A matriz do Matrix
Entre eles estão os irmãos Wachowski, que criaram Matrix, cuja trilogia se conclui este mês.
Mauro Tracco
Em 1984, a ficção científica mudaria para sempre. Com Neuromancer (que a Aleph está relançando em novembro), William Gibson criava o romance ciberpunk, que influenciaria quase todos os autores do gênero posteriores a ele.
Entre eles estão os irmãos Wachowski, que criaram Matrix, cuja trilogia se conclui este mês. Assim como Neo, o protagonista de Neuromancer é um hacker chamado para uma missão secreta por um homem enigmático e uma mulher que usa roupas pretas de couro coladas ao corpo e óculos escuros. Mas Case, o herói de Gibson, não é um paladino da justiça. Ele parece com o Neo antes de revelar seus “superpoderes”. É apático, autodestrutivo e, além disso, consumidor ávido de drogas sintéticas.
Cidades decadentes, instituições corruptas e corporações poderosas: está tudo lá, num thriller que mistura espiões, dub jamaicano, estações espaciais e uma Inteligência Artificial com sede no Rio.
“Uma representação gráfica de dados abstraídos de bancos de cada computador do sistema humano. Complexidade inimaginável. Raios de luz em faixas do não-espaço da mente, aglomerados e constelações de dados. Como luzes da cidade, piscando.” Essa narrativa surrealista, que soa como uma sinfonia aos ouvidos dos amantes do gênero, poderia ter sido retirada de inúmeros filmes, de Blade Runner a O Juiz.