Ancestral direto do homem, o Homo erectus começou a ocupar o planeta há cerca de 1,8 milhão de anos – ou seja, quase imediatamente depois de surgir na África – e não há 1 milhão de anos, como sugeriam as evidências até fevereiro passado. Nesse mês, os americanos Carl Swisher e Garniss Curtis, do Instituto das Origens Humanas, em Berkeley, Califórnia, descobriram na Indonésia, bem longe da Africa, fósseis de erectus tão antigos quanto os africanos. Isso sugere que o erectus era bem mais evoluído que seus antecessores, os australopitecos. Assim, teria meios de viajar em poucos milhares de anos para a Europa e para a Ásia. Os fósseis indonésios, achados em Sangiran e Mojokerto (veja mapa), já eram conhecidos, mas sua idade foi reavaliada por meio de um novo método, baseado num gás raro, o ar-gônio. Um deles pertencia a uma criança e teria cerca de 1,8 milhão de anos. O outro seria um adulto de 1,6 milhão de anos. Essas datas admitem um erro de alguns milhares de anos, deixando tempo para a migração.
Muitos cientistas pensam que o erectus surgiu ao mesmo tempo na Ásia e na África. Mas apenas na África se acharam fósseis de toda a linhagem humana, dos australopitecos ao Homo sapiens. Como na Ásia não há fósseis de australopitecos, até onde se sabe, é improvável que o erectus surgisse lá. É a polêmica mais quente da Antropologia, hoje.