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Cemitério chinês de 2,5 mil anos tem indício mais antigo do uso de maconha

Tumbas em região árida da Ásia Central, de onde a Cannabis é nativa, revelam que ela era consumida em rituais funerários.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 jun 2019, 16h05 - Publicado em 13 jun 2019, 16h04

A evidência mais antiga do consumo de maconha como droga pelo ser humano foi encontrada em um sítio arqueológico no extremo oeste da China que data do século 5 a.C. O cemitério de Jirzankal fica 3 mil metros acima do nível do mar, nas montanhas de Pamir – próximas à fronteira com o Tajiquistão, um país obscuro da Ásia Central. Lá foi encontrado um conjunto de dez braseiros de madeira, em que pedras incandescentes, recém-retiradas do fogo, eram utilizadas para queimar a Cannabis.

Não se sabe ao certo por quê a população pré-histórica que habitou a região nessa época inalava a fumaça da droga durante velórios. O mais provável é que o efeito psicoativo ajudasse a embalar ritos funerários bem mais animados que um enterro brasileiro típico – inclua aí altos papos com espíritos ancestrais e a mãe Natureza. Os crânios encontrados nas tumbas contém orifícios, e muitos ossos estão fraturados, sinal de que rituais de sacrifício barra-pesada eram realizados no local.

A descoberta, publicada ontem (12) no periódico Science Advances, é de uma equipe da Academia Chinesa de Ciências. Eles analisaram os braseiros utilizando uma técnica chamada cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Você não precisa saber o que significa toda a sequência de palavras – basta entender que, por meio do método, é possível identificar quantidades minúsculas de uma molécula qualquer.

Os chineses encontraram canabinol, uma substância que é produzida quando o tetrahidrocanabinol (THC) – princípio ativo da maconha – oxida. A proporção entre canabinol e outros subprodutos da queima da maconha indica que as plantas usadas nos rituais funerários de Pamir continham uma concentração anormalmente alta de THC.

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É difícil saber se o cemitério foi instalado perto de um lugar em que a maconha disponível na mata nativa das redondezas era naturalmente mais forte ou se os humanos da época domesticaram a planta e selecionaram artificialmente os exemplares de… calibre mais alto. A droga, aparentemente, era reservada à elite: só as tumbas mais sofisticadas continham braseiros.

Outro sítio arqueológico da região, chamado Jiayi e localizado a 1,6 mil quilômetros de Jirzankal, é mais antigo (data do século 8 a.C.) e já contêm amostras da planta em locais com atividade humana – mas não havia nenhuma evidência de que ela fosse queimada e inalada habitualmente.

Cannabis é nativa da Ásia Central, e é de lá que vem os relatos escritos mais antigos do uso da droga. Heródoto, em seu Histórias, descreve como os povos que habitavam as estepes ao redor do mar Cáspio (mais ou menos na mesma época em que foram datados braseiros recém-descobertos) se sentavam em pequenas tendas para queimar plantas. A Ásia Central não está no imaginário dos brasileiros, mas além da maconha, é berço de muitas outras coisas familiares: maçãs, cavalos e a inspiração para o povo Dothraki de Game of Thrones.

 

 

 

 

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