Pensamento vivo
Por sua vez, Denis L. Rosenfield, em sua abordagem de Hegel, talvez não tenha alcançado a clareza necessária para uma obra de caráter meramente introdutório.
Eduardo Sterzi
Nossas ações cotidianas, tudo o que fazemos ou que nos acontece, acaba por nos parecer natural. Estamos imersos num fluxo ininterrupto de sensações e pensamentos, passamos os dias a conversar uns com os outros, pagamos impostos e nos submetemos a leis, assistimos à televisão – e não paramos para refletir sobre esses fatos. A filosofia existe para romper com essa naturalidade. Filósofos são os chatos essenciais que se detêm para pensar ali onde o esperado seria seguir em frente. O problema é que, exatamente por quebrarem a espontaneidade de nossos hábitos, eles costumam usar a linguagem de um modo inusual e, para os não-iniciados, difícil.
A coleção Passo-a-Passo (Jorge Zahar), cujos primeiros cinco volumes dedicados à filosofia (haverá ainda outros voltados para as ciências sociais e a psicanálise) estão sendo lançados, oferece introduções às idéias de Hegel, Nietzsche, Hobbes e à obra principal dos frankfurtianos Adorno e Horkheimer, Dialética do Esclarecimento. Também há um volume com uma apresentação panorâmica da Filosofia da Linguagem. De todos os livrinhos, destaca-se o escrito por Maria Isabel Limongi sobre Thomas Hobbes, por ter a autora se preocupado em mostrar como a teoria política do filósofo inglês está ligada à sua física e à sua teoria da natureza humana. Por sua vez, Denis L. Rosenfield, em sua abordagem de Hegel, talvez não tenha alcançado a clareza necessária para uma obra de caráter meramente introdutório.