De espiões e cortesãs
Segundo os espiões, as cortesãs roubaram algo que seria privilé gio deles: o título de profissão mais antiga do mundo.
Marcelo Cabral, editor
Em meio à comunidade dos agentes de inteligência, uma das reclamações mais comuns é sobre a honestidade das prostitutas. Segundo os espiões, as cortesãs roubaram algo que seria privilé gio deles: o título de profissão mais antiga do mundo.
Seja lá quem tenha razão nessa disputa, é incontestável que a atividade de espionar o próximo nasceu praticamente junto com os primeiros registros organizados da história humana. Conforme você poderá conferir nesta edição, antigos escritos chineses e indianos já traziam descrições de atividades de disfarce e subversão. Os povos egípcio e hebreu utilizavam serviços de inteligência bem estruturados em seus conflitos, antecipando as intennináveis brigas de hoje na região do Oriente Médio. Isso para não falar dos japoneses, que usavam os famigerados ninjas para roubar informações dos inimigos. Sim, as prostitutas provavelmente podem citar exemplos parecidos no caso de sua atividade, mas vamos deixar essa discussão para outra hora.
O importante é que, ao longo de todos esses séculos, o que não mudou foi o fascínio exercido pela espionagem. Paradoxalmente, uma atividade feita em sigilo é objeto de uma das maiores exposições culturais da sociedade atual, capaz de gerar ídolos como James Bond – caminhando firme e forte para sua 6ª década na ativa – e contrapartes como Austin Powers e o glorioso Maxwell Smart. Um verdadeiro fenômeno pop.
Quais os motivos de todo esse interesse? Muitos livros já foram escritos sobre a questão. Uns apontam o glamour da aura de sombras e mistério da profissão. Outros citam o lado aventureiro da atividade, com as inacreditáveis façanhas perpetradas pelos agentes secretos. Finalmente, há quem aponte a própria dualidade dos espiões – entre eles há assassinos e salvadores, traidores e heróis, homens e mulheres, ameaçadores e sedutores – como um reflexo das várias facetas existentes dentro de cada um de nós. Teorias à pane, tentamos capturar nesta edição um pouquinho de cada um desses ingredientes e reuni-los na forma de uma saborosa – e informativa – leitura. Se nós fomos bem-sucedidos nessa missão, só quem poderá julgar é você, leitor.
Boa diversão.