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Quem foi? Gilles de Rais, o barão comedor de criancinhas

Gilles de Rais lutou com Joana D´Arc contra os ingleses, mas caiu em desgraça por causa de seus hábitos alimentares

Por Álvaro Oppermann
Atualizado em 31 out 2016, 18h25 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

 

Em 1432, os aldeões de Machecoul, na Bretanha Francesa, estavam amedrontados. Suas crianças estavam desaparecendo nos bosques: primeiro havia sido o filho do ferreiro, seguido de mais 5. Nas tavernas, entre goles de vinho, suspeitava-se de duendes malignos e javalis de olhos de fogo. Já os céticos tinham um suspeito mais real: o mandachuva da região, o barão Gilles de Rais.

“Blasfêmia”, dizia o povão. Aos 28 anos, o barão era um herói nacional, ajudara a libertar a cidade de Orléans dos ingleses e, acima de tudo, lutara com a heroína e santa Joana D’Arc. É verdade que, desde a morte de Joana – queimada pela Igreja na fogueira em 1431 – Gilles andava meio esquisito, isolando-se em seu castelo e cultivando uma fama de mau. “Com Joana, foi-se a parte boa de mim. Sobrou meu lado escuro”, teria dito.

Pois bem, os céticos tinham razão: Gilles comia criancinhas (no sentido sexual) e, depois de matá-las, se alimentava de sua carne. O barão atraía as crianças para o seu castelo com promessas de presentes. Servia-lhes um belo jantar e, após a sobremesa, levava-as para uma sala secreta.

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Lá, pendurados por um gancho, os jovens sofriam violência sexual, sendo estripados vivos logo depois e então fatiados, preparados e servidos para os presentes. Sim, as refeições canibais não eram solitárias: para realizar seus feitos, Gilles contava com o auxílio de dois primos, uma governanta chamada Poitou, um falsário italiano gay e o padre local, entusiasta da magia negra.

As mortes – mais de 40 – começaram a dar na vista. Durante uma caçada, dois nobres chegaram a ver Poitou enterrando os pedaços de uma vítima. Mas, devido ao prestígio do assassino, “uma muralha de silêncio foi erigida”, escreveu o historiador Jean Benedetti em A Vida de Gilles de Rais.

Em 1440, porém, Gilles teve a má ideia de brigar com o clero francês. Lelé da cuca, invadiu uma igreja em plena missa e sequestrou o padre. Num caso desses, até um nobre herói de guerra era chamado para prestar esclarecimentos. Eis que o bispo de Nantes, encarregado do processo, trouxe à baila a história das crianças desaparecidas. Foi autorizada a tortura de Gilles, mas nem foi preciso. Pressionado, o barão confessou tudo, sendo enforcado e queimado. A saber: a governanta e o italiano também foram para a forca, os primos fugiram e o padre foi inocentado.

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Caso encerrado? Mais ou menos. Apesar de nenhum historiador questionar a culpa do barão, é de estranhar a desenvoltura com que ele levou a cabo seus atos macabros. Alguns levantam a hipótese de que, além de Gilles, havia mais gente graúda envolvida. Mas esse mistério foi para a forca junto com o barão.

Grandes momentos
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– Depois da matar as crianças, Gilles as beijava, e muitas vezes abria o cadáver para admirar os órgãos internos da vítima. Gargalhava ao vê-las morrer. “Nesses atos, não procurei senão o meu prazer carnal”, confessou.

– Gilles de Rais serviu de modelo para o personagem Barba-Azul, de Charles Perrault – aquele que matava as esposas. Gilles casou uma única vez: quando ela deu à luz uma menina, abandonou a mãe em uma masmorra.

-No século 21, Gilles virou figura pop. No game Castlevania: Legacy of Darkness, ele é o principal vilão.

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