Herói da contracultura
Entre uma transa e outra, se envolve em política sempre com resultados desastrosos.
Cíntia Cristina da Silva
Fritz é um gato fofinho e simpático, mas o personagem criado pelo americano Robert Crumb não é recomendado para crianças. Ele é um estudante que vive numa metrópole habitada por criaturas antropomórficas (patos, corvos e porcos), é obcecado por sexo e não recusa substâncias ilícitas e alucinógenas. Entre uma transa e outra, se envolve em política sempre com resultados desastrosos.
Fritz the Cat estreou nos quadrinhos na década de 60, quando a sociedade americana passava por mudanças radicais: a liberação sexual, o auge das drogas e os movimentos pelos direitos civis. O filme dirigido por Ralph Bakshi em 1972, Fritz the Cat (Cinemagia), é considerado o primeiro longa animado pornográfico da história. Além das divertidas orgias de Fritz na banheira, o filme apresenta uma versão divertida dos loucos anos 60 ao som de uma belíssima trilha sonora.
Apesar de o filme ser fiel ao original, Crumb o odiou. Consultado por Bakshi, ele negou os direitos de filmagem, mas sua mulher vendeu-os sem sua autorização.
Crumb se vingou da traição num fatídico quadrinho, no qual Fritz é apunhalado por uma avestruz desprezada e enlouquecida. O pobrezinho morreu jovem e no auge da fama. Crumb sobreviveu e, hoje, mora no sul da França, toca banjo e ilustra os encartes de sua banda de jazz Musette Les Primitifs du Futur.