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Destruição de Pompeia incluiu terremotos durante erupções vulcânicas

Novo estudo nas ruínas da cidade encontrou restos de moradores que sobreviveram à primeira fase da tragédia, mas que sucumbiram aos tremores logo depois.

Por Bela Lobato
18 jul 2024, 19h00

Podia ser só mais um par de dias comuns em 79 d.C. na cidade de Pompeia, na Itália. Mas não foi: cerca de 20% de seus 13 mil habitantes foram dizimados. Agora, cientistas descobriram mais detalhes sobre a linha do tempo dos eventos naturais que causaram a destruição da cidade. Para além de provocar chuvas de pedras e inundar a cidade com cinzas vulcânicas, a erupção do Vesúvio também foi acompanhada por um terremoto violento.

Na verdade, essa parte não é exatamente novidade. A erupção do Vesúvio durou dois dias, e registros do escritor Plínio, o Jovem, que via tudo de uma cidade próxima, apontam que houve tremores durante a noite do primeiro dia e ao amanhecer do dia seguinte.

Mas, até então, essa história não passava de um relato, sem outros elementos que comprovassem a existência e os impactos desses abalos sísmicos. Até que uma equipe de pesquisadores liderada por Domenico Sparice, do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália, decidiu investigar essa lacuna no registro histórico. O resultado foi publicado hoje (18) na revista Frontiers in Earth Science.

Agora, a linha do tempo da destruição de Pompeia é assim: no primeiro dia, uma chuva de pequenas pedras vulcânicas durou 18 horas e causou o desabamento de telhados, matando pessoas que buscavam abrigo. Agora, sabemos que, quando tudo isso parecia ter passado, um terremoto sacudiu a cidade. 

Por fim, no dia seguinte, uma avalanche em alta velocidade de cinzas e detritos inundou as ruas de Pompeia, derrubou estruturas e matou instantaneamente uma grande parte da população restante – seja por incineração ou por sufocamento.

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Foi a primeira vez que a pesquisa em campo em Pompeia incluiu arquesismólogos, ou seja, arqueólogos especializados nos impactos deixados por abalos sísmicos. Sparice conta que estavam estudando um local em que funcionava um ateliê de pintores quando encontraram construções colapsadas com características “completamente diferentes daquelas normalmente atribuídas a fenômenos vulcânicos”.

A escavação também revelou um par de esqueletos, um deles com os braços sobre a cabeça, como se tentasse se proteger debaixo de um objeto circular de madeira. Análises dos ossos permitiram concluir que seus padrões de fratura são compatíveis com esmagamentos, os mesmos observados em vítimas de terremotos modernos.

Ossos humanos em meio ao solo.
(Parque Arqueológico de Pompéia/Reprodução)
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O mais importante: os esqueletos foram encontrados em cima de detritos vulcânicos que foram liberados no primeiro dia, e não enterrados neles. Já em cima das paredes, os resíduos oriundos do segundo dia se acumulam. O cenário dos dois infelizes pintores é a primeira evidência de que algumas pessoas sobreviveram à primeira fase da erupção, mas foram mortas em desabamentos antes da chegada do caos do dia seguinte.

“O estudo antropológico e paleopatológico aprofundado dos esqueletos pode fornecer pistas importantes que podem contribuir para a avaliação da dinâmica do colapso”, explica Sparice. O autor aponta que a interdisciplinaridade da equipe foi essencial para a descoberta, e pode apontar para novos entendimentos sobre “terremotos passados e pouco conhecidos”.

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