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Estudo revela origens surpreendentes da obsidiana usada pelos astecas

Centenas de objetos encontrados no maior templo do Império Asteca mostram uma rede de comércio extensa e complexa na Mesoamérica.

Por Bruno Carbinatto
18 Maio 2025, 10h00

Ferramentas, armas, joias e figuras religiosas: os astecas usavam a obsidiana, um tipo de rocha vulcânica, para um pouco de tudo no dia a dia do império. Agora, um novo estudo analisou centenas desses objetos para investigar a origem do material, e descobriu uma ampla e inesperada rede de comércio que cobria grande parte do território que é o atual México.

O Império Asteca, formado no começo do século 15, conquistou e governou grande parte do que hoje é o México central até ser derrotado em 1521 pelos colonizadores espanhois. Tenochtitlan, sua maior cidade, é hoje um dos sítios arqueológicos mais famosos do mundo, próximo à capital mexicana.

A obsidiana era usada para fazer ferramentas e lâminas, já que tem um aspecto afiado, parecido com o de vidro. Por sua aparência brilhante e escura, também era amplamente usada nas artes dos astecas, incluindo naquelas com significado religioso e cerimonial.

No novo estudo, pesquisadores da Universidade Tulane, nos EUA, e do Instituto Nacional de Antropologia e História, do México, analisaram 788 artefatos de obsidiana encontrados no Templo Mayor, o mais importante templo de Tenochtitlan. Entre os instrumentos estudados estavam facas, brincos, caveiras decoradas, urnas, pingentes e olhos de obsidiana para estátuas.

A análise da composição das rochas revelou que elas vinham, em sua maioria, de Sierra de Pachuca, uma cadeia de montanhas localizada a nordeste de Tenochtitlan, dentro do território do império. Mais de 90% da obsidiana estudada tinha essa origem, usada principalmente em objetos ritualísticos – a região possui rochas que se destacam por sua cor verde.

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Mas não só: outras sete localidades foram identificadas pelos pesquisadores, algumas das quais não estavam sob a influência direta dos astecas, como a região de Ucareo, do povo Purépecha, no oeste do México.

Esses itens feitos de obsidiana vinda de fora do império eram, principalmente, ferramentas e utensílios do dia a dia. A rocha, de cor mais escura e menos esverdeada, provavelmente era trazida de fora das fronteiras astecas e vendida em mercados locais – o que significa que esses itens não ficavam restritos às elites econômicas e religiosas, mas também eram usados pela população em geral.

As descobertas indicam que o Império Asteca, conhecido por sua força militar e expansionista, não vivia só de conquista: também mantinha uma rede complexa de comércio com outras regiões da Mesoamérica.

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Os cientistas conseguiram descobrir a origem de cada rocha usando uma técnica chamada fluorescência de raio X, que revela quais elementos químicos estão presentes no objeto. Os diferentes átomos (e suas respectivas concentrações), por sua vez, funcionam como “impressões digitais”, indicando em qual região a obsidiana foi extraída.

“Esse tipo de análise de composição química nos permite traçar como a expansão imperial, as alianças políticas e as redes comerciais evoluíram ao longo do tempo”, diz Diego Matadamas-Gomora, pesquisador no Departamento de Antropologia da Universidade Tulane.

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O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

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