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Os donos do pedaço

O Brasil já foi um caldeirão de povos, quase todos exterminados.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h13 - Publicado em 31 mar 1999, 22h00

Spensy Pimentel

Onde quer que pisassem, os portugueses que desembarcavam no Novo Mundo a partir de 1500 deparavam com homens muito estranhos e diferentes entre si. Todos eles ficaram conhecidos como índios. Chega a ser engraçado. Na época, se você insinuasse a um tupi que ele e o aimoré do outro lado do morro eram o mesmo povo, na certa levaria uma bordunada. “Índio”, assim como se estivéssemos falando de uma raça, é algo que não existe. A palavra é uma generalização nascida da ignorância dos europeus, que se julgavam os senhores do mundo. O lugar era habitado por centenas de nações. Muitas delas nem sequer consideravam gente quem não fosse do mesmo grupo. Um indício dessa variedade espantosa está nos idiomas que falavam. O lingüista Aryon Dall’Igna Rodrigues, da Universidade de Brasília, o maior especialista brasileiro no assunto, acredita que o número de línguas diferentes podia chegar a 1 200 – das quais restam, hoje, apenas 180. Nos brasis do início do século XVI, conviviam nômades e agricultores; culturas avançadas e povos primitivos; senhores e vassalos; canibais e comedores de insetos. Somados, esses povos reuniam algo como 8,5 milhões de seres humanos – mais do que oito vezes a população de Portugal na época. Hoje, segundo as estimativas da Funai (Fundação Nacional do Índio), não passam de 330 000.

Colcha de retalhos

A distribuição aproximada das principais nações em 1500.

Senhores de escravos

A oeste do imenso território jê, na região Centro-Oeste, havia tribos originárias dos atuais Paraguai e Bolívia, como os guanás e os guaicurus (acima), senhores da região que hoje vai do Paraguai até o Pantanal Mato-Grossense. Belicosos, os guaicurus mantinham escravos e forçavam outras tribos a pagar tributos.

Nômades do interior

No interior estavam os tapuias (escravos ou estrangeiros, em tupi). Esse nome era dado a todos os não-tupis – na maioria grupos de língua jê como os caiapós (ao lado), que habitavam uma imensa área entre Minas Gerais, Goiás e São Paulo, a Caiapônia. Os primeiros tapuias a entrar em contato com os europeus foram os aimorés do litoral da Bahia e do Espírito Santo. Mais tarde seriam chamados de botocudos, por causa dos enfeites que usavam nos lábios e nas orelhas, os botoques.

Vanguarda amazônica

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A Amazônia, a área mais populosa do Brasil do século XVI, era uma verdadeira babel. Lá conviviam tribos aruaques, caribes e tupis, como os mundurucus (ao lado), além de grupos menores. As nações mais poderosas provavelmente faziam alianças com os vizinhos, tanto para a guerra como para o comércio.

Guerreiros da costa

Ao longo do litoral, desde o sul de São Paulo até o norte do Ceará, espalhavam-se tribos tupis, como os tupinambás (abaixo), que falavam dialetos de uma mesma língua – o tupinambá. Essa unidade era fruto da expansão vitoriosa de guerreiros e agricultores bem avançados. Eles já estavam instalados à beira do Atlântico pelo menos cinco séculos antes da chegada dos portugueses. Do Paraná ao Rio Grande do Sul, entrando pela Argentina e pelo Paraguai, ficavam os carijós, que falavam guarani e eram primos dos tupis.

A mandioca nossa de cada dia

Em sua famosa carta ao rei dom Manuel, Pero Vaz de Caminha descreve os tupiniquins como homens mais altos e mais bem alimentados que os europeus. Segundo Caminha, eles “não lavram nem criam, nem comem senão desse inhame, que aqui há muito”. O “inhame” do qual o escrivão falava pela primeira vez era a mandioca-brava. Tão desconcertado estava que até pensou que a planta era colhida na floresta, em vez de plantada. Mal imaginava o trabalho que incontáveis gerações de índios tiveram para tornar uma raiz venenosa seu principal alimento. Toda mandioca tem alta concentração de cianeto em suas raízes e folhas. Se ingeridas cruas, algumas espécies podem matar por asfixia. Para neutralizar o veneno, era preciso cozinhar a planta ou torrá-la, fazendo farinha (veja à esquerda) – a base da alimentação indígena.

A dieta dos nativos também incluía milho, banana, batata-doce, amendoim, caju e abacaxi. Para plantar em florestas, faziam a coivara: derrubavam as árvores, queimavam tudo e mantinham suas roças ali durante anos, enquanto o solo rendesse – depois abandonavam a área. Hoje a prática seria condenada pelos ambientalistas. “Mas a população era pequena e as áreas podiam descansar depois de usadas”, lembra o antropólogo Júlio Cezar Melatti, da Universidade de Brasília. Isso no litoral. Os xavantes, que habitavam os solos paupérrimos do cerrado, não tinham essa moleza: dependiam totalmente da caça e da coleta para sobreviver durante metade do ano, quando a terra não produzia nada.

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Paixão nacional

Não é de hoje que os brasileiros adoram bebidas fermentadas, como a cerveja. Os índios sempre gostaram de cauim, um fermentado de milho, mel ou frutas. Os tupis preferiam fazer a bebida com aipim, a mandioca comum. Para obtê-la, corte o aipim em rodelas finas e cozinhe em água até amolecer. Quando estiver frio, mastigue as fatias e cuspa a massa resultante em outra panela com água. Ferva a mistura novamente, mexendo sempre, até que esteja bem cozida. Então, retire-a do fogo e ponha para fermentar por 24 horas ou mais num recipiente bem fechado. A consistência deve ficar grossa, e o gosto, levemente azedo. Sirva morno – se tiver coragem.

Banquete na ponta da flecha

Se obter mandioca, milho e frutas não era problema para a maioria dos indígenas, o mesmo não se pode dizer das proteínas de origem animal. Apesar da enorme quantidade de bichos na floresta, carne era artigo de luxo. “Animais como o veado e a capivara não andam em bandos e não podiam ser facilmente capturados”, disse à SUPER o arqueólogo Eduardo Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Para enriquecer a dieta, os índios aprimoraram técnicas de caça e, sobretudo, de pesca. Na captura dos peixes, usavam desde a pindaíba (“vara de pescar”, em tupi) até o pari, uma arapuca com isca dentro. Utilizavam ainda redes de fibra de palmeira e, em riachos e igarapés, venenos como o timbó (tirado de um cipó), que deixa os peixes tontos. No mar, preferiam o arco e flecha. A seta era disparada de cima da canoa. Se acertasse o alvo, o pescador mergulhava atrás do almoço. As estratégias de caça também eram variadas. Grupos amazônicos usavam o curare, veneno também tirado de um cipó, que paralisa os músculos e evita que macacos se agarrem às árvores quando atingidos pela flecha. Até à mágica se recorria, já que algumas tribos acreditavam que a sorte na caça dependia de sonhos ou rezas.

Passe os vermes, por favor

Quando a fome apertava, algumas tribos enchiam a barriga de forma um tanto estranha.

Insetos

Os iaualapitis, do Mato Grosso, comiam gafanhotos. Os maués, do Amazonas, consumiam cupins assados.

Tartarugas

Os omáguas, grupo tupi da Amazônia, criavam tartarugas em cercados à beira-rio – um costume herdado pelos caboclos do Rio Negro.

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Larvas

Marubos e outros povos amazônicos, como os ianomâmis, ainda hoje apreciam larvas de mosca e lagartas.

Cipó

A principal fonte de carboidratos dos timbiras, do Maranhão, era um cipó, o cupá. Comiam-no assado.

Condomínios para todos os gostos

O formato da aldeia variava segundo os hábitos da tribo.

Tamanho-família

A taba tupi tinha entre quatro e oito malocas alongadas, dispostas em círculo, com um pátio no centro. Em toda a volta, corria uma forte paliçada, para protegê-la de ataques inimigos. Cada maloca tinha entre oito e dez famílias nucleares – pai, mãe e filhos – e um “síndico”, que resolvia as pendengas. As aldeias maiores tinham até 3 000 moradores.

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Todos juntos

Entre os tucanos e outros grupos amazônicos, a aldeia inteira se resumia a uma grande maloca, parecida com um chalé. Na frente do casarão havia um pátio e a área em volta era separada da floresta por uma clareira. As famílias se instalavam junto às paredes da casa comunitária. O espaço central servia para reuniões, danças, visitas e trabalhos domésticos.

Parou, ficou

Os xokleng, do sul do país, eram nômades e não davam formas definidas a seus acampamentos. Onde a mulher sentasse e acendesse o fogo para dar comida aos filhos, o homem fazia um abrigo semelhante a uma trave de futebol. Mas só quando ameaçava chover. Se não, dormiam todos ao relento mesmo. Quando havia muita gente para abrigar, os homens completavam a cabana com ramos.

Colméia matriarcal

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As aldeias xavantes do Brasil Central eram organizadas em forma de ferradura, com vinte a trinta choupanas semelhantes a colméias. A mulher era a dona da casa. Se o marido tivesse várias esposas, a segunda era considerada hóspede da primeira e passava a ajudá-la no serviço doméstico. Durante a seca, as casas eram abandonadas e os índios saíam para a caça e a coleta, morando em acampamentos.

Estadista de cocar

Cunhambebe foi o maior chefe tupi.

Em muitas nações indígenas, o chefe era como a rainha da Inglaterra: só servia para enfeitar. Seu poder era limitado pelo conselho da tribo. Entre os grupos guerreiros, porém, alguns líderes se tornavam poderosos, sobretudo por sua capacidade de comando militar. Foi o caso do morubixaba (cacique) tupi mais famoso da História, o tupinambá Cunhambebe. Inimigo dos tupiniquins e dos portugueses, ele criou, logo nas primeiras décadas após o Descobrimento, uma barreira de resistência à dominação lusa desde Cabo Frio, no Rio de Janeiro, até Bertioga, em São Paulo. Conta-se que sua aldeia, perto de Angra dos Reis, tinha seis canhões, tomados de caravelas que assaltara com uma enorme frota de canoas. Com sua oratória invejável, que entusiasmava os guerreiros, podia reunir até 5 000 homens para uma batalha. Mas tanta ferocidade valeu pouco diante de um inimigo mais poderoso: as bactérias trazidas pelos brancos. Cunhambebe morreu de peste bubônica logo depois da invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555.

Um casamento em abril de 1500

É meio-dia na aldeia bororo, no atual Estado do Mato Grosso. A jovem Arogiareudo (“ruído das penas”) sai de casa para ir até a cabana na qual mora Baitogogo (“coruja que está na casa dos homens”). Acompanhada pela mãe, ela lhe leva uma refeição. Ele nem dá bola. Elas saem. Só então o rapaz resolve comer. É a decisão. A mãe dele devolve a cuia vazia – sinal de que a moça foi aceita como noiva.

Dias depois, Baitogogo vai caçar e traz um caititu. O porco-do-mato é entregue à sua mãe, que o prepara e leva para a moça. Arogiareudo come feliz: ela vai se casar. À tarde, dirige-se à casa da sogra, que coloca em seu braço uma pulseira de algodão – a aliança. Volta para casa e acende uma fogueira. Ali irá morar a mais nova família da aldeia.

“A troca de comida tem um significado simbólico para os noivos: um se compromete a prover o outro”, explicou à SUPER a antropóloga Renate Viertler, da Universidade de São Paulo, que convive com os bororos há trinta anos.

Entre os grupos tribais – como na maioria das culturas –, o casamento nunca interessa só aos noivos. A união de jovens cria ou reforça laços de amizade entre os clãs ou entre as famílias. Além disso, para os pais e os irmãos da noiva, um genro ou um cunhado significam mais braços para a lavoura, para a caça ou para a guerra. Na sociedade tupi, o prestígio de um chefe se media pela quantidade de filhos e genros que possuía.

Para as moças, a idade ideal para se casar era a partir dos 13 anos, logo depois da primeira menstruação. Aí, a jovem era submetida a ritos de passagem, que em algumas tribos incluíam meses de clausura, sem ver a luz do sol. Os homens se casavam assim que estivessem preparados para sustentar a família.

Quando os filhos nasciam, quem tirava licença era o pai. Os guaranis preservam até hoje a couvade, o resguardo paterno. Durante alguns dias o pai não trabalha, não come carne e não sai de casa. Para não dar azar.

Quando a guerra é a razão de viver

Os primeiros europeus que chegaram ao Brasil se espantaram com a ferocidade e aparente insensatez dos combates entre os tupis. “Esses americanos são tão violentos em suas guerras que lutam sem parar enquanto puderem mover braços e pernas”, escreveu, horrorizado, o cronista francês Jean de Léry (1534-1611). “Todas as suas guerras não se devem senão a um absurdo e gratuito sentimento de vingança”, disse outro francês, André Thévet (1502-1590).

A guerra era a própria razão de ser da sociedade tupi. Como os vikings escandinavos, que buscavam morrer em batalha para atingir o paraíso, o fim mais honroso para um tupinambá era acabar dentro da barriga de seus inimigos. Os jês e outros grupos do interior tinham um motivo mais terreno para guerrear: comida. Muitos deles eram caçadores e coletores, o que tornava inevitáveis as disputas por território. Mas as guerras indígenas eram diferentes das européias. “O objetivo não era exterminar totalmente o inimigo, como fazemos”, ressalva o arqueólogo José Proenza Brochado, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Resolvida a pendenga, vencedores e vencidos iam cada um para o seu canto – até a próxima luta.

Quem temos hoje para o jantar?

Entre os tupis, a guerra nunca acabava em pizza. No fim da batalha, o que havia era churrasco. Os inimigos aprisionados eram conduzidos até a aldeia para serem comidos por homens, mulheres, velhos e crianças, num banquete regado a cauim – a bebida fermentada favorita dos indígenas. O condenado podia esperar meses pela execução. Durante o período de cativeiro, recebia casa, comida e, não raro, uma irmã ou filha de seu algoz para servir de esposa. Na hora da cerimônia, matador e vítima travavam um diálogo ritual. “Sim, aqui estou eu, quero matar-te, pois tua gente também matou e comeu muitos dos meus amigos”, dizia o carrasco. “Quando estiver morto, terei ainda muitos amigos que saberão vingar-me”, respondia a vítima, que recebia na nuca um golpe mortal com a ibirapema, o porrete usado naqueles rituais. As mulheres, então, preparavam a comilança.

Kit de sobrevivência

As armas para a caça e para a guerra.

Borduna

Duro e pesado, o porrete de madeira é a arma mais importante no combate corpo a corpo. Os índios lutam a pauladas, literalmente. Algumas tribos fazem bordunas pontiagudas, para enfiar pela orelha da vítima caída até atingir os miolos, como uma baioneta. Só para se certificar de que ela está mesmo morta.

Zarabatana

Esse tubo comprido feito de bambu ou palmeira serve para soprar dardos (varetas afiadas de cerca de 20 centímetros de comprimento) envenenados com curare, que age sobre o cérebro e provoca paralisia do sistema nervoso. A zarabatana é usada na Amazônia para matar inimigos a curta distância e também para caçar.

Arco e flecha

É a arma indígena mais difundida. O arco pode ter de 1 a 4 metros de uma ponta à outra. Os maiores são usados em campo aberto e os menores, na mata. Um arqueiro hábil pode acertar alvos a 90 metros de distância. Para cada três ou cinco disparos de flecha por um índio, um europeu só dava um tiro de arcabuz.

Flechas especializadas

As pontas variam conforme a finalidade.

Ponta redonda: confeccionada com pedra ou cera, é usada para caçar aves.

Ponta serrilhada: feita de madeira, serve para caçar animais grandes.

Ponta em farpa: de madeira ou osso, para evitar que o peixe escorregue.

Quebrável: de taquara, pode ser envenenada. Serve para caçar e guerrear.

O dia em que o índio descobriu o branco

A primeira reação dos tupiniquins do sul da Bahia ao ver aqueles homens brancos e barbudos que desciam das “canoas grandes”, no dia 22 de abril de 1500, foi imaginar que eram seres sobrenaturais. Os europeus foram chamados de caraíbas, a mesma designação dada aos profetas indígenas, ou mesmo de maíras, nome de um ser mitológico. Os índios ficaram especialmente deslumbrados com os objetos de metal trazidos pelos portugueses, já que ainda estavam na Idade da Pedra. A eficiência dos machados, que derrubavam árvores em minutos, a princípio parecia coisa dos deuses. Mas não se passou muito tempo até os nativos perceberem que sua liberdade era o preço cobrado pelas maravilhas trazidas nas naus. Grandes migrações começaram já no século XVI, empurrando várias tribos para um interior cada vez mais remoto. Lá não morreriam por causa das doenças dos brancos nem seriam escravizados nos engenhos de açúcar. Na fuga, alguns grupos de tupinambás foram parar na foz do Amazonas. Tribos do Nordeste chegaram até o Peru. Dois séculos depois, a população indígena do Brasil já estava reduzida à metade. Acostumados a explicar o mundo por meio de mitos, os índios criaram histórias para entender o que acontecia. Os timbiras, do Maranhão, acreditavam que os brancos tivessem surgido a partir de Aukê, um menino que havia sido morto por sua tribo por causa de seus poderes mágicos. Ele ressuscita como civilizado, numa grande fazenda cheia de bois. Os antigos companheiros da aldeia vão visitá-lo e ele lhes propõe uma escolha: o arco ou a espingarda? Com medo, os índios escolhem o arco e por isso continuam índios. Aukê chora com pena dos amigos, por não terem optado pela civilização. “Essa é uma maneira que os índios encontraram não só para explicar, mas também para dignificar sua História”, comenta o historiador John Manuel Monteiro, do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas. Hoje, embora não mais de 200 tribos – entre as mais de mil que havia – permaneçam, muitas mantêm seus costumes ancestrais. Principalmente na Amazônia, o Brasil ainda pode ter a cara que tinha 500 anos atrás.

O trovão que virou Deus

Na ânsia de salvar as almas dos “inocentes” nativos, os missionários jesuítas provocaram um mal-entendido sobre a cultura indígena que persiste até hoje. Para os tupis e os guaranis, o trovão era obra de um espírito chamado Tupã. Por isso, apontavam para o céu quando ouviam o barulho furioso da tempestade se aproximando. Como o Deus cristão também tem sua morada no céu, os missionários o associaram a Tupã – inclusive em traduções da Bíblia. Assim, criaram uma tremenda confusão na cabeça dos índios. Como aquele deus podia ser amor e criação, se eles já conheciam de perto seu poder de morte e destruição?

“Eles escravizaram nossos filhos”

“Vi a chegada dos peró (portugueses) em Pernambuco; e começaram eles como vós, franceses, fazeis agora. De início, os peró não faziam senão traficar. Mais tarde, disseram que nós devíamos nos acostumar a eles e que precisavam construir fortalezas, para se defenderem, e cidades, para morarem conosco. Mais tarde afirmaram que nem eles nem os paí (padres) podiam viver sem escravos para os servirem e por eles trabalharem. Mas não satisfeitos com os escravos capturados na guerra, quiseram também os filhos dos nossos e acabaram escravizando toda a nação.”

Discurso de Momboré-Uaçu, um velho tupinambá, aos exploradores franceses no Maranhão, em 1610, segundo o padre francês Claude d’Abbeville

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