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Quem foi o primeiro bandeirante?

A partir de Santa Catarina, o náufrago português Aleixo Garcia entrou no Paraguai, na Bolívia e no mitológico Império Inca antes de qualquer outro europeu

Por Adriana Vera e Silva
Atualizado em 2 dez 2016, 16h53 - Publicado em 30 set 1999, 22h00

Já fazia uns sete, oito anos que o português Aleixo Garcia ouvia a mesma fascinante história. Desde que naufragara, em 1516, os dóceis índios carijós da Ilha de Santa Catarina, com quem passara a morar, contavam-lhe que no interior do continente havia um poderoso rei branco, dono de riquezas incomensuráveis. Esse rei, garantiam, explorava uma montanha de pura prata chamada Potosí.

Aleixo não resistiu à tentação. Perto de 1524, acompanhado de alguns náufragos como ele e centenas de carijós, partiu. Viajou cerca de 2 600 quilômetros a pé e de canoa, abrindo para os europeus o Peabiru, a vasta rede de trilhas indígenas que ligava o litoral brasileiro ao Rio Paraguai. Desbravou florestas e pântanos e enfrentou índios hostis. Depois de um ano e meio chegou a Cochabamba, na Bolívia, a 150 quilômetros da mina de prata de Potosí, hoje esgotada. Descobriu o império do rei inca Huayna Capac, menos branco do que se supunha, guerreou contra tribos sob o seu domínio e saqueou peças de ouro.

Embora tenha sido morto antes de retornar, seus mensageiros voltaram a Santa Catarina e confirmaram os relatos indígenas. Da Europa, foram mandadas expedições para refazer seu caminho. Assim, deu-se início à colonização dos rios da Prata, Paraná e Paraguai.

O fantasma aparece

Se você nunca ouviu falar em Aleixo Garcia, não se incomode. Boa parte das obras didáticas brasileiras ignora o personagem. O mesmo, porém, não ocorre no Paraguai. “Nossas crianças aprendem que ele descobriu o país”, disse à SUPER a historiadora Beatriz González de Bosio, da Universidade Católica de Assunção. “Ele está nos nossos livros de História”, confirma o paraguaio Bartomeu Meliá, especialista em cultura guarani.

Só agora, com o mexe e remexe de papéis, animado pelo aniversário de 500 anos do Descobrimento, é que Aleixo fez sua reaparição triunfal. Dois jornalistas, o gaúcho Eduardo Bueno e a paranaense Rosana Bond (veja seus livros no Para Saber Mais, página 73) montaram o quebra-cabeça dessa história cujos fragmentos estão espalhados por vários documentos da primeira metade do século XVI. Infelizmente, não há nada escrito pelo próprio Aleixo. Nem uma carta, um bilhete ou uma simples assinatura. Há controvérsias sobre cada data e detalhe de sua aventura, mas de que ela aconteceu não há dúvida.

O primeiro a tentar refazê-la, em 1526, foi o veneziano Sebastião Caboto, enviado pela Espanha às Ilhas Molucas, na Malásia. Depois de parar na Ilha de Santa Catarina, não resistiu às histórias dos companheiros de Aleixo. Procurou o Peabiru por quase dois anos mas não achou nada. Já ia voltando quando encontrou outro navegador, Diego Garcia, mandado pelos espanhóis para explorar a região. Garcia também retornou à Espanha, em 1530, sem encontrar o que tinha ido procurar. No mesmo ano, Portugal enviou ao Brasil o fidalgo Martim Afonso de Sousa, o primeiro governador das novas terras. “O objetivo da viagem era encontrar a rota de Aleixo”, diz Bueno. “Os portugueses queriam achar o acesso ao território inca por terra”, concorda Rosana Bond. Mas Martim Afonso também fracassou. Só em 1541 o governador espanhol do Rio da Prata, Alvar Nunes Cabeza de Vaca, conseguiu chegar a Assunção a pé, a partir de Santa Catarina. Os bandeirantes brasileiros demorariam mais um século para percorrer, atrás de escravos indígenas, a região desbravada por Aleixo Garcia.

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Algo mais

A primeira bandeira conhecida por esse nome foi liderada por Raposo Tavares em 1627 e percorreu a mesma região explorada por Aleixo Garcia um século antes. Antonio Raposo procurava as missões indígenas do Guairá, no atual Estado do Paraná, e pretendia trazer nativos que seriam vendidos como escravos em São Paulo.

Cerco ao império

O português Aleixo Garcia entrou primeiro no território inca, mas foi o espanhol Francisco Pizarro que conseguiu conquistá-lo e destruí-lo.

Rotas de Francisco Pizzarro

1524

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1526-1527

1530-1533

Partindo do Panamá, Francisco Pizarro fez três expedições para o sul. Em 1524, chegou ao Equador. Por volta de 1526, descobriu os incas no Peru. Em 1532, conquistou a capital do império, Cuzco.

Atahualpa, rei inca desde 1526, foi executado pelo espanhol Pizarro em 1533.

Huayna Capac, pai de Atahualpa, era o rei inca quando Aleixo invadiu as fronteiras do império, provavelmente em 1525.

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Rotas de Aleixo Garcia (cerca de 1524)

Durante a jornada, Aleixo Garcia arrebanhou um exército de cerca de 2 000 índios e abriu para os europeus o caminho indígena do Peabiru, até o Paraguai.

Aleixo Garcia foi da Ilha de Santa Catarina até Cochabamba, a 150 quilômetros da “montanha de prata” de Potosí, descoberta pelos espanhóis só em 1545. Depois de lutar com tribos sob o domínio inca, voltou até a região de Assunção, onde foi assassinado. Mas conseguiu enviar emissários a Santa Catarina com peças de ouro saqueadas.

Marcha longa com muita violência

É impossível saber exatamente quanto tempo durou a incrível viagem de Aleixo e sua tropa. “Ela deve ter sido completada num período de um ano e meio”, estima Rosana Bond. Sabe-se que, ao passar pela Ilha de Santa Catarina em 1521, o navegador português Cristóvão Jacques não viu nenhuma organização de caravana. Portanto, ela deve ter partido depois disso, entre 1522 e 1524. Relatos incas indicam que o grupo chegou aos Andes antes da morte do soberano Huayna Capac, em 1526.

Embora as informações sejam vagas, é claro que a expedição não foi um passeio. Ao contrário, assegura o historiador uruguaio Guillermo Giucci, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), tudo sugere uma jornada terrível. “Não tenho dúvidas de que o grupo passou fome e frio, foi atacado por doenças e enfrentou acidentes”, diz Giucci. Ele chega a essa conclusão a partir das informações disponíveis sobre expedições indígenas na época.

Exército lento

Na saída, além do português, havia, segundo diferentes fontes, de três a cinco europeus, também náufragos, e algumas centenas de índios carijós, da nação guarani, moradores da Ilha de Santa Catarina. Pelo caminho, Aleixo recrutou mais guaranis, de outras tribos, entre elas os chanés e os tarapecocis. Quando chegou às proximidades do Rio Paraguai, o exército já tinha 2 000 integrantes, contando mulheres e crianças. Até um filho de Aleixo participou. Sua presença foi relatada pelo historiador paraguaio Rui Diaz de Guzmán, em sua Historia Argentina del Descubrimiento, Población y Conquista de las Provincias del Río de la Plata, de 1612. Guzmán, que nasceu em Assunção em 1558, afirma ter conhecido o descendente de Aleixo já adulto. Ele tinha o mesmo nome do pai.

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Como era de se esperar numa viagem desbravadora, avançava-se devagar. “A caminhada típica daqueles povos indígenas era mesmo lenta”, diz o antropólogo John Monteiro, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Andavam apenas 4 ou 5 quilômetros por dia.” O resto do tempo era gasto em descanso e na busca e preparo de comida, principalmente caça, mel silvestre e palmito, de acordo com Eduardo Bueno. Vez ou outra, quando havia necessidade de atravessar algum rio, construíam-se canoas, que eram abandonadas depois do uso.

Ao chegar à Bolívia, em pleno território inca, os invasores abusaram da violência. “E achando algumas povoações (…) foram ao seu encontro, roubando e matando todos que encontravam”, escreveu Guzmán. As maiores lutas se deram em Presto e Tarabuco, perto da atual cidade de Sucre. Mas os corajosos índios charcas, também submetidos aos incas, obrigaram Aleixo a recuar, fugindo pelo Rio Pilcomayo, que vai até Assunção.

Enquanto comandava a fuga, Aleixo enviou mensageiros para a Ilha de Santa Catarina. Depois de chegar às proximidades da área onde hoje fica Assunção, o grupo seguiu alguns quilômetros para o norte, até o Rio Ipané. “Eles provavelmente acamparam perto do lugar onde hoje está a cidade paraguaia de San Pedro”, supõe Rosana Bond. Não se sabe quanto tempo ficaram ali, esperando uma resposta dos enviados. “É provável que Aleixo quisesse ajuda dos amigos de Santa Catarina para fazer uma nova entrada no território inca”, pensa Rosana.

Mas o acampamento foi atacado antes de os mensageiros voltarem. Aleixo e centenas de índios morreram. Guzmán diz que o massacre foi resultado de uma rebelião dos próprios carijós. Outros historiadores, entretanto, atribuem o ataque aos paiaguás, índios guerreiros que ocupavam a região de Assunção.

Uma malha viária no século XVI

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Sem calçamento, mas bem marcados, os caminhos indígenas ligavam o litoral do Brasil ao Rio Paraguai.

Aleixo Garcia só empreendeu sua viagem porque sabia da existência da rede de estradas do Peabiru, que se dirigia para o domínio inca. Estima-se que ela tivesse cerca de 3 000 quilômetros de extensão, ligando o Brasil ao atual Paraguai. “Com vários ramais, a estrada saía de diferentes pontos do litoral de São Paulo, Paraná e Santa Catarina e ia até onde hoje fica Assunção”, afirma o sociólogo Hernâni Donato, ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que há 53 anos estuda a rota. Donato acredita que as estradas foram abertas pelos incas a partir do século XIII, com o objetivo de chegar ao Atlântico. Já o arqueólogo Igor Chmyz, da Universidade Federal do Paraná, que pesquisou trechos do Peabiru no interior paranaense, acha que eles são ainda mais antigos. “A estrada foi feita por índios brasileiros”, garante, “e provavelmente antes do século XIII.” Por ela, índios sul-americanos, como os guaranis, atacaram o Império Inca diversas vezes.

Colonizadores na rota da prata

Em busca do caminho de Aleixo foram realizadas várias expedições que determinaram o início da colonização da região do Prata. Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, o segundo “adiantado” (governador) do Rio da Prata, desembarcou na Ilha de Santa Catarina em 1541 para tomar posse da região que iria colonizar. Na ilha, ele encontrou um grupo de colonos espanhóis que havia fugido de Buenos Aires, a capital do Prata, fundada em 1536. Soube por eles que em 1537 os espanhóis tinham sido expulsos de Buenos Aires pelos nativos e fundado uma nova cidade, Assunção. Decidiu chegar até lá pelo caminho descoberto por Aleixo. Levou 250 soldados, 26 cavalos, dois frades e alguns índios, que viajaram quase cinco meses até atingir o objetivo. Antes dele, em 1534, na expedição do primeiro governador da região, dom Pedro de Mendoza, chegara um outro espanhol, Domingo Martinez de Irala, que ficara fascinado pelas histórias sobre o português. Como os conhecimentos geográficos da América eram precários, ele tentou, sem sucesso, repetir sua aventura. Irala desconfiava que o reino encontrado por Aleixo não era o mesmo descoberto por Francisco Pizarro. Mas era.

Pé na estrada

O jesuíta peruano Pedro Lozano (1697-1752) descreveu o Peabiru.

(…) o caminho denominado pelos guaranis Peabiru e pelos espanhóis de São Tomé (…) tem oito palmos (1,60 metro) de largura, em cujo espaço somente nasce uma erva muito miúda, que se distingue de todas as outras ao lado, que pela fertilidade do solo têm meia vara (50 centímetros de altura), e mesmo (…) que se queimem os campos, nunca a erva desse dito caminho se eleva mais (…)

Pedro Lozano

Canibalismo e regalias no novo mundo

Apesar de ser português, Garcia chegou à América numa expedição espanhola. Ele era marujo de um dos navios comandados por Juan Díaz de Solis, piloto-mor da Espanha, que chegou à foz do Rio da Prata no início de 1516. Sua ambiciosa missão, determinada pelo rei espanhol dom Fernando, era chegar ao Oriente passando pela parte sul da América. Até então, o ponto conhecido mais ao sul do Brasil era Cananéia.

Entrando pelo estuário do Prata, provavelmente nas proximidades da ilha hoje chamada de Martim Garcia, onde o rio Uruguai deságua no Prata, Solis desembarcou no continente com alguns homens e não voltou. “Os índios (…), quando viram os castelhanos longe do navio, os cercaram e os mataram”, contou o cronista espanhol do século XVI Antonio de Herrera. “Tomando às costas os mortos (…) se afastaram da margem, até onde os navios os podiam ver, e cortando as cabeças, braços e pés, assaram os corpos inteiros e os comeram”, escreveu Herrera em Historia General de los Hechos de los Castellanos en las Islas y Tierra Firme del Mar Oceano, publicada em 1726. No livro, o espanhol declara também que teve em mãos o diário de bordo da expedição de Solis. Mas ninguém nunca mais achou esse documento.

Aleixo assistiu àquele espetáculo apavorante de canibalismo e ainda iria enfrentar mais dificuldades. Sem comandante, os homens de Solis decidiram voltar à Espanha. Francisco Torres, cunhado do capitão, assumiu o comando da expedição mas um dos navios, exatamente aquele em que estava Aleixo, naufragou em 1516 na Ilha de Santa Catarina. Não se sabe ao certo quantos homens se salvaram. Os números citados por diferentes historiadores variam de onze a dezoito.

Vida boa

Para quem viu canibais comer seu comandante, deve ter sido uma surpresa e tanto a acolhida dos carijós de Santa Catarina. Os náufragos foram muito bem recebidos e passaram a fazer parte da comunidade. Tinham várias mulheres e comida farta, que incluía muita caça, aves criadas na aldeia e frutas. “Neste porto, os índios nos traziam infinito abastecimento de faisões, galinhas, patos, perdizes, veados (…) que disso tudo e de muitos outros tipos de caça havia em abundância e muito mel e outras coisas de mantimentos”, diria mais tarde sobre o lugar Luis Ramirez, tripulante da expedição do veneziano Sebastião Caboto, que passou pela ilha em 1526, numa carta endereçada ao rei da Espanha (veja o quadro abaixo). Os carijós ocupavam toda a faixa litorânea desde Cananéia, em São Paulo, até a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Foram extintos no século XVIII.

Não se sabe com certeza se o grupo de náufragos europeus se estabeleceu na própria Ilha de Santa Catarina ou no continente em frente a ela, num lugar chamado Porto dos Patos. Mas sabe-se que o núcleo passou a ser escala obrigatória dos navios espanhóis e portugueses. “Esse porto virou uma região de encontro entre brancos e índios”, diz o antropólogo John Monteiro. “Mas não se sabe a localização exata dele.” Foi dali que Aleixo partiu, abrindo os caminhos do interior do Brasil a europeus e bandeirantes, que, muito depois, aproveitariam sua experiência para colonizar a América do Sul.

A tentativa dos portugueses

Quando saiu de Portugal, em 1530, Martim Afonso de Sousa, o primeiro governador do Brasil, já estava muito bem informado sobre a aventura de Aleixo. Viajava com ele o português Henrique Montes, sobrevivente do naufrágio de 1516 em Santa Catarina, que voltara à Espanha em 1526, e depois mudara-se para Portugal.

Lá, Montes ganharia o posto de Cavalheiro da Casa Real. “Tanta dedicação de Portugal em prestigiar um náufrago da Espanha e dar-lhe um título só pode ter sido causada pelas histórias que ele contou sobre a serra de prata”, nota Rosana Bond.

Em agosto de 1531 Martim Afonso chegou a Cananéia, no litoral sul de São Paulo. De lá, enviou o capitão Pero Lobo e oitenta homens para seguir o caminho de Aleixo. Todos foram mortos pelos índios. Mais tarde, mandou outra expedição, de trinta homens, incluindo Montes, para subir o Rio Paraná. Apesar do esforço, o governador também voltou a Portugal sem encontrar a cobiçada serra de prata. Em 1532, retornou ao Brasil, ainda com esperança de achar Lobo, e fundou a cidade de São Vicente. A entrada de Lobo foi a primeira grande expedição portuguesa organizada em busca do caminho de Aleixo.

Que fim levou o tesouro?

Carta de 1528 conta o que aconteceu com as peças saqueadas dos incas por Aleixo Garcia.

“E lhes enviaram cartas, e ainda que não houvessem chegado às minas já haviam tido contato com uns índios que viviam perto da serra, e que traziam nas cabeças umas coroas de prata e peças de ouro nos pescoços e orelhas (…) e lhes enviaram doze escravos com amostras do metal que tenho dito.”

“Chegou ao dito porto uma nau na qual vinha por capitão o dito dom Rodrigo, ao qual deram até duas arrobas de ouro e prata e de outro metal muito bom (…) para que o levasse a Sua Majestade. E que se entregou o ouro no batel para levá-lo à nau, o batel virou com o muito mar que havia, de maneira que se perdeu tudo, e que então se haviam afogado no dito batel quinze homens.”

Relatos da década de 1520 contam que os mensageiros enviados por Aleixo chegaram à Ilha de Santa Catarina com cerca de 40 quilos de ouro, prata e outros metais preciosos. Seriam adornos incas, parecidos com os das fotos à direita. “Esses documentos precisam ser analisados com cuidado”, pondera o historiador Guillermo Giucci, professor da Uerj. “Falar da existência de grandes tesouros era importante na época porque convencia os governantes europeus a gastar dinheiro em expedições”, avalia ele.

Verdadeiro ou não, o famoso butim desapareceu. Luis Ramirez, tripulante de um dos navios da frota de Sebastião Caboto, escreveu uma carta à corte espanhola (veja à esquerda) contando que ele naufragou. O diário de bordo do São Gabriel, navio comandado pelo espanhol dom Rodrigo de Acuña, em 1525, traz a mesma história. Ainda assim, alguns historiadores defendem que as peças teriam seguido, sim, para a Europa. Ramirez diz que algumas foram mostradas, no Brasil, a Caboto, que levou um dos colegas de Aleixo, Henrique Montes, de volta à Espanha. Montes teria colocado as peças no altar da Virgem de Guadalupe, santa da qual era devoto.

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