Textos Eduardo Szklarz
George W. Bush pode ter dado muitos motivos para ser odiado, mas o 11 de Setembro não foi uma reação a seu governo. Os atentados começaram a ser planejados ainda em 1996, quando ele era apenas governador do Texas. Foi naquele ano que Khalid Sheikh Mohammed, o cérebro do ataque, mostrou os planos a Osama bin Laden e pediu dinheiro para financiá-los. Detido pela CIA em 2003, Mohammed admitiu que a ideia original era sequestrar 10 aviões, mas acabou usando 4. Os suicidas também entraram nos EUA bem antes de Bush assumir a presidência. Khalid al-Mihdhar e Nawaf al-Hamzi, por exemplo, sequestradores do avião que foi lançado contra o Pentágono, chegaram à Califórnia em janeiro de 2000, para fazer curso de pilotagem.
A verdade é que Bin Laden planeja ataques contra os EUA desde 1988, quando fundou a Al Qaeda. Em fevereiro de 1993, o grupo detonou um caminhão-bomba no World Trade Center, em Nova York, matando 6 pessoas e ferindo mais de 1 000. Quem bancou o atentado foi Sheikh Mohammed. E o presidente dos EUA era Bill Clinton, que mal havia completado seu primeiro mês de governo. No mesmo ano, em outubro, a Al Qaeda ajudou o líder militar Farah Aideed a atacar tropas americanas na Somália. “Embora a CIA não soubesse, a Al Qaeda havia treinado as milícias de Aideed”, afirma Richard A. Clarke, ex-coordenador do Conselho Nacional de Segurança dos EUA. Em 1998, agora durante o segundo mandato de Clinton, a rede terrorista atacou as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia. E em 2000, também no segundo mandato, um suicida jogou um bote-bomba contra o destroyer USS Cole no Iêmen, deixando 17 mortos e 39 feridos. Tudo isso demonstra que o 11 de Setembro não foi um ataque à direita americana personificada por George W. Bush, mas um atentado contra os EUA.