Adriano Silva
Depois de 28 anos, nada envelheceu: a história envolvente, os efeitos poderosos, os sustos, o medo fundo, as atuações perfeitas. Obra clássica, perene: O Exorcista está para a cinematografia de terror como Sófocles e Shakespeare estão para a literatura. Max Von Sydow, no papel do padre Lankester Merrin, um exorcista cansado de guerra, está fantástico. O filme é o que é porque se mantém fiel ao maravilhoso livro homônimo que lhe dá origem – um quitute literário de William Peter Blatty que, aliás, precisa ser urgentemente reeditado no Brasil. A história da possessão da menina Regan MacNeil é a idéia da vida de Blatty (um homem não precisa ter mais do que uma idéia estupenda. Precisa ter uma). O Exorcista é também o filme da vida do diretor William Friedkin. A versão que chega agora aos cinemas, remontada por ele, traz 11 minutos inéditos, entre eles uma seqüência aterradora. Para quem ainda não viu, dois avisos. O primeiro: você nunca mais vai olhar para um creme de ervilhas do mesmo jeito. O segundo: deixar de assistir é sacrilégio.