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E se os ciganos se unissem e fundassem um país?

O país cigano teria as características que identificam esse povo: gente com roupas coloridas, economia baseada no comércio, idioma romani e muita música

Por Simone Dias
Atualizado em 5 nov 2016, 10h47 - Publicado em 30 abr 2002, 22h00

E se os ciganos se unissem e fundassem um país?

É difícil imaginar como os ciganos, um povo conhecido por seu caráter nômade, composto de andarilhos e forasteiros, poderiam fundar um país próprio. Mas isso não deixaria de acontecer por falta de identidade cultural e étnica, que eles têm de sobra. Além de pertencerem a uma mesma etnia, que procuram manter por meio de casamentos dentro da comunidade, os ciganos têm um idioma próprio – o romani –, uma bandeira e um hino (criados em 1971, durante o Primeiro Congresso Mundial Romani, na Inglaterra). Convenhamos: poucas nações possuem, hoje em dia, um povo com tamanha identidade.

Onde seria fincada a pátria cigana? A princípio, quando chegaram à Europa, há cerca de mil anos, os ciganos foram confundidos com egípcios – daí o termo em inglês para cigano: gypsy. Mas, no século XIX, estudos linguísticos indicaram que eles vieram da Índia, supostamente fugindo dos (ou expulsos pelos) muçulmanos. A Índia, portanto, por ser a terra natal, seria um dos possíveis abrigos para os ciganos, que preferem ser chamados de roma – “homem” em romani.

Outro país bem cotado seria a Romênia, onde vivem dois milhões de ciganos, a maior população de romas no mundo.

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Segundo alguns estudiosos, os romas já tentaram construir sua própria nação e teriam escolhido o norte da África. Dimitri Fazito, antropólogo e “ciganólogo”, da Universidade Federal de Minas Gerais, diz que, na década de 30, um cigano conhecido como “rei dos ciganos” enviou uma carta para o ditador italiano Benito Mussolini pedindo uma porção das terras que a Itália tinha na Argélia. Mas a proposta não teria sido aceita.

E se os ciganos se unissem e fundassem um país?

O maior obstáculo para a construção de uma nação cigana é o fato de que os romas se organizam em clãs, o que acaba por separá-los. Em geral, os ciganos só se mostram unidos para enfrentar a hostilidade dos gadjes – nome romani para os não-ciganos.

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Hostilidade, no entanto, não tem faltado. Os romas sempre foram perseguidos, o que contribuiu para o seu caráter nômade. Eles já foram proibidos de usar roupas de cores alegres, de falar sua língua, de trabalhar como comerciantes, artistas e até mesmo de viajar. Foram vítimas de um massacre durante a Segunda Guerra Mundial e foram escravizados na Europa. Tragédias parecidas se abateram sobre os judeus e o resultado foi a união daquele povo. Os cerca de um milhão de ciganos que vivem no Brasil, por exemplo, descendem de um grupo expulso de Portugal no século XIX.

A julgar pelas profissões tradicionais dos ciganos, o país roma teria sua economia centrada no comércio, na criação de cavalos e no trabalho em metais, atividades que talvez não fossem suficientes para sustentar uma população estimada em 20 milhões de pessoas. Só na Europa há 12 milhões de romas.

Mas, para algumas pessoas que estudam a cultura romani, os ciganos nunca fundariam um país, porque são estrangeiros por natureza. “A cultura cigana precisa de outra sociedade para existir”, diz a antropóloga Florência Ferrari, da USP. É o que diz o escritor canadense (e cigano) Robert Lee: “A pátria é onde estão os meus pés”.

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