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O imperador canibal

Para os inimigos do centro-africano Jean-BédelBokassa, prisão era refresco. Muitos deles foram parar no freezer do ditador.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 31 dez 2006, 22h00

Álvaro Oppermann

Em 1979, tropas francesas invadiram a capital da República Centro-Africana, Bangui, e derrubaram o ditador local. Essa notícia tinha tudo para passar em branco, mas virou manchete internacional. Afinal, o ditador derrubado era Jean-Bédel Bokassa, uma das figuras mais extravagantes, ridículas e sinistras que já apareceram na mídia.

Bokassa nasceu numa pequena tribo em 1921. Seu nome queria dizer “pequena floresta”. Foi educado por missionários católicos. Depois, virou soldado e acabou condecorado como herói por ter lutado ao lado das forças francesas na 2a Guerra. Quando o seu país – ex-colônia francesa – ficou independente, em 1960, já era capitão. Primo do presidente, virou general em um pulo. Mas Bokassa queria mais. Em 1966, com a economia do país em frangalhos, depôs o primo e assumiu o poder. Rasgou a Constituição. Em 1972, declarou-se presidente vitalício. A tortura era generalizada no país. Os inimigos de Bokassa desapareciam misteriosamente. Enquanto o país empobrecia, Bokassa mandava construir palácios para si mesmo. A França, contudo, lhe dava apoio. Jean-Bédel era amigo do então presidente francês Valéry Giscard D’Estaing. Em 1976, ele se autoproclamou imperador Bokassa 1º e mudou o nome do país para Império Centro-Africano. A bizarrice da coroação fez a festa dos fotógrafos. A cerimônia custou US$ 30 milhões aos cofres públicos. O luxo fajuto – com direito a um trono em forma de águia dourada – parecia saído de um desfile carnavalesco.

O mundo não reconheceu o “império”, que caiu na miséria absoluta. Em 1979, num protesto de estudantes contra o governo numa escola primária, a guarda imperial metralhou 100 crianças. Foi demais. A França decidiu se desvencilhar do incômodo amigo e mandou as tais tropas acabar com a farra. Quando elas invadiram o palácio, descobriu-se o paradeiro dos desafetos do regime: o freezer de Bokassa. Em 1990, o mundo soube detalhes do horror: o cineasta alemão Werner Herzog rodou o documentário Ecos de um Império Sombrio, que mostrava os sinistros freezers do palácio, além do zôo particular do ditador. Ali, havia piscinas para crocodilos. Segundo um empregado, muitos inimigos de Jean-Bédel serviram de alimento aos bichões.

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Grandes momentos

• Até hoje, antigos correligionários de Bokassa dizem que os corpos encontrados no freezer do palácio foram “plantados” pelas tropas francesas.

• Bokassa teve 17 esposas e 50 filhos.

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• O julgamento de Bokassa acabou em pizza. Primeiro, foi condenado à morte. A pena foi comutada para prisão perpétua; depois, acabou sendo reduzida para 20 anos de encarceramento. Em 1993, o ex-ditador foi anistiado.

• Quando saiu às ruas, em 1993, foi recebido como herói pela população.

• Bokassa dizia ser o 13º apóstolo de Jesus Cristo.

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