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Quem descobriu a Antártida? Há controvérsias.

Ao contrário da América, que já estava repleta de nativos quando os europeus chegaram, a Antártida foi "descoberta" para valer no século 19. Russos e britânicos ainda disputam a primazia.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 21 ago 2020, 11h03 - Publicado em 3 fev 2020, 18h43

A Antártida nasceu como uma lenda – um lugar que só existia na imaginação. Desde o século 5, há registros de especulações sobre uma possível massa de terra no extremo sul do planeta. Alguns teóricos pensavam que seria necessário uma área sólida lá para “equilibrar” a massa do hemisfério Norte.

Mas foi só muito depois que as buscas pela chamada Terra Australis Incognita (“Terra do Sul desconhecida”) de fato começaram, quando a Europa já havia tido contato com todos os outros continentes do mundo.

Uma das jornadas mais conhecidas foi a do capitão James Cook. O britânico tem um currículo notável. Foi o primeiro europeu a encontrar a Austrália (que ganhou esse nome justamente por causa da lendária Terra Australis Incognita) – além de chegar nas ilhas do Havaí e de ter navegado ao redor da Nova Zelândia.

Mas ele mesmo imaginava que não tinha chegado a Terra Australis Incognita para valer: ela deveria ficar mais embaixo. E tratou de tentar descobri-la também: entre 1772 e 1775, sua expedição procurou pelo continente austral. Cook chegou a adentrar o Círculo Polar Antártico, mas desistiu antes de avistar a terra firme de fato. Hoje, estima-se que ele chegou a ficar entre 120 e 200 quilômetros da costa do continente em determinado momento da sua jornada.

Demorou quase meio século para alguém ter sucesso no que Cook havia falhado. Em 27 de janeiro de 1820, uma expedição russa liderada Fabian von Bellingshausen chegou a apenas 30 km do continente. Bellingshausen relatou ver o que parecia ser “uma área sólida de gelo” que se estendia no horizonte. Ele não sabia na hora, mas o que estava à sua frente era parte da placa de gelo ligada à chamada Terra da Rainha Maud, um território da Antártida que hoje é reclamado pela Noruega.

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Apenas três dias depois, o explorador britânico Edward Bransfield avistou um pedaço da Península Antártica, no norte do continente.

Apesar de curta, a diferença temporal entre as observações é evidente. Mas Bellingshausen não levou os créditos por sua descoberta. Isso porque a tradução para o inglês e a edição do artigo científico contendo seu relato não foi lá das melhores, e, mais tarde, historiadores entenderam que ele não tinha certeza de que havia visto terra firme, por conta da neve grossa que caía. 

E assim Bransfield entrou para a história como o descobridor do continente – no sentido literal mesmo, porque, ao contrário de outras terras colonizadas pelos Europeus, a Antártida nunca tinha sido avistada por outro ser humano (exceto por Bellingshausen! mas ninguém sabia na época).

Foi só depois de 1950 que as provas começaram a ser revisitadas e Bellingshausen passou a ser considerado como o descobridor da Antártida. Mas o estrago estava feito: até hoje há controvérsias sobre se o relato do russo deve ou não ser levado em conta.

(Scott Polar Research Institute, University of Cambridge/Getty Images)

Os britânicos, obviamente, ainda querem os louros e tendem a ignorar a controvérsia. Recentemente, por exemplo, o governo da Irlanda homenageou Bransfield pelos 200 anos de sua “descoberta” do continente – sim, a Irlanda não é britânica, mas Bransfield nasceu lá.

Ainda dá para polemizar mais e colocar um terceiro país na discussão. Alguns consideram que somente ver um continente não é o suficiente para descobri-lo – você precisa pisar na terra firme. Nesse caso, a primeira pessoa que parece ter colocado os pés na Antártida foi o americano John Davis, em 1821, um ano após seu avistamento. Mas alguns historiadores também duvidam da veracidade de seu relato. Ou seja, uma bagunça histórica total.

De qualquer forma, a Antártida continuaria ser um ambiente misterioso mesmo depois de ser descoberta. No século final do século 19 e começo do 20, inaugurou-se o que hoje é chamado de “Idade Heroica da Exploração da Antártida”: uma época de intensas explorações, de diversos países, no coração do continente gelado. Foi nesse período que o polo sul magnético e o polo geográfico foram encontrados pelos humanos, por exemplo.

E mesmo dois séculos depois a Antártida continua a revelar mistérios que vão de neutrinos ultra energéticos ao aquecimento global – de certa forma, ela continua sendo uma espécie de Terra Incognita.

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