Após o parto da garotinha inglesa Louise Brown, em 25 de julho de 1978, a revista norte-americana Time estampou na capa uma versão da Criação do Homem, o afresco de Michelangelo em que o dedo de Deus dá vida a Adão. Exagero? Nem tanto. Há 28 anos, imaginar o nascimento de uma criança concebida fora do útero da mãe parecia de fato coisa dos céus. Para a cultura judaico-cristã, o nascimento do homem é obra divina, e o papel da ciência nesse território sempre esteve envolto em debates éticos.
O primeiro bebê de proveta foi fruto da técnica da fertilização in vitro, desenvolvida pelos britânicos Patrick Steptoe e Robert Edwards para ajudar mulheres e homens que, até então, não tinham possibilidade alguma de engravidar. A história da pesquisa começa em 1891, quando o professor da Universidade da Pensilvânia (EUA) Walter Heape conseguiu realizar o primeiro transplante de embriões em coelhos. Em 1959, a primeira fertilização in vitro de fato é realizada em animais. Um ano antes, Edwards começara seus estudos com óvulos humanos. O trabalho desses cientistas chegou ao ápice com o nascimento de Louise, fi lha de John e Lesley Brown, que tentavam ter um fi lho havia 9 anos. Estima-se que mais de 1,5 milhão de crianças nasceram até hoje graçasà fertilização in vitro.