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Construa o seu buraco negro

Eles são os maiores, mais poderosos emisteriosos objetos da galáxia, e um dia poderão estar em um laboratório perto de você.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h24 - Publicado em 31 Maio 2006, 22h00

Renata Hydalgo

Imagine uma estrela tão grande que nem ela mesma conseguisse suportar o próprio peso e acabasse colapsando toda a sua massa em um pequeno ponto. A gravidade em volta dela seria tão forte, mas tão forte, que engoliria tudo o que estivesse em volta. Até mesmo a luz, a coisa mais rápida do Universo, ficaria presa ali. Os físicos há décadas imaginam e calculam como seriam esses objetos: os buracos negros. Mas, como nenhuma luz sai dali, ninguém nunca pôde ver um deles no espaço – o máximo que se pode fazer é deduzir onde eles estão pela forma como atraem os objetos ao redor. Mas agora o físico brasileiro Mario Novello e seus colegas do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, estão imaginando uma outra forma de pesquisá-los: construindo um em laboratório. E o melhor: sem o risco de que ele engula as ferramentas, o cientista e o planeta inteiro.

É claro que o buraco negro seria um pouco diferente. Para começar, ele só absorveria a radiação eletromagnética, como a luz, raios X e ondas de rádio. As idéias que dão base a esse tipo de experiência começaram na primeira década do século 20, com Albert Einstein. Antes dele, acreditava-se que a luz era uma onda que se propagava no espaço em linha reta, não sofrendo qualquer interferência de campos gravitacionais fortes como o do Sol. Einstein demonstrou que a luz também é atraída pela gravidade e que não é apenas uma onda, mas também é composta de corpúsculos, os fótons. Já na metade do século, o físico alemão Werner Heisenberg descobriu que esses fótons podiam interagir consigo próprios: mesmo sem apresentarem cargas elétricas, eles conseguiam se atrair e se repelir. Descobriu-se então que a luz obedece a uma geometria diferente da que rege os outros corpos, válida apenas para os fótons, essas pequenas partículas de luz.

Com base nessas teorias, Novello e outros pesquisadores imaginaram que seria possível fabricar processos em laboratório nos quais se criaria um campo muito denso de radiação eletromagnética, que faria fótons atrair fótons da mesma forma que um buraco negro atrai qualquer matéria. “Não seria um verdadeiro campo gravitacional, mas as propriedades de ordem prática seriam as mesmas”, diz o físico. Nesse buraco negro eletromagnético, toda a matéria sairia intacta, mas a luz seria aprisionada.

Novello diz que não será ele o professor Pardal a pôr em prática sua tese. “Você pode dar asas à imaginação e visualizar as estranhas e formidáveis situações que estes buracos negros eletromagnéticos permitirão realizar quando conseguirmos a tecnologia para desenvolvê-los em laboratório. Por enquanto, temos só a teoria”, afirma. Se for construída, a experiência poderia ser algo como uma sala esférica fechada e escura, em que a única coisa visível seriam grandes feixes de laser projetados em direção ao centro. Com o passar do tempo, os feixes de laser começariam a se entortar e tangenciar o ponto central, até se tornarem invisíveis. Estaria ali um buraco negro. Inofensivo, mas com os mesmos enigmas dos seus irmãos gigantescos.

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