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A arte da guerra

Com lanças, espadas, mísseis ou canhões, cada civilização desenvolveu sua estratégia para combater os inimigos

Por Rafael Kenski
Atualizado em 9 Maio 2018, 17h43 - Publicado em 30 abr 2001, 22h00

Ao chegar ao campo de batalha, os soldados da Grécia antiga comiam uma refeição leve, bebiam vinho e sacrificavam um carneiro. Então, alinhavam-se ombro a ombro e formavam uma falange – um bloco com oito fileiras de profundidade. Com a mão esquerda carregavam um escudo de 1 metro, com o qual faziam uma parede. Na direita, levavam uma lança de 2 metros, que as três primeiras fileiras apontavam para a frente e o restante para cima. À sua frente ia um “general”, cuja única função era dar o exemplo e morrer corajosamente, já que não havia hierarquia militar – todos eram fazendeiros.

Aos gritos, o bloco corria em direção ao adversário. As linhas de frente tentavam furar, com a lança, as partes menos protegidas do inimigo e as de trás apenas empurravam. Alguns soldados eram atingidos, outros ficavam tão esmagados que caíam. O objetivo era abrir brechas na linha de frente adversária. Ao longo da batalha, cada soldado buscava se proteger no escudo do companheiro à direita e, quase sem perceber, os blocos giravam lentamente para esse lado. Ataques aos próprios companheiros eram comuns, causados pela falta de espaço e pela poeira que subia. Ao redor, guerreiros pobres, sem dinheiro para uma armadura, portavam armas tidas como menos nobres – arco e flecha e funda, por exemplo – e atingiam os que se distanciavam do entrevero. Ao final da batalha, cerca de 15% dos soldados derrotados estavam mortos e eram enterrados com louvor. Os vencedores erguiam um monumento no local e voltavam à sua cidade para comemorar.

Não ocorria a eles exterminar o inimigo ou ocupar o território dele – a vitória era moral. E, se o adversário resolvesse encrencar de novo, lutava-se outra vez…

Nos 2 500 anos que nos separam dessa época, o modo de fazer guerra mudou muito. Os rituais e o número reduzido de mortos deram lugar a tecnologias capazes de destruir alvos a milhares de quilômetros sem nenhuma espécie de liturgia. Mas uma coisa nunca mudou: sempre houve gente disposta a resolver conflitos na pancadaria. “A história da humanidade é uma história de guerras”, afirma o cientista político Brás José de Araújo, da Universidade de São Paulo.

Apesar da desordem e da selvageria da batalha, a tática das falanges gregas foi uma das primeiras formas de disciplinar um exército. “Os ataques organizados foram um enorme avanço”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp, de Campinas. Antes disso, confiava-se apenas no número de combatentes. A tática se resumia a filas de arqueiros e ataques com cavalos e bigas.

A consagração do estilo grego se deu com Alexandre da Macedônia, no século IV a.C. Ele tornou as falanges mais agressivas e conquistou um império que ia do Egito até a Índia. No seu exército, as lanças cresceram para mais de 4 metros e as cinco primeiras fileiras apontavam as armas para o oponente. Atrás delas, três a 11 linhas posicionavam suas lanças para o alto, protegendo o grupo de flechas cadentes. As armaduras e o escudo diminuíram, para permitir maior mobilidade. A assustadora massa de soldados ocupava até 1,5 quilômetro de comprimento. Pelos flancos, uma cavalaria reforçada por armaduras, lanças e espadas tentava posicionar o oponente ao alcance das falanges. Os melhores combatentes tinham funções específicas, como iniciar o ataque ou reforçar partes mais fracas das tropas. A coordenação de todas as unidades cabia ao próprio Alexandre – de tão próximo que ficava da peleja, ele foi ferido várias vezes.

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Após a batalha, o exército vencedor perseguia as forças inimigas e as eliminava, para que o êxito fosse definitivo.

Até hoje os exércitos adotam princípios militares inventados pelos macedônios, como a coordenação entre forças, o treinamento de soldados e a busca por uma vitória total. As falanges tinham, no entanto, algumas limitações: se desestruturavam em terrenos acidentados e eram vulneráveis a ataques por trás ou pelos lados. As enormes lanças, que, após a morte de Alexandre, cresceram para mais de 20 metros, deixavam os soldados com pouca mobilidade para enfrentar um inimigo cara a cara. Os problemas aumentaram quando surgiu, com base em Roma, uma força militar capaz de explorar essas fraquezas.

A organização dos exércitos romanos lembrava as falanges gregas apenas nos blocos de soldados armados com escudos, que recebiam o nome de manípulos. O posicionamento de cada grupo, no entanto, era como em um tabuleiro de xadrez: havia espaço para que manobrassem e corredores para que recuassem. As armas também eram diferentes. Cada um carregava um ou dois pilos, uma espécie de dardo pesado que era arremessado a menos de 30 metros de distância. O passo seguinte era explorar as brechas que se abriam na linha de soldados e, com uma espada curta, amputar braços e pernas, as regiões menos protegidas pelas armaduras. Nesse momento, um segundo grupo de manípulos se posicionava e arremessava seus pilos, enquanto os primeiros recuavam para a retaguarda. Havia ainda um terceiro e último grupo de soldados formando uma linha fixa de escudos com as lanças estendidas .

Além da chuva constante de dardos sobre o oponente, o sistema romano tinha mobilidade em qualquer terreno e evitava a condição suicida dos soldados das primeiras filas. Os romanos também desenvolveram técnicas para conquistar fortificações, como catapultas, aríetes e formações “em tartaruga”, na qual os soldados faziam um toldo de escudos sobre as cabeças, protegendo-as do que caía lá de cima. Outro fator notável foi a implantação de uma rede de transportes, marítimos e de estradas, capaz de movimentar o imenso exército, que, em 220 a.C., já tinha 750 000 soldados. Graças à hierarquia bem organizada, com oficiais selecionados entre os melhores soldados, a tecnologia militar romana vigorou por mais de mil anos em diferentes regiões.

Com o fim do Império Romano, nenhuma outra nação ocidental conseguiu reunir um grande exército. Os pequenos feudos que se organizaram não podiam pagar mercenários para campanhas demoradas. Os senhores feudais tinham um acordo com seus vassalos – eles lutariam em seu exército quarenta dias por ano. “Era pouco tempo para conquistar um castelo”, afirma Adler Homero da Fonseca, do Instituto Patrimônio Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Dessa forma, construir fortificações garantia a qualquer cidade ou feudo uma proteção que dificilmente seria superada. “Por isso, surgiram centenas de milhares de castelos por toda a Europa”, diz Adler.

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Ao longo da Idade Média, os campos de batalha foram dominados por cavaleiros. Armados com malhas de ferro, lanças e grandes espadas, eles conseguiam facilmente derrotar os pequenos e pouco disciplinados exércitos da época. Os principais combatentes eram nobres que, por estarem no mesmo nível social, não obedeciam a hierarquia nem tinham muita disciplina. Ao chegar no campo de batalha, cada uma das forças se posicionava em fila e começava a se dirigir lentamente na direção da outra. Nos últimos 50 metros, o cavaleiro empunhava uma lança e saía a galope. A arma normalmente se quebrava no ataque e o cavaleiro passava a usar a espada. A partir daí, o quebra-pau rolava solto e cada um desenvolvia o seu próprio estilo para derrotar os oponentes.

A partir do século XIII, as cidades passaram a juntar dinheiro e pessoas suficientes para montar exércitos profissionais. O desafio era inventar novas táticas para derrotar a cavalaria. Os ingleses apostaram em bestas e arcos com flechas fortes o suficiente para furar as armaduras. Holandeses e suíços retomaram a tática dos macedônios, com pequenas modificações, e trouxeram as longas lanças de volta aos campos de batalha.

Mas os métodos de Alexandre tornaram-se completamente obsoletos no século XIV, quando a pólvora começou a encher os combates de fumaça. O primeiro impacto da nova tecnologia foi nas fortificações. Os castelos, na época, tinham paredes altas, para impedir escaladas, mas finas, facilmente perfuradas por canhões. Quando todos os castelos da Europa começaram a ser destruídos, chegou-se à conclusão de que as fortificações precisavam ser reforçadas, o que só poderia ser feito por Estados fortes, centralizados na figura do rei. Esses Estados precisavam de exércitos numerosos.

No fronte, as táticas adaptaram-se às novas armas, capazes de causar danos a distância. As armaduras, tão úteis desde a antigüidade, tornaram-se completamente devassáveis e, portanto, inúteis. No entanto, no início do século XV, quem carregasse uma arma de fogo precisava se esconder atrás de um bloco de soldados com lanças depois de cada tiro – gastavam-se quatro minutos e meio no processo de recarregamento, tempo de sobra para ser estraçalhado por um cavaleiro. Com o tempo, a cadência de tiro aumentou e as velhas armas foram sendo aposentadas. Nessa época, o holandês Maurício de Nassau (tio do navegador homônimo que explorou as costas brasileiras), baseou-se na chuva romana de pilos para bolar um sistema de revezamento contínuo de fileiras de atiradores.

No século XVIII, surgiu a baioneta – espada curta colocada na ponta do fuzil para que ele funcionasse também como uma lança no corpo-a-corpo. Os fuzis se espalharam pela Europa, mas foram motivo de riso no Japão, onde se continuou valorizando a luta corporal entre samurais, na qual cada lutador devia exibir o próprio estilo e individualidade e obedecer a um estrito código de honra. Mesmo familiarizados com as armas de fogo européias desde que tiveram contato com os portugueses, em 1542, os japoneses se recusavam a utilizá-las. A pólvora só passou a ser largamente usada em batalhas no Japão a partir da metade do século XIX.

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Na Europa, entretanto, os disparos sucessivos de uma linha de atiradores bem posicionados eram suficientes para acabar com qualquer exército. “A guerra nos séculos XVI e XVII era, sobretudo, um estudo de movimento, em que se buscava atingir posição de vantagem para uso do fogo”, afirma José Bittencourt, do Museu Histórico Nacional. A linha de atiradores chegava a 6 quilômetros de comprimento e era auxiliada pela cavalaria (que buscava desestabilizar a formação adversária e atacar onde houvesse brecha) e pela artilharia (os canhões que impediam que o inimigo se posicionasse). Ataques pelo lado, onde a linha não se defendia com eficiência, eram fatais. A curta distância, uma única salva de tiros podia atingir 50% a 70% do exército adversário e alguns comandantes retardavam ao máximo os disparos para se aproximarem do oponente.

Como um exército de soldados treinados era muito caro, uma batalha podia ser vencida caso um general provasse ao adversário que estava em posição vantajosa. Acompanhando o espírito iluminista da época, a guerra era um jogo em que valia a razão para matematizar, prever os movimentos adversários e conseguir uma situação privilegiada. Um dos maiores gênios nessa arte foi Napoleão, que, além de posicionar de forma brilhante o seu exército, aproveitou-se do ambiente criado pela Revolução Francesa. Napoleão tinha o seu país inteiro engajado, motivado pela vontade de espalhar por toda a Europa os ideais da Revolução. Por estar combatendo a nobreza, podia desrespeitar as normas aristocráticas de etiqueta militar e usar toda a violência necessária para vencer.

A mobilização de nações inteiras para a guerra mostrou sua força um século depois, com a Primeira Guerra Mundial. Nesse intervalo, o desenvolvimento industrial e militar foi enorme. Em 1914 já existiam canhões semelhantes aos atuais, capazes de atirar três vezes mais rápido que os dos séculos anteriores. Surgiu também a metralhadora – uma arma portátil com enorme poder de fogo. Os alemães calcularam, no início da guerra, que três metralhadoras a 300 metros uma da outra eram suficientes para derrotar um exército de infantaria.

A construção de trincheiras – recurso utilizado até então como ponto de apoio passageiro – tornou-se essencial para proteger-se da artilharia. “Com o tempo, os soldados enterrados nas trincheiras descobriram que, se mantivessem o sangue frio e a cabeça baixa, o efeito do bombardeio era decepcionante”, afirma José Bittencourt.

Muitos ataques, apesar de fazerem milhares de vítimas, não geravam grandes conquistas. “Os militares dispunham de um arsenal nunca visto, mas não sabiam como utilizá-lo no campo de batalha”, diz José. O ataque inglês de 1916 contra os alemães no Somme, ao norte da França, mostra como os oficiais não sabiam ao certo o que estavam fazendo. Durante uma semana, a artilharia inglesa despejou um milhão e meio de projéteis sobre as trincheiras e, no dia 1o de julho, 120 000 soldados ingleses marcharam em uma frente de 29 quilômetros. Ao contrário do esperado, o único efeito do bombardeio fora alertar o adversário: os alemães saíram ilesos de abrigos subterrâneos. Quando os soldados ingleses estavam a menos de 100 metros, as metralhadoras começaram a derrubá-los e a artilharia alemã destruiu os adversários às centenas. Os 60 000 soldados feridos, desaparecidos ou mortos fizeram deste o pior dia da história militar britânica.

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No começo da Segunda Guerra Mundial, os alemães inventaram uma tática para superar o impasse das trincheiras: a blitzkrieg, um ataque combinado de aviões, soldados a pé e carros blindados (veja infográfico abaixo). “Essa estratégia só funcionou enquanto os alemães possuíam unidades que ninguém mais tinha, como os tanques rápidos das divisões Panzer, e uma aviação capaz de atuar como artilharia”, explica José. A partir de 1941, ingleses e soviéticos desenvolveram unidades semelhantes e até mais bem armadas. “A partir daí, a guerra se assemelhou à de Napoleão – buscava-se conquistar posições avantajadas”, diz José. Dessa vez, os elementos a serem deslocados eram colunas motorizadas apoiadas por uma forte artilharia ou por caças e bombardeiros. Esse tipo de estratégia dependia de muito combustível e, quando o petróleo alemão escasseou, Hitler optou por voltar ao estilo da Primeira Guerra: trincheiras, artilharia pesada e tropas motorizadas na retaguarda.

A Segunda Guerra Mundial serviu de palco para a estréia de várias tecnologias. Os alemães desenvolveram foguetes de longo alcance e os americanos estrearam a bomba atômica. “Foram essenciais também as operações combinadas entre Marinha, Exército e Aeronáutica, como o desembarque das tropas aliadas na França”, afirma o comandante Antonio Porto e Albuquerque, da Escola Naval do Rio de Janeiro. A partir de então, a ciência e a tecnologia tornaram-se o aspecto dominante da guerra.

O show pirotécnico a que essas táticas chegariam revelou-se dez anos atrás, quando uma coalizão de países agiu contra a invasão do Kuwait pelo Iraque. “A Guerra do Golfo iniciou um novo tipo de combate, com o emprego combinado de satélites, computadores, mísseis de alta precisão e letalidade disparados a grande distância, do mar ou da terra”, afirma o coronel Luiz Paulo Macedo Carvalho, diretor da Biblioteca do Exército. Os exércitos de massa – as multidões de soldados que dominaram a cena militar desde o tempo dos gregos que sacrificavam carneiros – finalmente perderam expressão. O que não mudou nunca – e não deve mudar tão cedo – é a disposição da humanidade para resolver seus problemas no braço.

 

 

Máquina de lutar

O exército romano (à direita) atacava o inimigo num sistema de rodízio

O exército macedônio (abaixo) atacava com uma massa compacta de combatentes armados com enormes lanças

1. Ao chegar na batalha, os primeiros blocos de soldados (em roxo) alinhavam-se e avançavam sobre o inimigo, arremessando dardos e atacando com espadas

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2. Uma segunda leva de soldados (em azul) posicionava-se e atacava, enquanto os primeiros seguiam adiante ou voltavam para a retaguarda por brechas na formação

3. Havia ainda um terceiro grupo (em vermelho), que formava uma barreira de escudos e podia avançar ou proteger a retirada. A estratégia aqui representada é a usada no século II a.C.

O exército romano venceu o macedônio dando espaço para os soldados se movimentarem e explorando brechas na formação inimiga

No peito e na raça

Exércitos medievais não tinham muita disciplina. Era cada um por si

Para iniciar a batalha, os cavaleiros formavam uma fila que se desorganizava logo após o primeiro ataque. Eles eram apoiados, na retaguarda, por soldados pouco armados

A cavalaria dominou as batalhas durante a Idade Média e, apesar das tentativas de vencê-la com flechas ou lanças, só perdeu importância depois da descoberta da pólvora

Chuva de balas

Fuzis eram a principal arma no tempo de Napoleão Bonaparte

Com o desenvolvimento das armas de fogo, os exércitos começaram a se posicionar em linhas, com dois a seis soldados de largura e quilômetros de comprimento

De suas linhas, soldados e canhões atiravam contra a formação adversária, enquanto cavaleiros protegiam os flancos e exploravam as brechas na organização inimiga

Entrincheirados

Na Primeira Guerra Mundial, defender-se era mais fácil do que atacar

Cada exército montava um labirinto de trincheiras. Postos avançados atiravam constantemente no inimigo e caminhos subterrâneos garantiam o transporte de soldados e munições debaixo da chuva de bombas

Os ataques eram uma carnificina: soldados tinham que correr centenas de metros por campos repletos de arame farpado sob uma chuva de bombas e rajadas de metralhadoras. Poucos sobreviviam e os ganhos eram pequenos

Ar, mar e terra

Juntar unidades era fundamental para vencer na Segunda Guerra Mundial

Operações conjuntas entre o Exército, a Marinha e a Aeronáutica foram essenciais na Segunda Guerra. Perto do fim, entraram em cena também foguetes e a bomba atômica

Os nazistas adotaram a tática da blitzkrieg. Aviões bombardeavam uma região, seguidos por tanques, que rompiam as defesas. Depois, soldados, motorizados ou a pé, ocupavam o território

High-Tech

Satélites, caças, mísseis de alta precisão e computadores marcaram as operações na Guerra do Golfo. Colocar um grande número de soldados no campo de batalha já não era mais tão importante.

 

Para saber mais

A Arte da Guerra, Superinteressante, 2016

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