Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Beleza: o mais poderoso dos ímãs

Todos procuram a beleza, mas ninguém sabe direito o que ela é.

Por Igor Fuser
Atualizado em 2 dez 2016, 13h36 - Publicado em 14 nov 1999, 22h00

Gosto não se discute, diz o bordão. Ninguém duvida, no entanto, de que girassóis são muito mais atraentes do que repolhos. A ideia da beleza acompanha o pensamento humano desde os primeiros registros de sua existência. Quem observa as pinturas pré-históricas como as da caverna de Lascaux, na França, não consegue deixar de imaginar que os nossos avós da Idade da Pedra já tinham um apurado senso estético muito antes de inventarem a roda.

Os gregos antigos tratavam a beleza como algo sobrenatural, um sinal da presença divina. Na Idade Média, os teólogos católicos cultivavam uma atitude ambivalente em relação a ela. Eles temiam a beleza como tentação demoníaca e vaidade mundana. Ao mesmo tempo, a reverenciavam como sinal da graça de Deus, já que o homem teria sido feito à sua semelhança. O escritor alemão Thomas Mann (1875-1955) a definiu, em seu romance Morte em Veneza, como “a única virtude que podemos perceber por meio dos nossos sentidos”. As demais virtudes, como a bondade, a sabedoria e a verdade, são invisíveis.

Beleza: o mais poderoso dos ímãs

De todas as formosuras, a mais poderosa é aquela que diz respeito aos próprios seres humanos. No mundo inteiro, gasta-se mais com beleza que com educação. No Brasil, há mais vendedoras da Avon do que membros das Forças Armadas. Futilidade? O escritor russo Leon Tolstói (1828-1910), que de fútil não tinha nada, lamentava o fato de ter “o nariz muito grande, os lábios grossos demais e um par de olhos pequenos e cinzentos”. Segundo ele, “nada causa um impacto maior no desenvolvimento de um homem do que a sua aparência, não tanto a aparência real quanto a sua convicção de ser ou não atraente”.

Continua após a publicidade

Aqui, você verá o que a ciência tem feito para entender esse fenômeno misterioso que nos leva a atravessar oceanos para apreciar as maravilhas da natureza e da criação artística – e a gastar boa parte do nosso dinheiro com roupas, cosméticos e ginástica, sem nunca ficarmos satisfeitos com a nossa aparência.

Beleza: o mais poderoso dos ímãs

O dedo do gênio

Albrecht Dürer (1471-1528), o maior artista alemão do período renascentista, “foi o primeiro pintor a se tornar obcecado pela própria imagem”, na definição do historiador inglês John Berger.

Continua após a publicidade

Ninguém, antes dele, fez tantos auto-retratos. Maior do que o narcisismo de Dürer era o seu esforço em estabelecer padrões estéticos capazes de representar a beleza humana de uma forma geometricamente exata.

Beleza: o mais poderoso dos ímãs

Inspirado pelos antigos gregos, que estabeleceram os modelos – ou cânones – das proporções artísticas, o alemão escolheu como medida principal em todas as suas obras o comprimento do seu dedo médio. Um dedo correspondia à largura da mão, e esta era proporcional ao antebraço.

Continua após a publicidade

A partir daí, construiu cânones para o corpo inteiro. Durante mais de 350 anos, até o impressionismo romper com a estética tradicional, os pintores e os escultores pautaram suas obras por um modelo de beleza que tinha como unidade essencial os dedos de Dürer – que, por acaso, eram muito longos. “Imagine o que teria acontecido com a arte ocidental se ele tivesse os dedos curtos!”, escreveu a psicóloga americana Nancy Etcoff, autora do estudo contemporâneo mais abrangente sobre a beleza humana, A Lei do Mais Belo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.