Herdeiros de Minos
2000 a.C. - 1700 a.C.<br>A civilização minoica foi a primeira potência naval da Europa. Parece ter sido formada por um povo pacífico. E era adepta de um tipo incipiente de feminismo
Reinaldo José Lopes
Enquanto quase todo o continente europeu estava coberto por vilarejos de pastores e lavradores analfabetos, os habitantes de Creta construíam palácios de vários andares. Usavam encanamento para gerenciar o transporte de água. E vendiam azeite, vinho e artigos de luxo para o Egito e o Oriente Próximo, dominando os mares. Não se sabe ao certo quem eram essas pessoas – o apelido de “minoicos” vem de Minos, rei de Creta na mitologia grega. Suas várias formas de escrita nunca foram decifradas, o que significa que ninguém tem ideia do idioma que falavam.
Os minoicos são o mais remoto embrião da futura cultura grega. Seu modo de vida palaciano, comercial e burocrático foi incorporado por invasores do norte, os micênicos, que usaram uma das escritas cretenses como base para registrar a mais antiga forma de língua grega.
ENQUANTO IS, NA MEPOTÂMIA… CÓDIGO DE HAMURABI
As cidades antigas e briguentas do vale dos rios Tigre e Eufrates voltaram a ser governadas por um único senhor com a ascensão de Hamurabi ao trono da Babilônia, por volta de 1790 a.C. Em décadas de luta, o rei estendeu seu domínio até Mari, na Síria. E promulgou um conjunto de leis, o célebre Código de Hamurabi, que funcionaria como modelo da legislação no Oriente Médio antigo. O princípio bíblico do “olho por olho e dente por dente” já aparece nessas leis babilônicas. Entalhados em escrita cuneiforme num bloco de pedra, seus 281 artigos regulavam as relações de trabalho, família, propriedade e escravidão.
Palácio de Cnossos
Um templo povoado por belas sacerdotisas de seios nus
SEM SILICONE
Muitas pinturas e estatuetas minoicas retratam figuras femininas usando um corpete que se abria na frente, revelando os seios. A hipótese da maioria dos arqueólogos é de que elas representam sacerdotisas e deusas, cujos seios eram símbolos de fertilidade.
CORES SEM FIM
O interior do palácio era ricamente decorado com afrescos em cores vibrantes, que retratavam animais mitológicos (como grifos, com cabeça de águia e corpo de leão), cenas da vida marinha (golfinhos, polvos) e o cotidiano da classe dominante.
LABIRINTO
O mais importante centro da civilização minoica era a cidade de Cnossos, com seu grande palácio. A quantidade de salas e andares do edifício pode ter inspirado o mito grego do Labirinto de Creta, onde vivia o monstro com cabeça de boi conhecido como minotauro.
TOURO INDOMÁVEL
O afresco mais impressionante do palácio é o chamado “salto sobre o touro”, um misterioso ritual. A principal manobra era saltar sobre o bicho, agarrar seus chifres e pegar impulso para passar por cima dele. O touro, ao que tudo indica, era visto como manifestação divina.
2000 a.C.
EUROPA
• Arados sobre rodas são usados em algumas partes do continente.
ÁFRICA E O.MÉDIO
• A Suméria é invadida pelos povos amorita e elamita.
1925 a.C.
ÁSIA E OCEANIA
• Povos do vale do Indo fazem comércio com os vizinhos do Irã e com os distantes mesopotâmicos.
ÁFRICA E O.MÉDIO
• Os assírios criam um sistema de sinais luminosos (com fogo) para comunicação a distância.
1850 a.C.
EUROPA
• O bronze é obtido pela primeira vez nas ilhas britânicas.
ÁSIA E OCEANIA
• Os austronésios introduzem culturas de inhame e fruta-pão em várias ilhas do Pacífico.
ÁFRICA E O.MÉDIO
• Clãs hebreus migram para o Egito.
AMÉRICAS
• Pirâmides são construídas por vários povos dos Andes, na América do Sul.
1775 a.C.
ÁFRICA E O.MÉDIO
• A dinastia Shang desenvolve o primeiro sistema de escrita chinês.
EUROPA
• Uma erupção em Santorini devasta a civilização minoica.
1700 a.C.
Mestres dos mares
A epopeia dos austronésios no Pacífico
Do outro lado do mundo, no Pacífi co, tribos que ainda viviam na Idade da Pedra também estavam entre os maiores navegadores do planeta. Na base da remada, eles saíram de Taiwan por volta de 5000 a.C. e foram colonizando ilha por ilha, desde as Filipinas até a Ilha de Páscoa (veja o mapa ao lado). Esses mestres em travessias oceânicas pertencem ao grupo linguístico dos austronésios – ancestrais mais remotos dos nativos de ilhas como Vanuatu, Fiji, Taiti e Havaí.