Pisando na sola
As pegadas de Laetoli foram deixadas há 3,5 milhões de anos onde hoje fica a Tanzânia, leste da África. São as evidências mais antigas de um hominídeo bípede, ou seja, andando ereto sob duas pernas.
Leandro Fortino
Um dos mistérios que envolvem as pegadas de Laetoli, as mais antigas do mundo, pode acabar graças a uma mãozinha, ou melhor, aos pezinhos dos brasileiros. Sabe-se que os rastros pré-históricos são de um adulto e de uma criança, mas não há maiores detalhes. Agora, uma comparação com 300 pés de paulistanos entre 9 e 18 anos pode precisar a idade dos hominídeos de Laetoli. A pesquisa, comandada pelo professor americano David Webb, está sendo feita na Faculdade de Biologia da USP. “A dificuldade é criar um método eficaz de medição de uma pegada com tinta preta sobre papel”, diz Webb.
As pegadas de Laetoli foram deixadas há 3,5 milhões de anos onde hoje fica a Tanzânia, leste da África. São as evidências mais antigas de um hominídeo bípede, ou seja, andando ereto sob duas pernas. Eram Australopithecus afarensis, com cara de parecida à de macaco, testa baixa, nariz achatado e grandes mandíbulas. A altura de um adulto ficava em torno de 1,40 metro. Daí seu pé de 18 centímetros parecer tão pequeno. A preservação perfeita aconteceu graças à erupção de um vulcão nas vizinhanças. Uma chuva transformou as cinzas em uma espécie de camada de cimento fresco. Aí chegaram os dois Australopithecus, deixando seus pés perfeitamente desenhados por cerca de 70 vezes, ploft, ploft, ploft… Depois, mais cinzas preservaram tudo. O local exato das pegadas, descobertas nos anos 70, é um segredo tão bem guardado que nem mesmo Indiana Jones poderia desvendar. O sítio só será reaberto para estudos em dez anos. Por isso, sua grande oportunidade de compará-la ao seu pé é esta.