PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Anfíbio em extinção: Sumiço relâmpago

Cientistas queriam estudar a gestação da rã eungellagastric-brooding, que choca seus ovos no estômago. Mas não houve tempo de fazer quase nada

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h05 - Publicado em 31 out 2004, 22h00

Lilian Hirata

Logo após a descoberta da rã Rheobatrachus vitellinus, em janeiro de 1984, no Parque Nacional de Eungella, região centro-leste do Estado de Queensland, na Austrália, foi criado um programa de monitoramento dessa espécie. O objetivo era avaliar até que ponto esse anfíbio corria risco de extinção. Isso porque, três anos antes, um parente próximo, Rheobatrachus silus, havia desaparecido da face da Terra, e os cientistas queriam evitar que a espécie recém-identificada tivesse o mesmo destino. Mas não houve tempo de fazer muita coisa. Pouco mais de um ano depois, em março de 1985, o R. vitellinus deu seu último sinal de vida.

Conhecido pelos nomes populares eungella gastric-brooding frog ou então northern gastric-brooding frog (em português, seria algo como “rã incubadora gástrica do norte”), o R. vitellinus tinha um curioso processo de reprodução, similar ao do R. silus. Ambas as espécies engoliam seus ovos fertilizados, interrompiam o funcionamento do sistema digestivo e chocavam os ovos no estômago. A barriga da rã ficava tão cheia de girinos que mal conseguia inflar os pulmões de ar. Após seis a sete semanas de incubação, a rã regurgitava os filhotes pela boca. Nessa hora, permanecia com a boca bem aberta para facilitar a saída dos rebentos. Na única vez que o espetáculo do nascimento foi testemunhado, durou 34 horas.

O R. vitellinus tinha hábitos noturnos e, por isso, raramente era visto durante o dia. Gostava de ficar submerso na água somente com os olhos para fora. Sua coloração era marrom opaca, com manchas escuras ao longo do corpo. Pareciam pequenos pontos flutuantes, por causa de seu tamanho: a fêmea media de 42 a 58 milímetros e o macho, de 47 a 83 milímetros. Circulava entre as rochas dentro da água. Dali tirava seu alimento, capturando pequenos insetos e larvas.

As causas de sua extinção não são conhecidas. A teoria mais recente aponta o fungo Chytridiomycota como responsável pelo sumiço da rã. O fungo pode ter sido introduzido no habitat por meio de peixes migratórios, pássaros e insetos aquáticos. Alguns cientistas acreditam que a resistência do anfíbio foi sendo minada por mudanças climáticas provocadas pelo efeito estufa e pela contaminação das águas pela atividade da mineração.

Continua após a publicidade

Eungella Gastric-Brooding Frog

Nome científico: Rheobatrachus vitellinus

Ano da extinção: 1985

Continua após a publicidade

Habitat: centro-leste de Queensland, Austrália

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.