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Guerra Fria

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h21 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

José Francisco Botelho e Eduardo Lima

Erro – Embarcar numa corrida armamentista assustadora e financiar golpes de Estado no mundo todo.

Quem – EUA e URSS.

Quando – Entre as décadas de 1940 e 1980.

Consequências – O mundo esteve à beira de um holocausto nuclear; a marcha rumo à democracia foi barrada em várias partes do globo, e o desenvolvimento econômico foi retardado em outras tantas; desencadearam-se conflitos bárbaros como as guerras da Coreia, do Vietnã e do Afeganistão; e surgiram bizarrices como o Muro de Berlim.

Entre os anos de 1948 e 1989, o mundo esteve bem perto de acabar. Mais de uma vez nesse período, chegamos a um triz de uma guerra nuclear entre EUA e URSS que provavelmente significaria o extermínio da humanidade – já que as duas superpotências mantinham em seus arsenais bombas e ogivas suficientes para destruir o planeta várias vezes. Embora a animosidade entre os dois países fosse quente, mas muito quente mesmo, esse enfrentamento ficou conhecido como Guerra Fria. E trouxe prejuízos enormes não apenas para eles, os protagonistas do confronto, mas para quase todas as nações.

Antigos aliados

A disputa entre EUA e URSS começou logo depois de encerrada a 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Americanos e soviéticos lutaram juntos contra Adolf Hitler e saíram do conflito como os grandes vitoriosos. Mas enxergavam o mundo por óticas antagônicas. Enquanto os EUA eram – e continuam sendo – os representantes máximos da ordem capitalista, a URSS era a timoneira do comunismo. Nada mais natural, portanto, que se enfrentassem na disputa pela hegemonia global. Só não precisavam fazê-lo daquela forma, embarcando numa corrida armamentista assustadora e financiando golpes de Estado ao redor do mundo para angariar aliados ou não perdê-los para o inimigo (leia mais no quadro à direita).

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Exemplo de que o confronto poderia ter sido bem menos destrutivo talvez seja a relação mantida atualmente entre EUA e China, as superpotências do momento. O antagonismo ideológico – capitalismo x comunismo – continua existindo. Os dois países também estão sentados sobre grandes arsenais nucleares. Mas, diferentemente do que ocorreu na Guerra Fria, o embate entre eles se dá apenas nos campos diplomático e econômico.

É bem verdade que EUA e URSS nunca se encontraram no campo de batalha. Em vez disso, as duas potências armavam aliados e deixavam que eles brigassem em seu nome. Foi mais ou menos isso o que ocorreu, por exemplo, na Guerra da Coreia, que custou a vida de pelo menos 3 milhões de pessoas entre 1950 e 1953. Estudiosos do tema afirmam que essas “guerras por procuração”, em grande medida, foram inúteis, pelo menos no plano geopolítico. Já no econômico, quem faturava alto era a indústria bélica. “Depois da 2ª Guerra, os EUA temiam uma repetição de crises como a de 1929 e apostaram muito na corrida armamentista para salvaguardar a economia”, diz André Gattaz, professor de História da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Conflitos bárbaros

No fim das contas, a Guerra Fria não terminou em holocausto nuclear. Mas, além do medo e das ditaduras espalhadas pelo mundo, ela deu lápis e papel para que fossem escritos alguns dos capítulos mais medonhos da história recente, como a construção do Muro de Berlim, a Guerra do Vietnã e a invasão soviética ao Afeganistão. Na prática, o enfrentamento entre EUA e URSS atrasou a marcha rumo à democracia em várias partes do globo. E retardou o desenvolvimento em outras tantas.

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Boicotes olímpicos
Até no esporte a Guerra Fria fez vítimas

Em uma disputa entre cavalheiros, o importante é jamais perder a esportiva, certo? Pois tanto os EUA quanto a URSS perderam feio em 1980 e 1984, ao protagonizarem os dois maiores boicotes na história das Olimpíadas. Os jogos de 1980 ocorreram em Moscou – e, como protesto contra a invasão soviética ao Afeganistão, iniciada um ano antes, os americanos se recusaram a participar. Foram seguidos por 69 países, incluindo Canadá, Japão e Alemanha Ocidental. Os soviéticos deram o troco 4 anos depois. Alegando falta de segurança para as delegações socialistas, a URSS liderou outros 15 países num boicote aos jogos de Los Angeles.

Do ponto de vista estratégico, foram dois erros monumentais: ambos os boicotes serviram apenas para lançar os holofotes sobre as habilidades do lado oposto. Em 1980, sem a concorrência dos americanos, a URSS abocanhou a maioria das medalhas: 192, sendo 80 de ouro. Os EUA foram à forra em 1984: com a ausência de soviéticos, alemães orientais e romenos, entre outros representantes do bloco comunista, os americanos ganharam 173 medalhas (82 de ouro).

Anos de chumbo
Alguns golpes de Estado financiados ou apoiados por EUA e URSS ao redor do mundo

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EUA
País: Irã
Golpe: 1953
Caiu: M. Mossadegh
Assumiu: Reza Pahlevi

País: Congo
Golpe: 1960
Caiu: Patrice Lumumba
Assumiu: Joseph Iléo

País: Bolívia
Golpe: 1964
Caiu: Paz Estenssoro
Assumiu: R. Barrientos

País: Brasil
Golpe: 1964
Caiu: João Goulart
Assumiu: C. Branco

País: Gana
Golpe: 1966
Caiu: Kwame Nkrumah
Assumiu: Arthur Ankrah

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País: Chile
Golpe: 1973
Caiu: Salvador Allende
Assumiu: A. Pinochet

País: Argentina
Golpe: 1976
Caiu: María Estela Martínez de Perón
Assumiu: Rafael Videla

URSS
País: Cuba
Golpe: 1959
Caiu: Fulgencio Batista
Assumiu: Fidel Castro

País: Burma
Golpe: 1962
Caiu: U Nu
Assumiu: Ne Win

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País: Uganda
Golpe: 1966
Caiu: Edward Mutesa
Assumiu: Milton Obote

País: Somália
Golpe: 1969
Caiu: Sheikh Hussein
Assumiu: Siad Barre

País: Benin
Golpe: 1972
Caiu: A. Tometin
Assumiu: M. Kérékou

País: Etiópia
Golpe: 1974
Caiu: Haile Selassie
Assumiu: M. Mariam

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