Relâmpago: Assine Digital Completo por 2,99

A trágica história de Janet Parker, a última pessoa a morrer de varíola

A britânica contraiu o vírus quando a doença já estava erradicada no mundo; entenda.

Por Bruno Carbinatto
27 fev 2025, 16h00

Em agosto de 1978, a britânica Janet Parker foi trabalhar normalmente na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, onde atuava como fotógrafa. Ela não sabia, mas aquele dia aparentemente banal ceifaria sua vida – e a faria entrar para a história. Pouco tempo depois, Parker se tornou a última pessoa a morrer de varíola, justamente no ano que a OMS estava prestes a declarar a doença erradicada.

Mas se, na época, a varíola já estava extinta graças aos esforços internacionais de vacinação, como a mulher contraiu o vírus?

Janet Parker começou a se sentir mal no dia 11 de agosto de 1978, quando apresentou dor de cabeça, dores no corpo e irritações na pele que formavam manchas vermelhas. Foi inicialmente diagnosticada com catapora.

Mas a saúde da fotógrafa se deteriorou rapidamente; no dia 20 de agosto, foi internada com muita fraqueza e muitas pústulas em sua pele. As suspeitas da equipe médica se confirmaram: Parker tinha varíola. Ela precisou ser isolada no hospital; os médicos e enfermeiros tiveram que tomar várias precauções para não serem infectados, e sua família e todas as pessoas com quem ela teve contato nos dias anteriores entraram em quarentena.

Como isso era possível? O último caso de varíola tinha sido registrado um ano antes, na Somália, e era um quadro de Variola minor, uma versão mais fraca da doença (Parker tinha Variola major, mais grave e letal). Graças aos intensos esforços de vacinação, a doença havia sido erradicada no mundo todo, e certamente já fora extinta na Inglaterra e em outros países desenvolvidos.

Continua após a publicidade

A aparente volta do vírus era uma notícia terrível: ao longo dos milênios, a varíola foi uma das doenças mais temidas por todos, extremamente contagiosa e matando cerca de um terço dos infectados. Só no século 20, estima-se que 300 milhões de pessoas pereceram de varíola.

A vacinação tinha mudado isso, até agora. Descobriu-se, então, que Parker fora infectada num trágico acidente. Na sala debaixo onde trabalhava, na Universidade de Birmingham, ficava o laboratório do professor e pesquisador Henry Bedson, que estudava justamente a varíola e era referência na área. Havia amostras do vírus, que não foram armazenadas corretamente e vazaram. De alguma forma que nunca foi esclarecida, o patógeno chegou à sala de Parker, e ela contraiu uma variante particularmente virulenta e letal.

Parker morreu no dia 11 de setembro, um mês depois dos primeiros sintomas. Sua mãe também foi diagnosticada com varíola, mas teve sintomas leves e se curou. Mas outra morte aconteceu nesta história: o professor Henry Bedson, responsável pelo laboratório em que houve o vazamento do vírus, cometeu suicídio naquele mesmo mês. Ele deixou uma nota pedindo desculpas.

Continua após a publicidade

O caso fez com que a OMS adiasse o anúncio de que a varíola estava oficialmente erradicada. Isso aconteceu em 1980. Até hoje, essa é a única doença humana que foi totalmente eliminada pela ciência.

Compartilhe essa matéria via:

A tragédia também fez com que cientistas do mundo todo repensassem as pesquisas sobre varíola. Várias amostras que continham o vírus ativo foram destruídas, ou então foram movidas para laboratórios de segurança máxima nos EUA e na Rússia. Até hoje, esses são os dois únicos lugares onde o vírus da varíola existe – e, apesar de todos os protocolos de segurança, ainda há um debate sobre se essas amostras também não deveriam simplesmente ser destruídas, para evitar de vez um ressurgimento da varíola. 

Continua após a publicidade

Por outro lado, manter o vírus pode ser importante para estudá-lo e desenvolver novos antivirais caso a doença volte.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

ECONOMIZE ATÉ 82% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 2,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$35,88, equivalente a R$ 2,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.