Imagens improváveis
O fotógrafo esloveno Evgen Bavcar, cego desde a infância, impressiona o mundo com imagens que ele mesmo não consegue ver.
Rafael Kenski
Rumo à escuridão
Nascido na Eslovênia, Evgen Bavcar teve visão perfeita até os 10 anos, quando perdeu um olho em um acidente com um galho de árvore. Um ano depois, feriu a outra vista ao brincar com uma mina terrestre. Completamente cego, tirou uma foto aos 16 anos e pediu que lhe contassem o que havia registrado. Começou aí a carreira de um dos mais destacados fotógrafos contemporâneos.
Retrato dos relatos
Para produzir suas imagens, Bavcar utiliza, além de sua máquina de fabricação russa, um recurso pouco utilizado por fotógrafos: o relato de outras pessoas. Ele pede para que elas lhe descrevam cada detalhe da paisagem e monta uma imagem na sua cabeça, que depois transforma em foto.
Ditos efeitos
Bavcar se diz “cego como os astrônomos”. Assim como os cientistas precisam de instrumentos para ver os astros, ele necessita de outras pessoas para conhecer as fotos que produz. Depois que seus ajudantes lhe descrevem cada foto, ele aplica efeitos, pede que lhe digam o resultado e faz novas interferências até a imagem estar completa.
Trevas iluminadas
O fotógrafo costuma trabalhar à noite, com o auxílio de luzes artificiais. Ele diz construir suas imagens a partir das trevas e usar sua imaginação para iluminar a cena. As interferências que faz no estúdio sobre a foto tentam reforçar um aspecto de sonho – como se ele não estivesse retratando uma cena, mas retirando-a de sua própria mente.
Jogo de cenas
Os livros de Bavcar não informam o local em que as fotos foram feitas. Muitas misturam elementos de diversos lugares. O fotógrafo costuma reunir as imagens em coleções. Esta, por exemplo, faz parte da série “Transcendência ou Sagrado Universal”.