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Será que Marco Polo nunca foi à China?

O explorador mais famoso da história pode nunca ter pisado no Extremo Oriente

Por Thiago Lotufo
Atualizado em 5 jan 2017, 16h48 - Publicado em 31 ago 2003, 22h00

Imagine que você vai pela primeira vez na vida ao Rio de Janeiro. Ao voltar para casa, vai contar sobre as praias, os botequins, as garotas de Ipanema, mas também sobre o Corcovado e o Pão de Açúcar. Não é? Afinal, nada mais natural do que visitar os lugares mais turísticos da capital fluminense.

Marco Polo, dizem, foi à China, ficou 17 anos por lá e quando retornou à Itália não fez uma menção sequer à famosa muralha do país. Ele também não contou nada sobre o uso da caligrafia entre os chineses nem sobre o hábito de tomar chá.

Essas falhas na narrativa podem ser um sinal de que Marco nunca esteve na China. Mas também pode ser que o veneziano, pelo fato de ser comerciante, talvez tenha ficado com os olhos mais atentos para as riquezas dos chineses.

Amigo do Imperador

Marco teria partido para o Oriente em 1271 com seu pai, Nicolò, e seu tio, Maffeo. Viajou por 24 anos, sendo que 17 deles foram gastos na China. Por lá, o veneziano ficou amicíssimo do imperador mongol Kublai Khan e correu o interior do império como seu emissário. De volta a Veneza, em 1295, fez relatos fabulosos do Oriente. Contou que os chineses usavam papel como dinheiro, carvão fóssil e pratos de porcelana. Descreveu em detalhes a Rota da Seda e os ricos e grandiosos palácios. Reuniu tudo num livro: O Livro das Maravilhas, também conhecido por Descrição do Mundo ou As Viagens de Marco Polo. Por causa das histórias, foi apelidado de Il Milione, nome dado a um personagem do carnaval de Veneza contador de lorotas.

A historiadora inglesa Frances Wood, por exemplo, acredita que Marco Polo nunca foi à China e que se apropriou de relatos de viajantes persas e árabes. Para ela, até mesmo a autoria da obra, escrita em terceira pessoa, é duvidosa. Pode ter sido ditada a Rustichello de Pisa, trovador com quem Marco dividira a cela por um ano, em 1298, após ter sido capturado pelos genoveses numa batalha. Mais: a historiadora até levanta a hipótese de que Marco Polo poderia ser um personagem inventado pelo próprio Rustichello. Será possível que Marco Polo nem tenha existido?

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