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Isolamento extremo contribuiu para extinção dos neandertais, aponta análise de DNA

Análise do neandertal "Thorin" indica que sua população ficou isolada por 50 mil anos, diminuindo a diversidade genética.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 17 set 2024, 19h06 - Publicado em 13 set 2024, 12h00
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  • Fóssil de um neandertal.
     (DOI: 10.1016/j.xgen.2024.100593/Reprodução)

    Um novo estudo liderado por pesquisadores das universidades de Copenhague e Toulouse trouxe à tona descobertas sobre a vida – e o declínio – dos neandertais. Focado nos restos mortais de um único indivíduo apelidado de “Thorin”, encontrados na Caverna de Mandrin, no sudeste da França, o estudo revela que essa espécie de hominídeo prima dos sapiens viveu em isolamento extremo por dezenas de milhares de anos.

    A segregação genética e social pode ter desempenhado um papel crucial na sua extinção, dizem os autores do novo estudo. A análise de Thorin, portanto, fornece novas pistas sobre as razões pelas quais os neandertais desapareceram enquanto os Homo sapiens prosperaram.

    Os inventores do distanciamento social

    A análise de DNA dos dentes de Thorin revelou que ele pertencia a um grupo que passou 50 mil anos sem trocar genes com outras populações da mesma espécie, um fato que intrigou os cientistas.

    A solidão prolongada dessa população não é um caso isolado. Estudos anteriores já indicaram que outros indivíduos da espécie prima dos humanos, em diferentes partes da Europa, viviam em pequenas comunidades, afastadas de outros grupos neandertais. Dessa forma, não faziam sexo com outras populações.

    Martin Sikora, co-autora da pesquisa, destaca: “Quando analisamos os genomas de neandertais, vemos que eles são bastante consanguíneos, o que reduz a diversidade genética e pode ser prejudicial à capacidade de uma população de sobreviver a longo prazo.”

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    Genética e reclusão: uma combinação fatal?

    A baixa diversidade genética pode ser catastrófica para qualquer espécie. Quando há pouca variação gênica, as populações ficam vulneráveis a doenças e mudanças ambientais. 

    O grupo de Thorin pode ter sofrido exatamente com isso. “Quando você está isolado por tanto tempo, limita a variação genética e sua capacidade de se adaptar a mudanças climáticas e patógenos”, afirmou Tharsika Vimala, geneticista populacional da Universidade de Copenhague e autora principal do estudo. 

    Além disso, a reclusão social também limita o compartilhamento de conhecimento, o que pode ter restringido o desenvolvimento cultural e tecnológico dos homens das cavernas.

    Esse afastamento pode explicar por que os Homo sapiens, ao contrário, conseguiram sobreviver e prosperar. Enquanto os neandertais viviam em grupos apartados, os primeiros humanos modernos mantinham redes sociais e genéticas ativas, o que favorecia a troca de conhecimento e uma maior capacidade de adaptação. “Vemos evidências de humanos modernos formando redes de acasalamento para evitar a consanguinidade, algo que não encontramos entre os neandertais”, observou Vimala.

    Slimak ainda concluiu: “Essas diferenças genéticas podem significar um grande processo de substituição populacional, relacionado à expansão dos humanos modernos pela Europa.” 

    Liberdade ou solidão?

    Outro fóssil neandertal, apelidado de “Nana” e descoberto em Gibraltar, mostrou ligações genéticas com o mesmo grupo de Thorin, sugerindo que ambos faziam parte de uma população mediterrânea isolada. Essas descobertas levantam a hipótese da existência de outras populações, ainda desconhecidas, que podem ter coexistido ou se mantido reclusas na Europa, sem deixar contribuições genéticas com outros neandertais que já conhecemos.

    O estudo foi publicado no Cell Genomics.

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