A piranha não poupa nem os filhos
Quando o leito dos rios amazônicos encolhe, deixando as dentuças encurraladas em lagoas rasas, elas se tornam presas fáceis para seus inimigos jacarés.
Todo caboclo brasileiro sabe que em rio que tem piranha jacaré nada de costas. Não é por acaso que as piranhas (Serrasalmus nattereri) têm fama de predadoras. Os bebês piranha já saem dos ovos cravando os dentes afiados em pequenos crustáceos e plantas aquáticas que encontram pela frente. E podem ser devorados pelos próprios pais, já que na hora da fome as piranhas avançam em tudo o que se mexer ao redor. Elas vivem em rios, represas e lagoas da América do Sul e costumam caçar em cardumes de até 100 peixes. Seu olfato apurado é capaz de perceber, numa fração de segundo, quando um animal machucado entra na água. Se estiverem com fome, as piranhas começam então a devorar o bicho ainda vivo, num espetáculo tenebroso em que a água, tingida de sangue, parece borbulhar. Em pouco minutos, sobram apenas os ossos. Nos tempos de seca, porém, a situação se inverte. Quando o leito dos rios amazônicos encolhe, deixando as dentuças encurraladas em lagoas rasas, elas se tornam presas fáceis para seus inimigos jacarés.