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Há 50 anos, dois homens foram resgatados de um submersível no Atlântico

Quando o Pisces III chegou à superfície, 84 horas após submergir, 12 minutos de oxigênio restavam. Conheça a história do resgate mais profundo já realizado.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 jun 2023, 16h21 - Publicado em 21 jun 2023, 16h55

Jornais do mundo todo aguardam notícias do submersível Titan, um pequeno veículo de fibra de carbono revestido de titânio, com cinco passageiros, que desapareceu duas horas após partir rumo aos destroços do Titanic, que repousam no leito do Atlântico, a 690 km da costa leste do Canadá.

A embarcação turística de 6,5 m, operada pela empresa OceanGate Expedition, é controlada remotamente por um controle de videogame modificado, e tem 96 horas de estoque de oxigênio. A bordo, estavam três pagantes, o CEO da OceanGate e um mergulhador especialista no naufrágio. Nesta quinta (22), foram encontrados destroços do Titan, e a empresa anunciou que todos os tripulantes provavelmente estão mortos.

50 anos atrás, em 1973, um caso parecido teve um desfecho feliz. Ele envolveu um submersível batizado de Pisces III, com 6 m de comprimento, usado para instalar cabos de telefonia submarinos no litoral da Irlanda. O veículo usava um jato de água sob pressão para cavar trincheiras no leito oceânico. Então, a fiação era passada por esses conduítes e coberta de areia novamente.

(Até hoje, diga-se, os cabos de internet são todos submarinos: suas mensagens de WhatsApp percorrem o Atlântico rumo aos servidores da Meta na Califórnia antes de chegarem ao aparelho de seus contatos aqui no Brasil.)

Os dois tripulantes do submersível eram um engenheiro chamado Roger Mallison e um ex-operador de submarino da Real Marinha Britânica, Roger Chapman. A busca durou 76 horas e eles foram encontrados a 480 m de profundidade o que configura o resgate bem-sucedido mais profundo já realizado.

Eles submergiram na madrugada do dia 29 de agosto, com retorno à superfície previsto para as 9h da manhã. O veículo demorava 40 minutos para alcançar meio quilômetro de profundidade (é importante descer devagar por causa do aumento de pressão).

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Tudo deu certo durante a descida e a instalação dos fios de telefone. O problema foi a volta. O cabo responsável por içar o submersível de volta para o navio teve um problema e acabou rompendo uma escotilha na parte traseira do veículo.

Ao todo, uma tonelada de água inundou um compartimento isolado onde ficavam o motor e outros equipamentos do Pisces III. O peso extra virou o veículo de ponta-cabeça, e ele começou a afundar. A área ocupada pelos tripulantes permaneceu seca, e havia oxigênio para 64 horas.

O submersível afundou 175 metros e ficou preso ao navio pelo cabo. Após alguma oscilação ao sabor das correntes oceânicas, o cabo não aguentou o peso extra da água e se rompeu. Chapman e Mallison atingiram o leito a 64 km/h.

Cientes da escassez de oxigênio, eles permaneceram imóveis, em silêncio: quanto menos falassem ou se movessem, menos gás o corpo exigiria. A única comida a bordo era um sanduíche e uma lata de suco. Além do frio e da umidade, os dois homens sofreram com dores de cabeça fortes causadas pelo excesso de gás carbônico no ar.

Pisces III começou a ser içado de volta à superfície às 10h50 da manhã do dia 1° de setembro, aproximadamente 72 horas após o naufrágio. Apesar dos esforços para economizar oxigênio, havia só 12 minutos de gás restantes no momento em que os socorristas conseguir abrir a escotilha, aproximadamente às 14h.

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A operação de resgate como um todo durou 76 horas e envolveu civis e militares de vários países. O Pisces III foi “guinchado” pelo esforço conjunto de um outro submersível do mesmo modelo e por um veículo de resgate não tripulado da marinha dos EUA chamado CURV-III, que você vê na foto abaixo. O tempo total de confinamento (contando o tempo que Chapman e Mallison passaram trabalhando, antes do naufrágio) foi de 84 horas.

Submarino não tripulado de resgate da marinha americana.
(Space and Naval Warfare Systems Center San Diego/Domínio Público)

Pisces III já havia naufragado uma vez, em 1971, no litoral de Vancouver, no Canadá, quando estava sendo testado pela fabricante. O tripulante desta ocasião, por conhecer bem a situação, participou dos esforços de resgate na Irlanda. A profundidade do oceano no local em que o Titanic afundou é mais de oito vezes maior que a do resgate do Pisces III: quase 4 km.

 

 

 

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