Por que amamos os mitos
Ao todo, o Novo Dicionário Aurélio registra dez acepções, o que demonstra a riqueza e a complexidade desse vocábulo.
Ernesto Yoshida, editor
A palavra “mito” contém uma carga negativa. Dela deriva, por exemplo, “mitômano”, que usamos para nos referir a quem tem compulsão para mentir de forma deslavada. Mas “mito” possui vários outros significados. Ao todo, o Novo Dicionário Aurélio registra dez acepções, o que demonstra a riqueza e a complexidade desse vocábulo. Curiosamente, os mitos surgiram como uma representação simbólica e simplificada da realidade. A esse respeito, tornou-se célebre uma parábola do escritor argentino Jorge Luís Borges, citada no conto “Do Rigor na Ciência”. Ironizando o detalhismo do pensamento racional, Borges fala de um império onde a arte da cartografia atingiu tamanha perfeição que o mapa de uma única província passou a ocupar toda uma cidade, e o mapa do império, toda uma província. Não satisfeitos com isso, os cartógrafos criaram, com o tempo, um mapa do império que tinha exatamente o tamanho do império. Ou seja, um mapa absolutamente inútil, por corresponder exatamente à realidade.
A exemplo dos mapas, as narrativas mitológicas são uma representação figurada da realidade, uma tentativa de dar um sentido à existência humana. Elas falam sobre temas universais que angustiam a humanidade desde os primeiros tempos. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Em busca de respostas para essas e outras questões fundamentais, diversos povos e civilizações criaram deuses, heróis, monstros e outras personagens fabulosas de histórias repletas de aventuras que são transmitidas de geração para geração. Algumas dessas histórias mais fascinantes são apresentadas nas páginas a seguir. Convidamos você, leitor, a visitar lugares longínquos, de tempos remotos, como fizemos ao preparar esta edição especial da SUPER. Boa viagem!