Quem gosta de água de coco não precisa ir à praia. Afinal, existem diversos produtos industrializados, vendidos em caixinhas, que garantem oferecer o mesmo líquido do fruto. Mas não é bem assim. Em setembro de 2017, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) descobriu que duas marcas continham aditivos como sacarose e o antioxidante metabissulfito de sódio. Diante disso, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) exigiu que as empresas retirassem o “100% água de coco” das embalagens.

Não é um caso isolado. No Brasil, o risco de ser ludibriado quando se vai às compras é grande. E as enganações nem sempre estão escondidas. “É importante atentar para a ordem dos ingredientes no rótulo. O primeiro está sempre em maior quantidade”, explica Laís Amaral, nutricionista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Ler essa lista é descobrir que alguns produtos não são feitos exatamente daquilo que anunciam ser. Esse tipo de artimanha – e outras, como destacar diferenciais irrelevantes – é, muitas vezes, resultado de (in)determinações de órgãos reguladores sobre as características que um produto deve apresentar para ser comercializável.

A seguir, apontamos 20 mentiras ou meias verdades que você encontra à venda por aí. Tem molho de soja feito de milho, hambúrguer de picanha sem picanha, azeite de oliva com quase nada de oliva, doces com alto teor de sódio – até a pipoca de cinema tem pegadinha. A lista de compras é longa…

Sucos de fruta

A confusão começa em como o supermercado organiza as bebidas à base de fruta, classificando tudo como suco. Pela legislação, um produto só pode ser apresentado como suco se for feito com 100% de fruta, sem adição de água ou de conservantes. São os sucos integrais. O açúcar até é permitido, com a nomenclatura alterada para “suco adoçado”.

Nessas prateleiras, a maioria das bebidas é rotulada como “néctar”: uma mistura de fruta com água, açúcar e aditivos. Quando você abre uma caixinha de néctar em casa, consome, no máximo, 50% de fruta. E a lei permite percentuais ainda menores para frutas ácidas. O néctar de maracujá, por exemplo, precisa trazer apenas 10% da fruta.

A opção mais rala são os refrescos. Ali dentro só tem 10% de suco, em média. O restante é praticamente água e açúcar. Isso nas versões líquidas. Os refrescos em pó são qualquer coisa, menos suco: uma alquimia de corantes, sódio, açúcar e aditivos com, no máximo, 2% da fruta. Por lei, o pó de guaraná só precisa ter 0,02% da matéria-prima.

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Águas “leves” não são mais saudáveis

Modelos magros e slogans pregando uma vida fit e detox são os principais argumentos para promover as chamadas “águas leves”. Na prática, isso é apenas uma artimanha de venda. “O mercado das águas industrializadas está sujeito a estratégias de marketing e aceita quase tudo por falta de regulação”, afirma Dieter Wartchow, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

A definição “leve”, na verdade, indica a redução dos níveis de minerais como sódio e potássio. Quando essas substâncias são ingeridas em grande quantidade, de fato, podem ser prejudiciais. Mas as águas minerais convencionais não contêm minerais em excesso e, portanto, não são nocivas à saúde.

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Sódio camuflado

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Em geral, o processamento dos alimentos industrializados reduz o valor nutricional dos ingredientes e insere aditivos químicos e gorduras na composição, além de muito sal e açúcar.

É praticamente impossível fugir do sal, mesmo que você compre um doce. As misturas para bolo, por exemplo, têm 473 mg de sódio a cada 100 g, em média, segundo uma análise da Anvisa. A quantidade é praticamente a mesma dos biscoitos de polvilho doce (477 mg) e das bolachas de maizena (455 mg), e superior à do queijo minas frescal (400 mg) e da batata palha (200 mg).

Livrar-se do açúcar também não é fácil. Ele está em produtos como molho de tomate, catchup, mostarda, conservas, sardinha em lata, sopa de legumes e até salsichas. Há duas justificativas principais para a indústria alimentícia pulverizar sal e açúcar a rodo nos produtos. A primeira é aumentar o tempo de validade na prateleira, pois os dois ingredientes ajudam a conservar os alimentos.

O outro motivo? Enganar o paladar. O açúcar quebra a acidez e o amargor de alguns alimentos, enquanto o sal realça sabores – inclusive os doces. “A adição de açúcar e sódio nos alimentos ultraprocessados é usada para melhorar a palatabilidade daquilo que tem muito pouco ou nada de comida de verdade”, sintetiza Laís Amaral, do Idec.

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Tem muito mel adulterado na praça

Em 2017, comerciantes levaram amostras de mel para serem analisadas pela Associação Paranaense dos Apicultores (APA). “Os técnicos notaram que os produtos eram batizados com açúcar refinado”, conta Gilberto Oiti, presidente da APA.

Entre as substâncias acrescentadas ao mel para gerar volume, as mais comuns são xaropes, amido de milho, melaço de cana, glicose, água e açúcar. No Mato Grosso do Sul, até desinfetante já entrou no mix – para dar cheiro de eucalipto.

“O consumidor precisa verificar no rótulo se o mel é ‘sifado’”, aconselha Oiti. Ou seja, se tem o selo obrigatório do Serviço de Inspeção Federal (SIF).

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Iogurte x bebida láctea

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Eles dividem o mesmo espaço na gôndola, mas são produtos bem diferentes. O primeiro é mais caro, mais consistente e rico em nutrientes como cálcio e proteínas. Já o segundo tem uma série de aditivos, e pode conter maiores níveis de açúcar – é o caso daquele litrão de “iogurte” com sabor de alguma fruta que você tem na geladeira.

Para evitar confusão, preste atenção à lista de ingredientes. O iogurte é fermentado por apenas dois tipos de bactérias S. thermophilus e L. bulgaricus, tem um teor mínimo de proteínas (2,9 g/100 g) e pelo menos 70% de leite ou outros ingredientes lácteos.

As bebidas lácteas só precisam ter 51% de leite – o resto é soro de leite, fermentos e outros ingredientes, como amido e, menos mal, polpa de frutas. O Ministério da Agricultura até exige que o rótulo estampe o termo “bebida láctea”. De fato, ele está lá, mas quem repara?

Nem todo requeijão é o que parece

Os copos de requeijão se transformaram nas últimas décadas. Primeiro, vieram as “especialidades lácteas”. Criadas para baratear custos, elas tinham rótulos idênticos aos de requeijão, mas não eram. As tais especialidades substituíram parte da coalhada de leite por gordura vegetal e amido – por lei, o requeijão não pode ter ingredientes não lácteos.

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Em 2005, o Ministério da Agricultura trocou o termo “especialidade láctea” por “requeijão com gordura vegetal” ou “com amido”. Assim, as especialidades se infiltraram na família dos requeijões, mesmo sendo um primo (muito) pobre deles.

Em julho de 2018, o Ministério criou as “Misturas de requeijão com gordura vegetal e/ou amido”. Elas precisam ter 50% de matéria-prima láctea e os fabricantes têm que adaptar as embalagens até janeiro de 2019.

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Alimentos integrais

O que um produto precisa conter para estampar “integral” no rótulo? Para 85,5% dos participantes de uma pesquisa do Idec, no mínimo 50% de cereais integrais na composição. Desde 2005, porém, não existem regras para esses produtos no Brasil. Se contiver 1% de grãos não refinados, o alimento pode ser classificado como integral.

Para (tentar) não ser enganado, o consumidor não tem muito o que fazer, exceto ler o rótulo. Como os ingredientes estão obrigatoriamente dispostos em ordem de proporção, sempre do maior para o menor em quantidade, espera-se que os itens integrais tenham farinha ou cereal integral como primeiro item da lista. Só que o próprio Idec apontou, em um estudo de 2016, que apenas três de 14 marcas de biscoitos integrais vendidas no Brasil tinham insumos integrais como principal ingrediente.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) debate há mais de um ano a criação de uma nova resolução que delimite padrões mínimos de ingredientes integrais para certos alimentos – a exemplo de países como Alemanha e EUA (entenda abaixo).

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Batata em tubo

Nos anos 1960, a batata Pringles foi criada nos EUA. O objetivo era fazer chips de batata menos quebradiços e oleosos que os tradicionais. Por isso, a fórmula leva uma massa prensada, feita com farinha de milho, amido de trigo, farinha de arroz e aditivos químicos. De batata mesmo, só 42% da composição. Na década seguinte, os concorrentes alegaram que a Pringles não era, de fato, uma batata. A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador do mercado americano, definiu que os chips deveriam ser feitos só de batata. O que a Pringles fez? Passou a se apresentar como crisps.

A marca também adotou uma tática no Reino Unido, onde os salgadinhos de batata pagam menos impostos. Lá, a Pringles era classificada como petisco. Em 2006, o fisco britânico contestou a isenção – e a fabricante usou a falta de batata para se defender nos tribunais. A Justiça entendeu que a Pringles era um tipo de biscoito. Dois anos depois, a receita britânica recorreu e venceu: o produto passou a ser considerado como batata frita e a pagar impostos – incluindo os retroativos.

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Manteiga de cinema não é manteiga

O mundo de faz de conta da indústria cinematográfica não se restringe ao que acontece nas telonas. A ilusão começa antes de você entrar nas salas de projeção. Sabe a cobertura de manteiga na pipoca Então, não é manteiga.

O líquido amarelado e gorduroso é uma mistura de óleo vegetal, aroma artificial de manteiga, sal e corante alaranjado. O produto, conhecido como Flavacol, é vendido em galões, e facilmente encontrado na internet.

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Shoyu de milho

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O molho de soja brasileiro leva pouquíssima soja na composição. Um levantamento da USP com 70 amostras de shoyu – 58 de fabricação nacional – concluiu que o principal ingrediente por aqui é o milho. Em geral, havia menos de 20% de soja na composição.

No Japão, onde o produto é milenar, a soja também é combinada com outros cereais – o trigo, em especial. Lá, porém, o mix de grãos serve para criar variedades específicas de shoyu. Aqui, a substituição dos ingredientes se deve pelo valor das matérias-primas. E faz sentido: em julho de 2018, a saca de 60 kg de soja era vendida por um preço médio de R$ 80. Já a de milho custava R$ 30, em média.

A troca dos grãos não chega a ser ilegal, pois a regulamentação brasileira não determina quantidades mínimas de soja para o produto. Ou seja, dá para fazer shoyu de milho à vontade.

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Kani kama não tem “kani”

Em japonês, kani significa caranguejo. Logo, muita gente acha que o kani kama é feito com a carne do crustáceo. O detalhe é que a composição do petisco não leva nadinha do fruto do mar.

O bastãozinho servido nos restaurantes de comida oriental é produzido à base de surimi – uma carne processada que mistura diferentes tipos de peixe, amido e aromatizantes.

O tom avermelhado é efeito de corante. Por isso, o kani kama, encontrado em média por R$ 30, costuma custar metade do preço da carne de caranguejo.

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Chocolates

A Anvisa estipula um mínimo de 25% de cacau para o chocolate. Já o chocolate branco deve conter 20% de manteiga de cacau. Ou seja, em geral, você compra uma massa cujos ingredientes mais abundantes são açúcar, gordura vegetal e leite.

Em tese, os melhores chocolates trazem os derivados do cacau – descritos como massa, pasta, líquor ou sólidos de cacau – logo no início da lista de ingredientes no rótulo. Por isso, fique ligado: em algumas marcas, a matéria-prima só aparece em sexto lugar. Olho também nas guloseimas que estampam o termo “sabor de chocolate” na embalagem. Elas não têm o mínimo de cacau exigido pela legislação.

Alguns projetos de lei na Câmara dos Deputados e no Senado pretendem aumentar o percentual mínimo de cacau no chocolate e tornar as regras mais claras em relação aos demais ingredientes. A ideia é adotar padrões parecidos com os aplicados na Europa – que exigem, no mínimo, 35% de cacau.

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Hambúrguer de picanha sem picanha

Tem carne bovina de vários cortes no hambúrguer de picanha. E também tem frango. E até proteína de soja. A constatação do Idec tem base em um critério simples: uma passada de olhos nas letras miúdas da relação de ingredientes.

“A indústria utiliza carnes mais baratas e acrescenta aditivos alimentares que dão o sabor e o aroma da picanha, o que causa a falsa ideia de que o hambúrguer é de picanha”, explica Laís Amaral, nutricionista do Idec, sem citar marcas. Apesar da cara de pau, as fabricantes não estão irregulares. A legislação permite.

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Azeite

O óleo extraído das azeitonas é um dos produtos agrícolas mais adulterados no mundo. No Brasil, uma operação do Ministério da Agricultura encontrou irregularidades em quase 60% das amostras, envolvendo 107 marcas de azeite – a maioria misturava outros óleos vegetais ao azeite de oliva virgem ou extravirgem.

Segundo a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), quando não são adulterados, os produtos podem esconder armadilhas nos rótulos. “As embalagens induzem o consumidor ao erro”, diz Livia Coelho, advogada da Proteste.

Para não ser enganado, desconfie de azeites baratos – abaixo de R$ 15 –, verifique no rótulo o local do envase – quando realizado no país de origem, é mais difícil ser fraudado – e leia a composição. “Não raro, óleos mistos de oliva e de soja destacam o ‘azeite de oliva’ com fonte de letra enorme, enquanto o resto da composição fica em letra miúda”, indica Livia.

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Todo óleo vegetal é isento de colesterol

Você decidiu fritar uma batatinha e foi ao supermercado escolher o óleo vegetal mais saudável.

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Então, você escolhe o rótulo que diz “sem colesterol”. Mas isso não chega a ser um diferencial, já que nenhum produto vegetal tem colesterol – um lipídio produzido por animais.

Ou seja, o destaque na embalagem só teria sentido se o produto contivesse ingredientes de origem animal. Não é o caso dos óleos de milho, de canola, de coco ou de dendê, além das margarinas, que contêm fitoesterol.

A boa notícia é que o consumo de fitoesteróis pode ajudar a reduzir o LDL, popularmente conhecido como colesterol ruim, que entope vasos sanguíneos e causa doenças cardíacas.

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Sal rosa

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O hype do sal rosa do Himalaia é um dos mais vigaristas da história recente. Cantinas, bistrôs e empórios tratam o produto como se a coloração ou a origem dele fossem relevantes para a saúde. Mas não há evidência científica disso.

Rosa ou não, o sal nada mais do que supre nossa cota diária de sódio, que deve ser de 5 gramas segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Por achar benéfico à saúde, tem gente que até ingere o sal rosa em quantidades maiores do que a recomendada”, alerta o cardiologista Fernando Bacal, do hospital Albert Einstein.

A propósito: o sal rosa do Himalaia tem o mesmíssimo gosto do sal comum. Quanto à cor diferentona? Nada mais do que impurezas. Salgado, mesmo, é o preço, que chega a ser cinco vezes maior do que o sal de cozinha – já que o sal rosa é importado do Paquistão.

Xampu sem sal não faz diferença

A ideia de que o sal danifica o cabelo pode ter relação com o efeito ressecado dos fios após um banho de mar. No entanto, o cloreto de sódio dos xampus não é um vilão, como muito consumidor imagina.

Empregado para dar consistência ao líquido e fazer espuma, o sal representa menos de 1% da fórmula dos xampus tradicionais – quantidade insuficiente para afetar as madeixas. Os fabricantes, no entanto, fazem publicidade da ausência de sal – e cobram mais por esse tipo de xampu.

Além disso, todo “xampu sem sal” precisa de algum derivado de sódio na composição para o líquido não escorrer entre os dedos feito água.

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Alimentos com colágeno não servem para nada

A indústria cosmética emprega o colágeno em itens que garantem mais firmeza e elasticidade à pele. E não está errada: essa é uma das funções da proteína produzida pelo nosso organismo.

A partir dos 30 anos, os níveis de colágeno começam a diminuir no corpo, resultando em rugas, flacidez e marcas de expressão. O mercado oferece pílulas, shakes, barras de cereal e refrigerantes com colágeno.

Em tese, bastaria ingeri-los para repor a proteína. Mas o organismo não funciona assim. “Nada garante que o colágeno ingerido vá ser usado pelo corpo para reparar rugas”, afirma a dermatologista Michele Haikal. Ou seja, a chance de um alimento com colágeno beneficiar sua cútis é a mesma de outra fonte de proteína, como carnes e ovos.

Creme dental branqueador não branqueia os dentes

Se você busca ter em casa o mesmo resultado do clareamento feito pelos dentistas, pode esquecer. As pastas de dente clareadoras, no máximo, suavizam manchas escuras ou amareladas. Elas têm partículas mais abrasivas do que as pastas convencionais. Assim, removem mais pigmentos oriundos de resíduos como café e molhos.

Pesquisadores da USP analisaram a ação de três cremes dentais clareadores em um grupo de voluntários. Após três meses de testes, ninguém teve os dentes branqueados. A substância responsável pelo branqueamento é o peróxido de hidrogênio, aplicado em consultórios odontológicos em forma de gel. Os cremes dentais clareadores têm quantidades ínfimas do peróxido – ou sequer incluem-no na fórmula.

Multivitamínicos não previnem doenças

Quem compra suplementos vitamínicos sem recomendação médica ou nutricional está descuidando da saúde financeira. É o que concluiu o Journal of American College of Cardiology ao analisar os resultados de 179 pesquisas feitas entre 2012 e 2017. Não há nenhuma evidência de que a ingestão de multivitamínicos reduza riscos de doenças cardiovasculares, por exemplo.

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Em 2013, o periódico Annals of Internal Medicine apontou que, além da falsa noção de combate a doenças do coração, os suplementos também não evitam ou reduzem declínio cognitivo e outras doenças crônicas. “Isso não significa que as vitaminas não tenham seus benefícios”, alerta Synésio da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais.

Em outras palavras, uma dieta variada é suficiente para dar conta do recado. O uso dos suplementos é indicado somente para pessoas com deficiências vitamínicas – de acordo com diagnóstico médico. E só.

Fontes: Ministério da Saúde, Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ), Associação Brasileira de Laticínios, Advances in Nutrition, Whole Grains Council, Journal of Food Composition and Analysis, Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), Anvisa, OMS, União Europeia, e Food and Drug Administration (FDA).

Fotos: Studio Oz

Produção: Ana Requião e Letícia Ferreira

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