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O que é o segundo bissexto, e por que ele vai acabar?

Os relógios atômicos tornaram nossa medição de tempo mais precisa que a própria rotação da Terra. Entenda por que precisamos adicionar “segundos bissextos” ao horário de vez em quando.

Por Maria Clara Rossini
4 jul 2024, 14h00

Ao longo do século 20, a medição do tempo foi ficando cada vez mais precisa. Hoje, o segundo não é mais um sexagésimo de minuto. Desde a Conferência Geral de Pesos e Medidas de 1967, definimos o segundo como 9.192.631.770 transições de estados de energia do átomo de césio. Os átomos vibram em intervalos extremamente regulares, o que torna essa definição de tempo bastante precisa. A medição é feita por meio de relógios atômicos, que surgiram na década de 1950.

Esse grau de precisão é importante não só para padronizar a hora que aparece no seu celular, mas também para viabilizar a transmissão de informações. O GPS, por exemplo, depende da sincronização entre os relógios do aparelho (na Terra) e do satélite (no espaço). Um atraso de três nanossegundos já resultaria em um erro de um metro na sua tela.

Esses relógios permitiram missões espaciais, transações financeiras em tempo real e o avanço de pesquisas na física. Só que eles deixaram nossa medição de tempo precisa até demais. Mais precisa que a própria rotação da Terra.

O tempo que nosso planeta leva para girar em torno do próprio eixo não é 100% regular. Ele varia por causa da gravidade de outros corpos celestes, do atrito do oceano com o fundo do mar e, mais recentemente, do derretimento de gelo causado pelo aquecimento global. Tudo isso reduz a rotação da Terra em frações de segundo de tempos em tempos.

É uma mudança imperceptível para nós, mas não para o átomo de césio. De vez em quando, é preciso adicionar um “segundo bissexto” no horário oficial da Terra para sincronizá-lo com o movimento real do planeta. Desde 1972, quando o Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) instituiu esse ajuste, um total de 27 segundos foram adicionados aos relógios terrestres.

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Como o período de rotação é influenciado por diferentes fatores, a adição destes segundos intercalares é essencialmente imprevisível. As frações de segundo vão se somando ao longo dos anos até resultarem em um segundo de diferença. Daí o IERS avisa, com seis meses de antecedência, se aquele ano terá um segundo a mais – que sempre é adicionado nos dias 30 de junho ou 31 de dezembro. O último deles ocorreu em 2016.

Mais recentemente, em 2022, o Escritório Internacional de Pesos e Medidas decidiu abolir os segundos intercalares a partir de 2035. O motivo disso é que o ajuste não pode ser feito de forma automática nos computadores. Cada sistema tem sua própria maneira de se ajustar ao horário oficial. Isso abre espaço para erros, esquecimentos e irregularidades, já que os serviços de telecomunicações dependem da precisão na casa dos nanossegundos.

A comunidade científica tem até 2035 para pensar em outras maneiras de acertar o relógio terrestre. Por enquanto, garantir o bom funcionamento dos sistemas como o GPS é mais importante.

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