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Restos mortais de nove neandertais são encontrados em caverna italiana

As evidências sugerem que estes humanos ancestrais foram caçados por hienas da Idade da Pedra e arrastados até o local para virar comida.

Por Carolina Fioratti
10 Maio 2021, 18h01

No último sábado (8), pesquisadores da Superintendência Arqueológica de Frosinone e Latina e da Universidade de Tor Vergata, em Roma, anunciaram a descoberta de restos mortais de nove neandertais: sete homens adultos, uma mulher adulta e uma criança do sexo masculino. As ossadas, que incluem mandíbulas e calotas cranianas, estavam na Gruta Guattari, uma caverna localizada ao sul da capital italiana.

A Gruta Guattari tem uma história curiosa. Ela ganhou notoriedade em 1939, quando ossos de neandertais foram encontrados em seu interior pela primeira vez. Na época, orifícios encontrados no crânio destes humanos ancestrais levaram os pesquisadores a acreditarem que os neandertais eram canibais, mantendo o hábito de furar a cabeça de suas vítimas para se alimentar de seu cérebro. 

Agora, essa teoria parece ter caído por terra. A Gruta Guattari deixou de ser explorada em 1950, permanecendo intocada desde então. Os arqueólogos só voltaram ao local em outubro de 2019, em uma expedição na qual os profissionais encontraram ossos de animais com sinais de que foram roídos por hienas ancestrais. De acordo com os pesquisadores, estes mamíferos utilizavam a toca como uma espécie de despensa – guardando, inclusive, restos de neandertais. 

Os arqueólogos italianos sugerem que as hienas podem ter caçado estes humanos e os levado até a caverna. Lá, elas teriam mordido seus ossos até causar perfurações, como a vista no crânio encontrado em 1939. Os humanos, principalmente os mais velhos e doentes, parecem ter sido presas perfeitas para estes animais. Fora os ossos de neandertais, havia também restos mortais de rinocerontes, elefantes, cavalos selvagens e das próprias hienas.

Não pense que os nove neandertais andavam em grupo quando foram predados. As datações mostram que, na verdade, oito deles viveram entre 50 e 65 mil anos atrás; o outro, entre 90 e 100 mil anos. 

Até o momento, os cientistas conseguiram realizar uma análise preliminar do tártaro dentário destes humanos. Os resultados revelam que eles tinham uma dieta variada, consumindo principalmente cereais que, de acordo com os especialistas, contribuíam para o crescimento do cérebro.

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Os responsáveis pela escavação acreditam que os achados atuais, quando combinados ao crânio do passado, tornam a caverna um dos sítios paleolíticos mais importantes da Europa e do mundo. O local foi bem preservado graças a um deslizamento de terra que fechou sua entrada durante a pré-história. A passagem foi reaberta há 80 anos, e áreas antes inexploradas puderam ser percorridas dentro dos últimos 20 meses.

Os neandertais surgiram na Europa há 400 mil anos. Ao contrário do que se pensa, eles não eram homens completamente primitivos. Na verdade, eram bem parecidos conosco, tendo 99,7% de genes em comum com o Homo sapiens. O cérebro deles era ligeiramente maior, e há indícios de que eles produziam arte e se comunicavam por voz, assim como nós. O Homo neanderthalensis chegou a conviver ao mesmo tempo que os humanos modernos, mas foi extinto há cerca de 40 mil anos, após o Homo sapiens dominar o território.

Agora, os pesquisadores italianos pretendem realizar um estudo aprofundado dos fósseis, examinando o DNA dos neandertais da caverna e desvendando mais detalhes sobre seu modo de vida.

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