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Os primeiros brasileiros

Que portugueses, que nada. Há mais de 10 000 anos, quem pintou por aqui foram os asiáticos.

Por Igor Fuser
Atualizado em 31 out 2016, 18h13 - Publicado em 31 mar 1999, 22h00

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Em 1971, quando a arqueóloga brasileira Niède Guidon anunciou a presença humana em cavernas do Piauí há quase 50 000 anos, a maioria dos cientistas duvidou. Segundo a teoria vigente na época, os antepassados dos índios das Américas ingressaram no continente há 12 000 anos, vindos da Ásia pelo Estreito de Bering – que liga a Sibéria ao Alasca. Como, então, alguém poderia ter chegado ao Brasil antes disso?

A Serra da Capivara, região estudada por Niède, contabiliza mais de 400 lugares com sinais de ocupação pré-histórica, a maioria com pinturas – milhares delas – de diferentes épocas. É um dos tesouros arqueológicos mais importantes do mundo. O problema é a idade atribuída aos vestígios humanos lá encontrados. A datação mais antiga, de 48 500 anos, foi obtida com base em cinzas de fogueiras, na Toca do Boqueirão da Pedra Furada. Mas quem garante que as fogueiras foram acesas por moradores das cavernas? Elas também podem ter sido causadas por raios ou por combustão espontânea.

Hoje em dia, a hipótese de Niède já não soa tão inverossímil. Há dois anos, o arqueólogo americano Tom Dillehay comprovou que um povo de caçadores acampou no sul do Chile 12 500 anos atrás. Outro acampamento, na mesma região, pode alcançar 33 000 anos de idade, segundo ele. Se os povoadores das Américas chegaram ao Chile nessa época, por que não viriam ao Brasil? As descobertas das últimas décadas no país – como a das incríveis grutas do Piauí – estão ajudando a desvendar a origem do homem no continente americano.

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Os grafiteiros da pedra lascada

Faz 11 200 anos, um homem se pendurou na beira de um abismo da Serra do Ereré, no Pará, para fazer rabiscos na rocha nua. O que o teria levado a correr tal perigo, ali no cume da Pedra do Pilão, a 305 metros de altura? Passatempo é que não foi. Arte? “Os grafismos dos homens pré-históricos não tinham finalidades estéticas”, explicou à SUPER o arqueólogo André Prous, da Universidade Federal de Minas Gerais. Mesmo assim, ele ressalta, os paleoíndios brasileiros foram capazes de produzir verdadeiras obras-primas. “Existem no Brasil pinturas rupestres tão bonitas quanto as das famosas grutas de Altamira, na Espanha, e de Lascaux, na França.”

Os estudiosos costumam atribuir objetivos mágicos às pinturas da Idade da Pedra. A figura de um veado atravessado por uma flecha é, provavelmente, um feitiço para que a caçada tenha êxito. “Mas nem todos os veados são flechados”, observa Prous, “e nem todas as pinturas tinham funções rituais.” Em vez de tentar decifrar os misteriosos desenhos, a Arqueologia moderna está mais interessada em extrair deles informações sobre os costumes dos seus autores. As pinturas brasileiras mais antigas enfatizam os animais, o que combina com uma alimentação baseada na caça. Mais recentemente, de 2 000 anos para cá, aparecem desenhos de vegetais, como o milho e a mandioca – sinal de que quem os fez dominava a agricultura.

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