Nada menos que 950 metros quadrados de murais registram a paixão de Ramsés II pela princesa Nefertari – a primeira de suas seis esposas e a única a merecer um túmulo monumental desse celebrado faraó egípcio, que foi coroado com menos de 10 anos, reinou 67, de 1304 a.C. a 1237 a.C. e teve mais de cem filhos. A obra, construída há 3.200 anos, ficou escondida entre as rochas da região de Luxor até 1904, quando foi descoberta por arqueólogos italianos. Seus murais, considerados um dos maiores exemplos de arte do Antigo Egito, mostram Nefertari muitas vezes ao lado da deusa do amor, como uma bela jovem coberta de jóias. Na época da descoberta, as pinturas estavam impregnadas de misteriosos grãos de sal, que danificaram as imagens. Por isso, em 1950, o monumento foi fechado para visitantes. Finalmente, em 1986, equipes de restauradores de diversos países começaram a pesquisar o local. Até o fim do ano, os trabalhos de restauração serão iniciados.
Trata-se de um empreendimento faraônico: executado com as melhores técnicas do século XX, milhares de tiras de papel de arroz foram gastas para segurar as áreas onde as paredes coloridas ameaçam descascar; para reconstituir as partes danificadas, correspondentes a 20% da área dos murais, os cientistas estão usando ondas de ultra-som, que devem revelar os desenhos que ali existiam originalmente. O mais importante, porém, será descobrir, com o auxílio de raios laser, todos os canais de água que se formam na região, nas raras chuvas pesadas que caem ali: se a umidade de um desses canais for a justificativa para o aparecimento de sais no túmulo de Nefertari, será possível evitar que o problema se repita. Dessa maneira, os murais poderão finalmente ficar expostos, sem riscos de novos danos.