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Cultura

A história do Pica-Pau

O pássaro psicótico de Walter Lantz passou por várias encarnações, e fez mais sucesso no Brasil do que lá fora. Conheça a origem do personagem e a trajetória do seu criador.

Texto Rafael Battaglia  Ilustração Kin Noise  Design Maria Pace  Edição Alexandre Versignassi


Animação sempre foi um negócio caro. Quem trabalhava no ramo nas primeiras décadas do século 20 estava sempre em busca de novas técnicas para baratear a produção – tanto que, se o desenhista Walter Lantz tivesse um pouco mais de dinheiro, é provável que o Pica-Pau não existisse (ou, pelo menos, não como o conhecemos).

O pássaro azul e vermelho nasceu de um improviso para poupar grana. Em 1940, Lantz e sua equipe de roteiristas e cartunistas trabalhavam em mais um episódio de Andy Panda – na época, o maior sucesso do seu estúdio. Na história, o telhado da casa da família de Andy começaria a gotejar por conta de  uma tempestade, mas Walter achou que animar algo assim sairia caro, e achou melhor substituir a chuva por algo que incomodasse ainda mais: um pica-pau bicando do lado de fora.

Há mais de uma versão para a origem do Pica-Pau, que em 2020 completa 80 anos. Não se preocupe: falaremos sobre todas elas. Mas, antes de contar a história da criatura, é preciso refazer os passos do seu criador. Pegue a sua Delícia Gelada, monte na vassoura da Bruxa “e lá vamos nós”.

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E lá vamos nós

E lá vamos nós. Walter Lantz nasceu em 1899, em New Rochelle, uma espécie de Guarulhos de Nova York, logo ao norte do Bronx. Aos 15 anos, mudou-se para Manhattan para trabalhar como mensageiro e entregador em um dos jornais de William Randolph Hearst – o magnata que controlava boa parte da imprensa, e que inspiraria Orson Welles a criar seu Cidadão Kane (1941).

Enquanto trabalhava no jornal, Lantz foi aperfeiçoando suas técnicas de desenho. Dois anos depois, subiu na vida: passou a ser animador em uma divisão que Hearst tinha criado para desenvolver animações com os personagens das tirinhas dos seus jornais.

Tudo era novidade. O cinema tinha sido inventado só duas décadas antes, com os irmãos Lumière. A animação viria um pouco depois, em 1908 – foi quando o francês Émile Cohl lançou Fantasmagorie, considerado o primeiro desenho animado da história. Quem assiste ao filme hoje talvez não se impressione com 60 segundos de traços e movimentos simples. No início do século 20, porém, parecia mágica.

Hearst era mais um dos que tentavam surfar nessa novidade. Um pouco antes, em 1914, o desenhista John Bray inaugurou em Nova York um estúdio 100% focado em animações. Ele inovou ao abrir mão da maneira artesanal de desenvolver desenhos animados para adotar uma produção em linha de montagem, como Henry Ford estava fazendo na mesma época para fabricar seu Modelo T.

Bray foi o primeiro a utilizar folhas de acetato. Nesse processo, os artistas só precisavam se preocupar em animar os personagens, que eram sobrepostos no cenário estático, que não se mexia. Antes disso, para se criar um novo quadro, era necessário desenhar tudo do zero – o que demorava um absurdo. “É com ele que nasce a indústria de animação americana”, diz Eliseu Lopes Filho, coordenador do curso de Animação da FAAP.

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Lantz começa animando tiras de jornal, em 1916.

É na Bray Productions que Lantz vai trabalhar em 1922. Àquela altura, o estúdio já dominava o mercado de animações dos EUA. Chegando lá, Lantz cria o personagem Dinky Doodle, um garotinho que andava sempre acompanhado do seu cachorro, e começa uma série de desenhos animados com ele.

Nesse desenho, Lantz escrevia, dirigia – e atuava. Ele desenvolveu um método para combinar animação e um cenário real, com atores de carne e osso. Não que ele tenha sido o primeiro. Em 1909, o curta Clair de Lune Espagnol, de Cohl, trazia uma interação rudimentar com o rosto animado de uma Lua. Todo mundo fazia isso: o próprio Walt Disney, alguns anos antes de criar o Mickey, fez sucesso com a série Alice Comedies, em que uma garotinha live-action contracenava com o mundo animado de Alice no País das Maravilhas.

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Lantz continua trabalhando com Bray até 1927, quando se muda para a Califórnia. Entre um bico e outro, começa a escrever roteiros para o cineasta Mack Sennett, conhecido como o “rei da comédia”, por ajudar na popularização de filmes do gênero.

Em 1928, Lantz é contratado pelo produtor Charles Mintz para criar desenhos do Oswaldo, o Coelho Sortudo, que ele produzia para os estúdios da Universal – lembre-se: não havia TV. Os desenhos passavam no cinema. Mintz, aliás, tinha comprado os direitos sobre esse personagem direto de seu criador, Walt Disney – o DNA do coelho é nítido: trata-se basicamente de um Mickey com orelhas pontudas.

Só teve um problema: Carl Laemmle, o chefão da Universal, não gostou do resultado final, e cortou a parceria com a empresa de Mintz. Lantz, contudo, tinha lábia, e era figura carimbada nos jogos de pôquer do alto escalão do estúdio. Ele conseguiu convencer Carl a continuar com os desenhos. E os curtas do Oswaldo seguiram firmes.

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Logo viria a Grande Depressão. Mesmo assim, as animações não deixaram de ser produzidas – pelo contrário. A indústria do entretenimento continuou ativa. Afinal, era uma válvula de escape para uma população severamente baleada pela crise econômica.

Muitos desenhos, então, tentavam transmitir mensagens positivas, e Oswaldo foi um deles. Num dos curtas dirigidos por Lantz, Confidence, de 1933, a Grande Depressão aparece representada na figura da Morte – um ser encapuzado perambulando pelo mundo. Para enfrentar esse problema, o coelho vai até a Casa Branca, onde encontra o recém-eleito presidente Franklin D. Roosevelt, que mostra a ele como o país voltaria à normalidade: com “confiança” (confidence, em inglês) na chegada de dias melhores.

A estratégia funcionou. E com o sucesso do Oswaldo, Lantz foi convocado para outros projetos dentro do estúdio. Em 1930, ele criou uma abertura animada para o filme live-action King of Jazz, que ficou marcada como a primeira animação feita em Technicolor – um processo de colorização que daria origem aos filmes em cores.

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(Kin Noise/Superinteressante)
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“Guess who?”

Em 1935, Lantz criou um estúdio próprio, e levou o coelho Oswaldo com ele. Mas a parceria com a Universal ficou. Lantz e sua equipe criavam os desenhos, e a empresa de Carl Laemmle distribuía para os cinemas.

Oswaldo acabaria aposentado em 1938, para dar lugar a novos personagens, agora 100% criados por Lantz. O mais famoso deles foi Andy Panda, que estreou em 1939.

A origem de Andy tem a ver com a doação de um panda para o zoológico de Chicago, que ganhou grande repercussão nos EUA. E o desenho de Andy e sua família fez um relativo sucesso. Mas sua maior contribuição foi outra: apresentar o Pica-Pau ao mundo.

A estreia veio em 1940, no episódio Knock Knock, aquele em que o pássaro entra no lugar da tempestade como antagonista do panda. Andy e seus pais entram em guerra com o Pica-Pau. Você deve lembrar: o episódio passou bastante na TV por aqui (é um em que o panda joga sal na cauda do pássaro para imobilizá-lo).

O Pica-Pau nasce dentro de outro desenho: o Andy Panda.

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Outra versão para a criação do Pica-Pau é a de que Walter se inspirou a partir de uma experiência desagradável em sua lua de mel com sua segunda esposa, a atriz Grace Stafford: os dois se hospedaram em um chalé, mas um pica-pau os incomodou a noite toda, fazendo barulho enquanto bicava a madeira do telhado.

A ideia de que um pica-pau de verdade inspirou o do desenho pode ser só uma lenda. Walter, de qualquer forma, era conhecido por criar personagens com animais que ainda não tinham sido adaptados em desenho. A ideia para o topete vermelho e o corpo da ave, inclusive, saiu de duas espécies diferentes.

O projeto inicial era que o Pica-Pau fosse usado só naquele episódio do Andy Panda. A preocupação ali não foi criar um novo personagem, mas um antagonista. O que surgiu, então, foi aquele que os brasileiros chamam de “Pica-Pau biruta”. De fato: ele era um completo psicopata, e faltavam-lhe dentes, como se ele fosse o fugitivo de um hospício. Não era um personagem feito para agradar, mas para incomodar. Mesmo assim (ou melhor, justamente por conta disso), ele surgiu com tanta personalidade que ofuscou o próprio panda.

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Lantz, então, criou logo uma série própria para o Pica-Pau. “Era algo comum naquela época”, diz Lopes. “Personagens famosos, como o Pato Donald, apareceram primeiro como coadjuvantes.” O Pica-Pau nasceu no mesmo ano que outros gigantes da animação, como Pernalonga e Tom e Jerry. Para a Universal, não havia hora melhor: o estúdio passou a ter um personagem para competir com os outros.

Os desenhos, diga-se, não passavam no cinema como atração principal. Eram só o esquenta para antes do filme (as sessões também apresentavam outros formatos que depois migrariam para a TV, como documentários e programas jornalísticos).

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Era natural, então, que os estúdios investissem em curtas animados para aumentar a procura do público. Todo mundo tinha o seu: a Warner tinha os Looney Tunes; a Paramount, o Popeye; a MGM tinha o Tom e Jerry e os desenhos da Disney eram exibidos pela RKO. A Universal, agora, tinha o Pica-Pau.

O Pica-Pau biruta durou até 1944, quando resolveram deixá-lo mais amigável.
O Pica-Pau biruta durou até 1944, quando resolveram deixá-lo mais amigável. (Kin Noise/Superinteressante)
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Nasce uma estrela

O primeiro a dublar o Pica-Pau foi Mel Blanc, uma lenda da área. Blanc era versátil, e emprestou a sua voz para quase todos os personagens dos Looney Tunes, por exemplo. Não por acaso, ficou conhecido como “o homem
das mil vozes”.

Após quatro episódios, Blanc assinou um contrato de exclusividade com a Warner Bros e parou de interpretá-lo. Mas deixou seu legado: ele é o criador da risada do Pica-Pau. O dublador adaptou a risada que tinha inventado para o personagem Happy Rabbit, que viria a se tornar o Pernalonga.

A risada do Pica-Pau veio de uma versão antiga do Pernalonga.

O design do Pica-Pau biruta durou até 1944, quando os animadores decidiram que era hora de tornar o seu visual mais amigável. Seu tamanho diminuiu, o rosto ganhou uma certa fofura, as pernas ganharam penas azuis, a barriga ficou branca e ele passou a usar luvas dessa cor – dessa forma, o pássaro passava a carregar as três cores da bandeira dos EUA, tal como o Superman. A estreia dessa versão mais irreverente do que psicótica foi em 1944, no desenho O Barbeiro de Sevilha – aquele em que o Pica-Pau não para de cantar “Fííígaro!”:

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O curta inovou bem. O diretor, James Culhane, que havia trabalhado em filmes como Branca de Neve e Pinóquio, trouxe novas técnicas de animação para o desenho do Pica-Pau, como uma edição frenética e cortes e transições abruptos. Foi tão bem-sucedido que, nos anos 1990, um grupo de animadores classificou O Barbeiro de Sevilha como um dos 50 desenhos mais importantes de todos os tempos.

O Pica-Pau manteve essa cara pelo restante da década, período que alguns chamam de “era de ouro” do desenho. Outros personagens recorrentes nasceram nessa época: Leôncio, em 1946, e Zeca Urubu, em 1948 – é nesse ano, inclusive, que o Pica-Pau ganha sua canção-tema. Baseada no riso louco do Pica-Pau, ela chegou a ser indicada ao Oscar (comece a assoviar agora e veja que vai vir tudo na sua cabeça).

Em 1949, Lantz lançou o episódio Delícia Gelada. Foi o último da fase dourada. No fim dos anos 1940, problemas com a nova distribuidora (a United Artists) e um processo movido por Mel Blanc pelo uso da risada fizeram com que Lantz precisasse fechar o estúdio.

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Walter só reabriria a empresa dois anos depois, em 1951, com uma ajuda financeira da Universal, que passou a pagar para exibir desenhos antigos do Pica-Pau. Agora, com uma nova equipe de animadores. O personagem, então, ganhou mais um facelift, e uma nova voz: a de Grace Lantz, esposa de Walter. Deu certo. O personagem renascia com a mesma força de antes. 

E a Universal encomendou dezenas de episódios do personagem. Mas o orçamento (e os prazos) para cada um não eram grandes. Sendo assim, e como também havia diversos animadores envolvidos, o design do Pica-Pau, vez ou outra, mudava um pouco: há desenhos em que ele está com luvas amarelas, e em outros, seus olhos e sobrancelhas
estão diferentes.

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Das telonas para a telinha

Havia outra mudança grande acontecendo na década de 1950: a televisão. O aparelho ganhava cada vez mais popularidade, e ficou claro que o lugar dos desenhos animados era ali. Em 1957, então, o Pica-Pau estreou um programa semanal no canal ABC – durante meia hora, exibiam três desenhos, sempre apresentados pelo próprio Lantz, que interagia com personagens animados.

Uma vez na TV, o tom da comédia precisou mudar – havia muito mais censuras à violência, e o público infantil era bem maior. Dessa forma, tanto o visual quanto a personalidade do Pica-Pau foram se tornando cada vez mais suaves, e muitos episódios antigos precisaram ser reeditados. Ele continuava perturbando os personagens secundários, mas agora não mais de forma gratuita. “Ele é agressivo, mas só agride quem o provoca”, escreveu a psicóloga e pesquisadora Elza Dias Pacheco, em um artigo sobre o tema.

Pica-Pau continuou firme na televisão por mais uma década, mas, nos anos 1970, veio o ocaso. Lantz já estava com mais de 70 anos e o formato dos desenhos já parecia repetitivo. Lantz também não soube levar o personagem para voos mais altos – como Walt Disney tinha feito, ao produzir longas de animação desde a década de 1940 e montar um império nos quadrinhos, e como Maurício de Souza faz hoje, ao manter a Turma da Mônica em alta na internet (com a Mônica Toy, que tem audiências brutais no YouTube). E em 1972 a série do Pica-Pau foi encerrada.

Em 1979, Walter ganhou um Oscar honorário por suas contribuições. Nada mais justo: ele já havia sido indicado dez vezes ao prêmio. Seu azar era que os troféus sempre iam para Disney, até hoje o recordista de vitórias (22).

Em 1986, Lantz foi homenageado com uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood. A sua criação veio logo depois: em 1990, o Pica-Pau ganhou a sua – um dos primeiros personagens a  receber isso.

No fim da década, a Universal decide fazer uma nova leva de episódios inéditos do Pica-Pau com The New Woody Woodpecker Show (“O Novo Pica-Pau”), que dura de 1999 até 2002. Lantz, contudo, não viu nada disso: morrera em 1994, aos 94 anos.

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Fonte da juventude?

Veja as diferentes versões que o personagem teve ao longo dos anos – e por quanto tempo elas duraram.

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(Kin Noise/Superinteressante)

1 – (1940-1944)

Criado dentro do desenho do Andy Panda, o Pica-Pau biruta era todo desproporcional, com cores vibrantes e dentes faltando.

2 – (1944-1949)

Este design veio dos esforços para torná-lo mais amigável. É a fase de ouro do Pica-Pau, que dura até Lantz fechar o estúdio.

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3 – (1951-1955)

O visual após a era Lantz era inconstante, devido aos prazos apertados e o envolvimento de muitos animadores.

4 – (1955-1972)

Foi com esta versão que o personagem estreou na TV, em 1957. Graças à censura, o desenho ficou cada vez menos violento.

5 – (1987-1998)

O visual abaixo só foi usado na abertura de um programa de TV da Universal, com episódios antigos que eram reprisados.

6 – (1999-2002)

O Pica-Pau voltou nos anos 1990 com um visual inspirado nas primeiras versões, mas sem o mesmo espírito anárquico.

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O verdadeiro lar

O Pica-Pau foi o primeiro desenho a ser exibido na televisão brasileira. Estreou um dia após a inauguração da TV Tupi, em setembro de 1950. No início, não havia dublagem: os curtas eram exibidos em inglês mesmo, com legendas.

Com o passar do tempo, o Pica-Pau ganhou tanta popularidade que, hoje, é praticamente uma figura do folclore não oficial do brasileiro. Reprisados à exaustão, principalmente pelo SBT, os episódios foram incorporados ao imaginário popular com mais força do que os personagens da Disney ou os Looney Tunes.

As reprises funcionavam para tapar brechas na programação. Só que, não raro, davam picos na audiência (estilo Chaves)  – tanto que, em 2007, uma reportagem do Estado de S. Paulo apelidou o fenômeno de “efeito Pica-Pau”. “Eu descobri os ‘poderes’ do Pica-Pau quando entrei no SBT”, contou ao jornal o diretor de programação Hélio Vargas. Quando ele viu que o contrato do SBT com a Universal ia vencer, tratou de iniciar as negociações para trazer o desenho para a emissora em que trabalhava: a Record (é o canal que detém atualmente os direitos de exibição).

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(Kin Noise/Superinteressante)

Hoje, o Pica-Pau é praticamente um cidadão honorário do País, Em 2017, a Universal produziu um live-action do personagem para o cinema, em que uma versão animada dele incomoda uma família de atores reais. Além de ter chamado uma atriz brasileira (Thaila Ayala), o estúdio promoveu a estreia mundial nos cinemas daqui mesmo. O problema é que o filme era fraco. Nos EUA, ele nem chegou à telona – foi direto para o DVD. E acabou passando despercebido no Brasil também. Nem precisa assistir: melhor ficar com os desenhos mesmo.

E por falar neles, desde 2018 a Universal produz novos desenhos do personagem – todos disponíveis no canal “Pica-Pau em português”, no YouTube. Certa vez, perguntaram para Walter Lantz sobre a longevidade do Pica-Pau. “Eu realmente acredito que ele vai durar para sempre”, respondeu. Estava certo.

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Para ativar a nostalgia

Uma seleção de episódios com cenas e frases tão marcantes que viraram meme:

O Afanador de Gasolina (1943)

Um policial tenta evitar que o Pica-Pau (que diz ser um “diabo necessário”) roube gasolina.

O Espião Espionado (1954)

A fórmula de um tônico foi roubada por um criminoso, e cabe ao Pica-Pau detê-lo.

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Conserto na Marra (1954)

Pica-Pau é um afinador de pianos, e, sem parar de tocar vira refém em uma perseguição policial.

A Vassoura da Bruxa (1955)

A bruxa quebra sua vassoura, mas não consegue outra. Se tivesse pago os 50 centavos…

Um Tesouro Difícil (1955)

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Pica-Pau cai num golpe. “Se ele tivesse chamado a polícia, isso não teria acontecido.”

Vamos às Cataratas (1956)

Um guarda tenta impedir o Pica-Pau de descer as Cataratas do Niágara num barril. “Marche!”

Vivendo num Buraco (1962)

“Em todos esses anos nessa indústria vital, essa é a primeira vez que isso me acontece.”

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Pica-Pau, o Agente Secreto (1967)

Com a “ajuda do replay instantâneo”, Pica-Pau luta contra Luís, o Espalha Lixo.

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