Texto Pedro Burgos
A esta altura você já deve ter ouvido falar do Second Life, que a imprensa adora tratar como revolucionário nas páginas e páginas publicadas sobre o “maravilhoso universo paralelo” (ops, a Super escreveu algumas delas). Pois parece que a vida não anda bem por ali. Quem diz são os números: de cada 100 pessoas que se cadastram no SL, apenas 15 continuam vivas após um mês. Além disso, boa parte dos 200 000 usuários brasileiros são alter egos – gente experimentando como é ter 3 ou 4 vidas no mesmo universo virtual. “O número de usuários cai desde fevereiro. Hoje, menos de 1% dos internautas brasileiros ativos acessam o Second Life”, diz Alexandre Magalhães, do Ibope/NetRatings. No orkut, esse número chega a 70%.
São várias as explicações para a crise. Primeiro, as financeiras. Para entrar na brincadeira, são precisos computador e conexão velozes, além de dinheiro para jogar melhor. Há também as práticas: talvez não exista tanta gente interessada em desenvolver seu eu virtual.
O curioso é que todo esse clima parece não assustar as empresas. Elas continuam despejando fortunas por lá. A IBM começou investindo cerca de R$ 20 milhões. Já está gastando pelo menos o dobro. Temendo parecer menos modernas, companhias de todos os ramos seguiram o exemplo. Há todo tipo de ação publicitária: desde uma empresa aérea brasileira oferecendo viagens (eles parecem não saber que qualquer avatar voa) a lojas virtuais. Em comum, apenas o fato de que todas vivem às moscas. Nem a Microsoft se salvou: sua área no SL recebe pouco mais de 1 500 visitantes por semana, menos da metade do que uma boate famosa entre usuários recebe num único dia.
Analisando tudo isso tudo, especialistas têm apenas uma certeza: mundos virtuais vieram para ficar. Sério. O que o Second Life tem de bom, dizem eles, não é o Second Life em si, mas novidades como a liberdade que os usuários têm para criar ambientes. A Gartner, consultoria especialista em web, prevê que, até 2011, 80% dos internautas ativos e as 500 maiores empresas do mundo terão uma segunda vida. “Mas não necessariamente no Second Life”, deixam claro os consultores.