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Conheça a história da pérola de 8 mil anos, a mais antiga do mundo

Gema preciosa foi encontrada em 2017 em um sítio arqueológico do período Neolítico que fica em uma pequena ilha próxima de Abu Dhabi.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 12 mar 2024, 15h59 - Publicado em 25 out 2019, 16h12

Arqueólogos anunciaram nesta semana a descoberta da pérola mais antiga já encontrada no mundo. Tanto a datação por radiocarbono quanto a camada de solo em que foi escavada atestam suas origens muito remotas: entre os anos 5.600 e 5.800 antes de Cristo.

A pequenina gema preciosa é de um rosa pálido e mede só um terço de centímetro. Foi localizada em 2017 em um sítio arqueológico próximo da capital dos Emirados Árabes.

Naquela época, há 8 mil anos, essa minúscula ilha a oeste da cidade de Abu Dhabi era habitada por um povo do período Neolítico — último estágio da Idade da Pedra famoso por ter sido palco do advento da agricultura e das primeiras cidades.

A Ilha Marawah abriga ruínas de pedra de uma habitação desses tempos, que pertenceu a seres humanos muito familiarizados com o mar ao redor. Há ali restos de diversas criaturas marinhas. Ossos de tartarugas, golfinhos e peixes mostram a integração com o ecossistema marítimo. E a descoberta da pérola é importante para entender como viviam essas pessoas. “A presença de pérolas em sítios arqueológicos é uma evidência de que o comércio de pérolas existe desde pelo menos o período Neolítico”, disse em vídeo Abdulla Khalfan Al-Kaabi, diretor da divisão de arqueologia do Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi.

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Produzidas pelas ostras e outros moluscos como reação à entrada de corpos estranhos, como um grão de areia ou outro animal, as pérolas sempre foram  valorizadas pela humanidade. Ao lado das pedras e do metais preciosos, essas gemas valiam fortunas e eram usadas para decorar jóias e itens de luxo. Diversos documentos históricos citavam Abu Dhabi como um importante centro produtor desses pequenos tesouros.

Ao longo dos séculos e principalmente durante o século 19, a principal fonte de renda da cidade vinha do comércio de pérolas, até que o petróleo entrou em cena — e os japoneses dominaram a indústria das bolinhas preciosas. Eles desenvolveram técnicas de cultivo que criavam pérolas perfeitas, redondas e lisinhas. Antes disso, povos como o de Marawah tocavam o processo de um jeito mais artesanal, mergulhando para caçar pérolas selvagens.

Por muito tempo, não se soube ao certo quando os mergulhos começaram. O achado, que surpreendeu até mesmo os arqueólogos, revela que essa prática é muito mais antiga do que se pensava entre os locais. “A Pérola de Abu Dhabi é uma descoberta impressionante, um testemunho das origens antigas de nossa interação com o mar”, disse em comunicado Mohamed Khalifa Al Mubarak, chefe do Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi. 

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“A descoberta da pérola mais velha do mundo em Abu Dhabi deixa claro que muito da nossa história econômica e cultural recente tem raízes profundas que se estendem até a aurora da pré-história”, ressaltou Al Mubarak. No mesmo sítio arqueológico, que começou a ser escavado em 1992, os pesquisadores encontraram cerâmicas da Mesopotâmia — indício de que o povo de Marawah trocava suas pérolas por bens de civilizações próximas.

A “nova” gema bateu o recorde da pérola que até então detinha o título de mais antiga do mundo, desenterrada em 2012 em outro dos sete emirados árabes, o de Umm Al Quwain. Ela data de 5.500 a. C. Além da preciosidade prática, tudo indica que essas bolinhas também tinham um alto valor simbólico e mesmo ritualístico na região. Várias delas já foram encontradas em sepulturas, onde eram depositadas sobre os lábios do falecido.

Na semana que vem, a pérola rosada entra em exibição pela primeira vez. Será um dos 350 artefatos preciosos da exposição “10.000 anos de Luxo”, organizada pelo Louvre Abu Dhabi entre 30/10 e 18/2 de 2020. As peças incluem desde um carpete mameluco do século 15, até objetos modernos de marcas como Louis Vuitton e Chanel, para explorar a história e o significado dos bens de luxo desde a antiguidade até os tempos atuais.

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