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A cura da terra pela terra

Um projeto inovador propõe a utilização de pó de rocha para fertilizar a terra, ajudando na reciclagem de entulho de pedreiras e minerações. Além disso, é uma solução perfeita para o pequeno produtor, como os agricultores do programa de reforma agrária

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 30 jun 2003, 22h00

Lauro Henriques Jr., de João Pinheiro, MG

Na chegada ao assentamento Fruta D’Anta, no município de João Pinheiro, em Minas Gerais, estranhamos a presença de uma guarita abandonada na entrada. Logo saberíamos o porquê. Ninguém menos do que o braço direito do mafioso italiano Tomazzo Buschetta era o dono daquelas terras, desapropriadas pelo Incra em 1986. E foi justamente lá, no assentamento, que a equipe da Super conheceu de perto um projeto que, ao criar um modelo natural de fertilização da terra, apresenta uma alternativa viável para o meio ambiente e para o pequeno produtor rural.

Chamado de rochagem, o processo consiste na fertilização do solo pela adição de pó de rocha na terra. Nada de químicos. Simplesmente a terra fertilizando a terra. E o que é melhor: com um custo quase 20 vezes menor do que a aplicação de insumos convencionais – afinal, para obter o pó de rocha é só estender as mãos para o chão. Além de todas as regiões brasileiras contarem com depósitos de rocha vulcânica – rica em nutrientes –, o programa encontrou uma solução perfeita: a reciclagem de rejeitos de minerações e pedreiras, responsáveis por impactos ambientais por todo o país. E tem mais. As lavouras adubadas com o pó de rocha têm uma produtividade maior, com plantas mais desenvolvidas e resistentes a pragas.

Natural, eficaz e, principalmente, mais barato, o projeto tem outra vantagem: ajuda a garantir a sobrevivência da agricultura familiar, que responde pela maioria dos estabelecimentos rurais no país. “É a solução ideal para o pequeno agricultor, especialmente para os programas de reforma agrária. A maioria dos assentamentos está em terras degradadas, que geralmente são improdutivas e, por isso, desapropriadas”, diz a geóloga Suzi Huff Theodoro, coordenadora do projeto e pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília.

A história toda começou em 1997, quando 20 famílias do assentamento resolveram apostar na idéia. “Ficou uma beleza. Colhi 40 sacas de milho. Antes, eram só umas 25”, afirma o agricultor Nascimento Borges de Mendonça, de 56 anos. Com o tempo, os produtores também foram se conscientizando do ganho ambiental e da importância de se produzir em equilíbrio com a natureza. Como no caso de Manoel Nunes do Prado, o seu Manoelzinho, de 69 anos. Depois de pôr abaixo a vegetação nativa de seu lote para dar lugar a pastos – e penar com um solo a cada dia mais empobrecido –, ele aprendeu que é possível lidar com a terra sem ser preciso esgotá-la. “Só usávamos esses químicos porque não havia outra opção. O que queremos é ter uma vida saudável”, diz ele. “Eu não tinha fé com a terra e, hoje, me sinto muito orgulhoso com o que consegui.”

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