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Xamanismo – Fé ancestral

Há crenças xamânicas em todas as culturas, da Sibéria à floresta Amazônica. Elas usam a natureza para abrir o caminho espiritual que leva a Deus

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h35 - Publicado em 18 fev 2011, 22h00

Texto Álvaro Oppermann

“Tome, caballero”, disse a velha índia ao jornalista americano Terence McKenna. Era 1981 e a cena se passava numa cidadezinha remota, em plena selva peruana. McKenna segurou o pequeno copo de barro, ignorou a aparência repugnante da bebida dentro dele e sorveu o líquido devagar. Em pouco tempo, seus lábios estavam adormecidos. Sentiu sono e cerrou os olhos. Depois de alguns minutos, uma luz se acendeu dentro do cérebro – e ele enxergou um caudaloso rio feito de fachos de luz. “Não sei o que vi, mas parecia Deus”, confessou o jornalista, que mais tarde escreveria o livro Food of the Gods – A Radical History of Drugs, Plants and Human Evolution (“Alimento dos Deuses – Uma História Radical de Drogas, Plantas e Evolução Humana”, inédito no Brasil).

A experiência mística descrita acima é típica de um ritual xamânico. Parece coisa de índio da Amazônia, não? E é mesmo, mas não só de índio. Segundo a Encyclopedia of Religion and Nature (“Enciclopédia de Religião e Natureza”, sem tradução para o português), o xamanismo está presente em todas as culturas. “Existem xamãs na África, na Sibéria, no Extremo Oriente, nas Américas… Em todo lugar”, diz o antropólogo americano Michael Harner, criador da Fundação para Estudos Xamânicos, na Califórnia, EUA.

Alucinógeno não: enteógeno

A neurologia e a psiquiatria, entre outros ramos da ciência moderna, são cautelosas – para dizer o mínimo – ao analisar a natureza dos efeitos provocados por substâncias como a ayahuasca (bebida preparada com plantas amazônicas) ou a mescalina (feita a partir de um cacto mexicano). Mas isso não tira o fascínio da coisa. Nas palavras do romeno Mircea Eliade, autor de Tratado de História das Religiões (Editora Martins Fontes), o xamanismo é a técnica arcaica da busca do êxtase. “Ao contemplar a natureza, o homem primordial perguntava-se se não havia um espírito sagrado por trás dela”, diz o inglês Phil Hine, especialista em práticas xamânicas e ocultismo. “Ele intuía a existência de um elo sagrado entre o exterior natural e o interior humano – uma face visível do espírito.”

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Para criar uma ponte entre Deus e o ser humano, os xamãs se valem de diversos meios: jejuns, meditação, retiros espirituais , entre muitos outros. O mais poderoso, no entanto, sempre foi a ingestão de substâncias vegetais. Alucinógenas? A maioria dos usuários não gosta desse adjetivo. O termo correto seria “enteógeno”, já que a ingestão acontece em rituais religiosos e se presta a estabelecer uma conexão com o sagrado. O movimento ganhou nome – vegetalismo – e está representado no Brasil por várias organizações, entre as quais se destacam Santo Daime, União do Vegetal e Natureza Divina.

Para saber mais

• Food of the Gods (em inglês)
Terence McKenna, Bantam Books, 1993.

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