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Cestas de frutas de 2,5 mil anos encontradas em cidade egípcia submersa

A cidade de Thonis-Heracleion, na costa do Egito, foi engolida pelo delta do Nilo no século 7 – e redescoberta vinte anos atrás. Os achados arqueológicos não param.

Por Luisa Costa
2 ago 2021, 20h09

As ruínas submersas da cidade de Heracleion, no litoral mediterrâneo do Egito, foram descobertas 20 anos atrás. Desde então, artefatos arqueológicos não param de aparecer. A última descoberta são cestas de vime cheias de frutas que datam do século 4 a.C.

Sim, você leu certo: as frutas ainda estão lá – ainda que não particularmente comestíveis. As cestas permaneceram intocadas há 2,5 mil anos e estavam cheias de doum – o fruto de uma palmeira nativa do continente africano considerada sagrada pelos antigos egípcios. Também havia sementes de uva.

Os pesquisadores do Instituto Europeu de Arqueologia Subaquática, liderados pelo arqueólogo francês Franck Goddio, ficaram impressionados com a descoberta. Goddio afirmou ao jornal britânico The Guardian que uma possível explicação para a preservação das cestas é que elas estavam dentro de uma sala subterrânea – o que pode indicar que os objetos foram usados em um contexto funerário.

“Pode indicar” é só um jeito cauteloso de dizer: perto das cestas, havia um grande túmulo, com cerca de 60 m de comprimento e 8 m de largura. Os pesquisadores também encontraram uma série de oferendas funerárias gregas por lá, estatuetas de Osíris (antigo deus egípcio da fertilidade), espelhos e artefatos de bronze e cerâmica. Nenhum desses itens era posterior ao início do século 4 a.C.

Goddio afirma que também há evidências de incêndio no túmulo. Isso sugere que, no século 4 a.C., ocorreu uma cerimônia que impediu a entrada posterior na sala. “Esse lugar foi usado talvez uma vez e nunca tocado depois, por um motivo que não conseguimos entender por enquanto”.

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A cidade de Thonis-Heracleion

Thonis-Heracleion – respectivamente o nome egípcio e o nome grego do mesmo lugar – foi uma grande cidade na costa do Egito. Pesquisadores acreditam que, durante séculos, a cidade foi o grande porto do Egito – e só perdeu o posto depois que Alexandre, o Grande, fundou a cidade de Alexandria ali por perto, em cerca de 331 a.C.

Os gregos se estabeleceram por lá durante o final do período faraônico. No século 4 a.C. – época das cestas de frutas encontradas recentemente –, a cidade era habitada por mercadores e mercenários de origem helênica.

Localizada na baía de Abu Qir, no delta do rio Nilo, Heracleion foi parar nas profundezas do Mar Mediterrâneo no século 7, depois de uma subida gradual do nível do mar e do colapso do solo instável da cidade, segundo uma das hipóteses propostas pelos cientistas.

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A cidade ficou submersa por séculos e só foi descoberta pelo arqueólogo Franck Goddio em 2000. De lá pra cá, pesquisadores mergulham na região para vasculhar as ruínas de Heracleion – e eventualmente fazem descobertas incríveis como essas.

Foto de um mergulhador ao lado de um artefato encontrado na cidade submersa.
Arqueólogos vasculham as ruínas da cidade submersa de Thonis-Heracleion desde sua descoberta, em 2000. (Franck Goddio/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0))
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