Big Brother Bandejão
Restaurante universitário na Holanda usa câmeras para entender o que nos influencia na hora de comer e beber
Texto Tarso Araújo
Uma decoração temática de praia pode aumentar o consumo de frutos do mar? O número de vezes que mastigamos afeta a quantidade que comemos? Em qual situação escolhemos alimentos mais saudáveis: ao fazer fila ou ao caminhar livremente pelo restaurante? Para você, todas essas dúvidas talvez pareçam engraçadinhas e curiosas. Mas, para a indústria de alimentos, podem significar a diferença entre engolir ou torrar milhões de dólares. Como respondê-las? Basta filar uma bóia no novo bandejão da Universidade de Wageningen, na Holanda.
Com 24 câmeras no teto, balanças no chão, salas de observação, medidores de batimento cardíaco nos assentos e softwares capazes de identificar expressões faciais como “hum”ou “blergh”, o restaurante universitário é um laboratório especialmente projetado para estudar o comportamento humano na hora da rango. A experiência de alunos e professores – as cobaias – é aparentemente normal: eles entram na fila, escolhem a comida, pagam e sentam para almoçar. A diferença é que, enquanto as cobaias mastigam e bebem, pesquisadores observam tudo, cheios de perguntas sobre os mais variados tópicos. Uma empresa japonesa, por exemplo, quis saber qual tamanho um sushi deve ter para fazer sucesso no bandejão – e se comer sozinho ou acompanhado influenciaria o apetite.
As pesquisas são tocadas pela universidade em parceria com empresas de alimentação, que bancaram o laboratório de US$ 4 milhões. O investimento compensa, porque elas podem fazer testes antes de investir pesado num produto que o mercado revelaria um fracasso. Mas grana não é tudo no projeto: enquanto as empresas fazem negócio, os pesquisadores desenvolvem técnicas científicas para entender, afinal, por que gosto não se discute.