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Tempos heróicos

No início, as câmeras eram iguais às do cinema e os programas imitavam o rádio.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h11 - Publicado em 30 nov 1999, 22h00

Maria Fernanda Vomero

Quando a televisão estreou no Brasil, no dia 18 de setembro de 1950, uma das dificuldades era a de explicar à população o que era aquilo. Os jornais do empresário paraibano Assis Chateaubriand (1892-1968), dono da primeira emissora brasileira, a TV Tupi, anunciavam a chegada do “cinema a domicílio”. A inexperiência tornou as primeiras transmissões uma mera cópia de programas bem-sucedidos no rádio e no teatro, como as novelas radiofônicas. “Não se sabia ainda lidar com a possibilidade de unir áudio com imagem”, conta Maurício Valim, diretor de programas da TV Cultura, de São Paulo. O primeiro telejornal exibido na Tupi de São Paulo, o Imagens do Dia, tinha apenas duas pessoas na equipe – um repórter que fazia as vezes de redator e um cinegrafista. Hoje, um programa como o Jornal Nacional envolve cerca de quinhentos profissionais em todo o país e no exterior, entre jornalistas, câmeras, técnicos e assistentes.

Nos primeiros tempos da TV, as reportagens de rua eram feitas com câmeras de cinema de 16 milímetros. Na inauguração de Brasília, em 1960, os telespectadores tiveram de esperar 12 horas pelas imagens, o tempo necessário para revelar e montar o filme. A televisão somente descobriu sua linguagem própria em meados da década de 60, quando as fitas de cinema e a programação ao vivo foram substituídas pelo videoteipe. “A linguagem da TV se baseia hoje, essencialmente, na eficiência, na concisão e na agilidade”, diz Valim.

Palanque eletrônico

A televisão enterrou os comícios eleitorais. Os candidatos, no mundo todo, preferem apostar na TV, que atinge uma quantidade de eleitores infinitamente maior do que as reuniões em praça pública. O marketing político provou sua importância nas eleições presidenciais americanas de 1960. John Kennedy, jovem e bonito, maquiou-se antes do debate decisivo e foi instruído a olhar para a câmera como se conversasse com cada um dos telespectadores. Já seu rival Richard Nixon não encarava a câmera, o que lhe fazia parecer antipático. Estava sem maquiagem e, para piorar, com a barba por fazer. O descuido lhe custou a eleição.

Os caminhos da notícia

Conheça os bastidores do telejornalismo.

COLETANDO A INFORMAÇÃO

A equipe de reportagem vai à rua seguindo as orientações da pauta – um roteiro elaborado previamente pelos editores do telejornal. Em geral, são apenas três profissionais: o jornalista, o cinegrafista e o assistente. A equipe faz as entrevistas e registra as imagens. Só uma pequena parte das cenas gravadas aparecerá na reportagem que irá ao ar.

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O MUNDO NUMA ILHA

A fitas magnéticas com o material bruto vão para a redação. O editor de texto assiste à gravação, lê o relatório do repórter e elabora um script, com a seqüência ideal da matéria. Vai, então, para a ilha de edição, local onde estão os equipamentos necessários ao corte e à montagem da reportagem para que tenha a duração adequada. O áudio (som) das cenas e do texto do repórter são inseridos por último, em lugares previamente determinados.

TUDO B CONTROLE

No horário exato, o telejornal está no ar. Tudo o que vai para a telinha passa antes pela mesa de controle – o switcher. Lá estão guardados os videoteipes das reportagens. No switcher, o editor seleciona as melhores imagens e determina o lugar exato dos cortes. Os apresentadores lêem, no ar, os textos exibidos no teleprompter, uma espécie de tela instalada atrás das câmeras. Um apresentador experiente consegue fazer isso com tanta desenvoltura que nem parece estar lendo.

AO VIVO NO AR

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Quando alguma notícia é tão urgente que não pode esperar pelo horário do telejornal (um acidente grave, por exemplo), a emissora interrompe sua programação para que os repórteres dêem as informações direto do local dos fatos. A partir de um helicóptero ou de um carro com uma antena é possível transmitir os sinais para as emissoras. As entradas ao vivo também servem para dar aos telejornais uma impressão de atualidade, mesmo que as notícias não sejam sensacionais.

As populares garotas-propaganda foram as pioneiras da publicidade na TV. Eram moças que entravam ao vivo nos intervalos dos programas para anunciar produtos, de sabonetes a automóveis. Mas nem sempre os produtos, na hora de serem demonstrados, funcionavam

O Repórter Esso, “testemunha ocular da História”, foi o noticiário de maior sucesso na televisão brasileira entre 1953 e 1970. Transmitido pelos Diários Associados, a rede liderada pela TV Tupi, seguia a linguagem do jornalismo radiofônico, com um locutor parado lendo as notícias

A revolução do videoteipe

Antes do videoteipe, tecnologia que permite armazenar som e imagens numa fita magnética, toda a programação era ao vivo, com direito a gafes e improvisos. Um dos maiores sucessos da fase inicial da televisão, O Céu é o Limite, era produzido e levado ao ar simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, com apresentadores diferentes. A chegada do videoteipe, em meados da década de 60, instituiu um novo padrão de acabamento nos programas e nas novelas. As cenas passaram a ser repetidas e editadas. As imagens, gravadas com antecedência, podiam ser exibidas ao mesmo tempo em lugares diferentes do país. Surgiram as redes nacionais de emissoras – e a TV brasileira começou a desenvolver sua linguagem específica, afastando-se do rádio, do teatro e do cinema.

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