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Por que somos monogâmicos?

A monogamia surgiu entre os seres humanos para facilitar a criação da prole.

Por Débora Lerrer
Atualizado em 19 dez 2016, 17h36 - Publicado em 14 set 1999, 22h00

O casamento é uma raridade entre os mamíferos. Só 5% das espécies formam pares mais ou menos duradouros. Nas outras 95%, os indivíduos tratam de procriar com o maior número possível de parceiros, sem compromisso. Por que será que o homem – parte de uma minoria que inclui os chimpanzés e os orangotangos – adotou o estranho costume da união conjugal?

Os cientistas acham que a monogamia evoluiu por causa dos filhotes. Como os bebês primatas são muito frágeis, as fêmeas precisam de machos que as ajudem a criá-los. Mas as uniões terminam tão logo os rebentos consigam se virar sozinhos – por volta de 1 ano. Aí, tanto o pai quanto a mãe vão procurar outros parceiros.

Já entre os humanos o casamento não tem data para acabar. Para a antropóloga americana Helen Fisher, da Universidade Rutgers, isso acontece por fatores culturais. “Os primeiros hominídeos devem ter adotado um modelo de família parecido com o dos macacos”, disse. “Isso mudou com a evolução.” Além de os bebês demorarem muito mais tempo para amadurecer que os outros filhotes, o sentimento de vínculo entre os seres humanos é mais forte. O amor conjugal nasceu, assim, de uma necessidade evolutiva, mas ganhou novos rumos sob influência da cultura. Os tipos de casamento e de costumes sexuais variam de acordo com o lugar e a época. Até a opção pelo celibato, a abstinência do sexo, é considerada normal pelo homem.

Pombinhos infiéis

Até o início desta década, pensava-se que as campeãs de fidelidade entre os animais fossem as aves: 90% das espécies, como os albatrozes, formam casais. Mas exames de DNA realizados nos últimos anos mostraram que até elas dão suas escapadas. Pelo menos um quinto dos ovos das fêmeas não são fertilizados pelo dono do ninho, e sim por algum macho que se aproveitou de sua ausência. Iludido, o maridão cria os filhotes do outro como se fossem seus próprios.

“Estamos voltando à pré-história”

Autora do livro Anatomia do Amor (Editora Eureka, 1995) a antropóloga americana Helen Fisher, da Universidade Rutgers, pesquisou 62 culturas para descrever o casamento nas sociedades humanas. Ela falou por telefone à SUPER.

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SUPER: Os homens são mais promíscuos que as mulheres?

Helen Fisher: As mulheres são tão promíscuas quanto os homens. Toda vez que um homem pula a cerca, ele o faz com uma mulher. Nas pesquisas, os homens sempre relatam ter tido mais parceiras do que as mulheres. Mas quem são, afinal, essas mulheres? Ou os homens estão contando vantagem ou as mulheres estão mentindo.

SUPER: Como será o casamento no futuro?

HF: Haverá mais divórcios. Só nos Estados Unidos, a previsão é de que, em 2010, a taxa de divórcio seja 67% . É muito. Observei que, em todas as culturas em que a mulher tem independência econômica, os casamentos duram menos. Como mais mulheres trabalham fora de casa, podemos prever um crescimento dos índices de separação. Hoje, em vez de o homem dominar as finanças e as decisões, a tendência é que as relações econômicas na família se igualem. Nesse aspecto, estamos mudando em direção ao tipo de casamento que existia na época em que os hominídeos viviam da caça e da coleta, há centenas de milhares de anos, na África: uma parceria.

SUPER: Você concluiu que a maioria dos divórcios ocorre no quarto ano do casamento. Por quê?

HF: Acredito que o nosso cérebro está programado para formar um casal só o tempo suficiente para criar uma criança. Quando descemos das árvores, há milhões de anos, as mulheres precisavam de um companheiro para ajudar enquanto os filhos eram muito pequenos. Após os 4 anos de idade, em sociedades caçadoras e coletoras, as crianças já podem ser deixadas aos cuidados dos avós. Então, o casal deixa de ser essencial.

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