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Amazônia

A rainha de todas as florestas

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 30 set 2004, 22h00

Embora o planeta inteiro fique de olho na Amazônia, andar no meio dela é desafio para poucos. Além da beleza, da magnitude e do exotismo, a floresta impõe a força de seu aspecto selvagem não só pelo tamanho, mas pelas mudanças bruscas de luminosidade, quantidade de sons bizarros em diversos momentos do dia, visibilidade complicada, perigos. Por dentro é um mundo aparentemente homogêneo, uma massa de verde que se altera com a escuridão das sombras. As árvores estão muito próximas, observa-se só o que está perto, não é como andar num campo ou numa praia. Um quati pode pular na sua frente, um bando de porcos selvagens virem em bando. Galhos caem, insetos aparecem. Faz um calor de até 40º C. Chove muito. Aventura incrível para alguns, ambiente inóspito para outros, a Amazônia é um santuário complexo, exuberante e necessário para a vida de todos.

Ocupa mais da metade da área do Brasil, que possui 67% da Amazônia em seu território. O bioma alarga-se pelos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Amapá, Pará, Roraima, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. O restante está em vários países: Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Equador. A América do Sul é a região mais rica da terra em biodiversidade só por causa da Amazônia.

Vista de cima, a paisagem é completamente irregular. A vegetação vai de pedaços de cerrados a verdadeiras savanas, passando até por pedaços de pequenas praias de rios e circundando cachoeiras inesperadas. Em linhas gerais, a floresta divide-se em terra firme e alagada e tem o aspecto de um composto de ilhas separadas entre si por grandes ou pequenos rios. Cada um desses pedacinhos ainda pode ser cortado por igarapés – riachos menores, alguns têm quase a largura de uma canoa. Na floresta de terra firme, as árvores de até 50 metros de altura lembram a paisagem da mata Atlântica. Mais abaixo da altura dessas árvores há palmeiras e cipós.

É mais fácil andar numa floresta conservada do que numa regenerada. Nas florestas secundárias, revividas de um desmatamento, é mais difícil penetrar porque arbustos e emaranhados de galhos novos impedem a passagem. Na floresta antiga, basta caminhar com um facão na mão para cortar os cipós pela frente. Aliás, até os cipós, tipo de planta que começa a vida na terra e se apóia em suportes para chegar a grandes alturas, viraram objeto de estudo. Para as áreas de extração de madeira, são considerados pragas. Mas ajudam os macacos e preguiças a se locomover entre as árvores, produzem flores bonitas e têm função medicinal. Pena que não é fácil ver macacos pendurados em cipó. Na verdade, é fantasia imaginar na Amazônia um festival de bichos à mercê dos olhares de quem chega por ali. Há momento e lugares certos para observar a fauna.

Nas terras alagadas, por exemplo, ninguém vai encontrar muitos macacos. Essa parte da Amazônia sofre enchentes entre março e setembro, quando os capins se destacam do solo e bóiam na superfície d’água, com as vitórias-régias. Os mamíferos mais presentes nessas áreas são as antas e as capivaras, ótimos nadadores. As águas dos rios também são diferentes entre si. Turistas lotam os barcos para ver o fenômeno de encontro das águas escuras do rio Negro com a água turva do Solimões.

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Os macacos estão aos montes na terra firme. Não necessariamente em terra. No chão é mais fácil encontrar sapos, pererecas e formigas gigantes. Animal considerado um dos principais símbolos da Amazônia, há mais de 100 espécies de macaco. Para vê-los, é melhor esticar o pescoço. De comportamento arisco, dificultam a aproximação dos pesquisadores, escondendo-se e pulando entre os galhos das árvores de 30 a 50 metros de altura. Dividem o espaço com papagaios, tucanos, pica-paus, pavões etc. Sempre a dezenas de metros de altura do chão, onde está a grande diversidade animal, para tristeza dos curiosos.

Um dos espetáculos mais incríveis da vivência na floresta Amazônica, porém, pode ser apreciado de olhos fechados: o barulho dos bichos que sobressai aos sons do vento nas folhas e o estalar dos galhos. Os sons da noite são diferentes dos do dia, e as aves são os bichos mais barulhentos. As diurnas mostram mais tipos de canto, caóticos e ritmados, a partir das 5 da manhã, depois de os bichos da noite se calarem. Aves noturnas são, entre outras, corujas e bacuraus, de canto mais simples e agudo, que aparecem ao cair da tarde. O pico da barulheira é por volta das 9 da manhã. Desse horário em diante, a temperatura esquenta e, de repente, um intrigante silêncio invade a mata, durando mais de três horas. Provavelmente, os bichos fogem do calor, para se alimentar e cuidar de suas crias.

A despeito da dificuldade em lidar com a mata e o pesadelo do desmatamento, a população sobrevive em pequenas cidades ou conglomerados na beira dos rios. O ribeirinho usa a canoa para movimentar-se, vive de caça e pesca e mantém viva uma cultura cabocla de folclores religiosos e pagãos.

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Índios geralmente habitam aldeias ao longo dos rios e abrem trilhas que seus pés descalços percorrem com facilidade. Algumas comunidades entraram em contato com a sociedade nacional (estudiosos preferem chamar assim os “não-índios”), mas felizmente se estima dezenas de comunidades ainda selvagens. Ou, como no caso dos zo’és, indígenas que são protegidos pela Funai e vivem em estado praticamente isolado (à custa de muito trabalho por parte dos indigenistas). Esses índios, como ocorre com muitas tribos amazônicas, andavam vestidos e trabalhavam para o governo. A Funai lhes ajudou a retomar na medida do possível os hábitos genuínos da tribo, que nunca viu televisão e pouco sabe do que se passa além dos limites da mata. Quando os colonizadores europeus chegaram na região, nos idos do século 16, milhões de índios viviam lá. Até o fim da década de 40, quatro séculos depois, não houve interferência humana na paisagem vegetal. Depois dessa data, muito foi destruído, até mesmo as tribos. Sobraram poucos dos selvagens moradores mais respeitosos da Amazônia.

Área total – 6 683 926 km²

Área intacta – 80%

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Área protegida – 8,3%

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Conservação e ameaça

Infelizmente, o jeito com que as pessoas mais olham a Amazônia não é de cima ou de baixo: mas de fora. As ameaças a esse santuário são tão grandes quanto seu tamanho. O desmatamento continua sendo a pior delas. Em 2003, foi registrado o segundo maior da história da Amazônia: 23750 quilômetros quadrados. Na parte brasileira. Já foram desmatados nada menos que 652908 quilômetros quadrados dentro do país. É uma situação bastante grave. Empresas de alto porte investem pesado milhões de dólares para comprar milhões de hectares com o objetivo de sempre: extrair madeira. As reservas minerais também atraem exploradores de cobre, chumbo, ouro, estanho e outros. O Brasil pouco conseguiu proteger de forma adequada a região dos Carajás. A caça de animais silvestres e a pesca também são motivo de alerta, tanto pelo prejuízo da fauna quanto da flora. Um dos principais grupos envolvidos na prevenção da destruição de algumas regiões da floresta são os índios, que cuidam de 397 reservas indígenas, 24,4% da Amazônia brasileira. Os kayapós são os mais engajados. O governo brasileiro, depois que recebeu a notícia do crescimento de 40% do desmatamento, criou um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), que propõe medidas de redução do desmatamento. É uma união de esforços da Presidência da República com os ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Ciência e Tecnologia, da Defesa, do Desenvolvimento Agrário, da Justiça, da Indústria e do Comércio Exterior, da Integração Nacional, das Minas e Energia, dos Transportes e do Trabalho. Ainda existem grandes oportunidades de conservação nesse bioma que deveriam ser aproveitadas ao máximo pelas autoridades.

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