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Antigo cemitério para animais de estimação é encontrado no Egito

Mais de 500 túmulos de cães, gatos e macacos foram encontrados em um cemitério de 2 mil anos – revelando uma relação próxima entre os humanos e seus animais de estimação.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 1 mar 2021, 19h11 - Publicado em 1 mar 2021, 18h42

A paixão dos humanos por animais de estimação não é recente. Se hoje muitos donos fazem festas de aniversário para seus pets, há dois mil anos eles eram homenageados com coleiras, ornamentos e túmulos especiais. Essas regalias foram encontradas em um cemitério construído na antiga cidade de Berenice, Egito.

Esse sítio arqueológico foi descoberto em 2011, mas os pesquisadores ainda não sabiam ao certo o que havia no local. Após uma escavação detalhada, cientistas da Academia Polonesa de Ciências encontraram 585 esqueletos de cães, gatos e macacos enterrados em covas individuais. Alguns deles portavam acessórios ou estavam cobertos por tecidos ou cerâmica, em um formato que lembra um sarcófago. O cemitério foi usado entre os séculos dois e um antes de Cristo.

A equipe de pesquisadores já havia publicado um artigo em 2017, em que descreviam 100 esqueletos de animais (majoritariamente gatos) na escavação. Naquela época, ainda não estava claro que o local tratava-se de um cemitério, já que as carcaças poderiam ter sido descartadas em um lixão. A análise mais detalhada foi publicada no início deste ano no periódico World Archeology.

Os ornamentos e a maneira como os animais foram sepultados indica que eles tinham uma relação próxima com os humanos, parecida com a que existe hoje. Os autores sugerem que a população de Berenice mantinha laços emocionais com seus bichos de estimação, já que enterrá-los dessa forma não oferecia nenhuma vantagem direta aos donos. 

Os pesquisadores também não encontraram nenhum sinal de mumificação, sacrifício ou outras práticas que poderiam ter sido feitas com os animais, como provavelmente ocorreu no cemitério canino de Ashkelon, em Israel. A arqueóloga Marta Osypinska e os outros colaboradores do artigo descartam que os animais do cemitério egípcio tenham sido usados em rituais.

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Hoje, os bichos de estimação não costumam ter nenhuma utilidade a não ser servirem de companhia, mas não era assim na antiguidade. Gatos provavelmente eram usados para caçar roedores e os cachorros poderiam servir para guardar as casas. No entanto, as descobertas feitas no cemitério mostram que esses animais eram mais do que apenas serviçais dos donos.

A equipe de pesquisadores contou com a ajuda de um veterinário para determinar a saúde, dieta e causa de morte dos animais. A maior parte dos gatos – que representam 90% dos animais enterrados – parece ter sido vítima de ferimentos ou doenças. 

Os cachorros – que compõem 5% dos cadáveres – tendiam a morrer com uma idade avançada. Muitos já tinham perdido dentes ou sofriam de doenças da gengiva e articulações quando foram enterrados. Isso indica que os humanos precisaram cuidar desses animais nos últimos meses ou anos de vida, quando eles já não estariam aptos a caçar.

É parecido com o que fazemos hoje. Os donos de animais de estimação (pelo menos os decentes) não abandonam seus companheiros quando adoecem, algo que poderia ter acontecido na antiguidade caso eles fossem usados apenas para fins práticos. “Nós encontramos animais com mobilidade reduzida, que precisavam ser alimentados para sobreviver”, diz Osypinska à Science Magazine. A pesquisadora espera que o estudo incentive mais pesquisas sobre a relação entre humanos e animais de estimação na antiguidade.

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