As 5 árvores mais casca-grossa da história
Para quem não pode sair do lugar, árvores até que são bem influentes: um choupo, na década de 1970, quase motivou uma guerra entre EUA e Coreia do Norte. E um carvalho galês, sozinho, impediu a construção de um viaduto.
1. L’Arbre du Ténéré
A acácia solitária que você vê na foto abaixo foi, por décadas, a árvore mais isolada da Terra: cravada no meio do deserto do Saara, no Níger, era o único pontinho verde em um raio de 200 quilômetros. No inverno de 1938, um poço artesiano foi escavado a alguns metros de distância do vegetal, e suas raízes foram vistas tocando a água a quase 40 metros de profundidade – o que ajuda a explicar sua sobrevivência improvável.
Por anos, a Arbre du Ténéré serviu como uma espécie de farol que guiava nômades no deserto – função que foi oficializada neste mapa. Ela sobreviveu a décadas de camelos famintos e pessoas com frio em busca de lenha, mas não resistiu à tecnologia: em 1973, foi atropelada por um motorista de caminhão bêbado. Seu tronco foi guardado com carinho e hoje está exposto no Museu Nacional do Níger. No lugar em que ela ficava, uma escultura metálica serve de memorial.
2. O carvalho de Brimmon
A vice-campeã da edição de 2017 do concurso europeu de árvore do ano está enraizada no País de Gales. Tem mais de 500 anos e fica no terreno de uma tradicional família de agricultores – sua copa fez sombra a um casamento celebrado em 1901, do qual há uma foto. Em 2015, as autoridades planejaram derrubá-la para abrir caminho para a construção de um viaduto da rodovia A384. Uma petição com 5 mil assinaturas impediu o ato – e garantiu uma área de exclusão de 15 m em torno da árvore, em que nada pode ser construído.
3. O incidente do choupo
Em 18 de agosto de 1976, dois militares norte-americanos estacionados na fronteira da Coreia do Sul escoltavam um grupo com a missão de derrubar um choupo. A árvore estava impedindo o contato visual entre um checkpoint da ONU e uma guarita de vigilância. Nada feito: os guardas de fronteira da Coreia do Norte mataram ambos (em um requinte de crueldade, usaram como arma justamente os machados que foram largados pelos lenhadores no chão quando a situação ficou tensa). Eles alegaram que o vegetal havia sido plantado pelo então ditador Kim Il-Sung, avô do atual líder Kim Jong-un, e tinha importância histórica para o país.
Os EUA não engoliram o sapo. Três dias depois, a árvore foi destruída na operação Paul Bunyan – batizada em homenagem a um lendário lenhador. Mais de 800 militares americanos e sul-coreanos supervisionaram a ocasião. Por coincidência, um deles, Moon Jae-in, foi eleito presidente de seu país em 2017.
4. Hibakujumoku
Esta não é uma árvore específica, mas um termo japonês que designa qualquer árvore que tenha sobrevivido à bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945. Foram 170, de várias espécies – a da foto abaixo é um eucalipto. Elas não têm nada de especial – a não ser, claro, o fato de que aguentaram a radiação e uma bola de fogo cujo núcleo alcançou 1 milhão de graus Celsius.
5. As oliveiras-irmãs de Noé
Reza a tradição libanesa que essa dupla de árvores, plantadas no vilarejo de Bcheale, no norte do país, tem algo entre 5 mil e 6 mil anos de idade – o que as que colocaria em uma posição privilegiada na lista de vegetais mais antigos do mundo. Noé – sim, o da arca – teria levado consigo galhos delas. A Associação para Preservação do Patrimônio Libanês garante que técnicas modernas de datação foram usadas por cientistas de todo o mundo para comprovar a idade dos vegetais, mas não fornece links para nenhum artigo científico. Em 2012, o jornal libanês Daily Star noticiou em tom ufanista que as duas anciãs ainda produziam azeite de alta qualidade.